Quando a corrupção abunda

Por Glauco Lima

1000736_10151761466612992_126822055_nObservando os noticiários nos deparamos com a informação de que os organizadores do Miss Bumbum Brasil resolveram se pronunciar após surgirem rumores de uma suposta fraude no concurso. A organização do disputadíssimo Miss Bumbum Brasil declara que as notícias que estão saindo a respeito das possíveis compras do primeiro e segundo lugar não procedem. Embora pareça noticiário de futilidades desprezíveis, essa suspeita de maracutaia em tão pitoresco certame, une duas mais maiores preferências nacionais: a bunda e a corrupção. Essa suspeita vem confirmar mais um vez que a corrupção não está restrita a políticos e gestores públicos. É algo disseminado em toda vida brasileira, em todas as partes do corpo social e, percebe-se agora, chega até o tão sagrado, venerado e endeusado bumbum. Fico a imaginar as negociatas, as ações de corruptos e corruptores, trabalhando na surdina, no traseiro, apalpando nádegas para adulteraram o resultado do concurso.

Como deve ter sido a abordagem aos jurados? Quantos cachês siliconados, que tipo de propina e sabe-se lá quantas acusações de “bunda-mole” para quem não topou entrar no esquema. É, parece que a corrupção cruzou a fronteira mais sagrada da vida nacional. Está passando a mão na nossa bunda. Enquanto nos parlamentos e tribunais o debate se intensifica para moralizar a relação público-privado, nos micro e mega fatos do cotidiano a corrupção cresce como uma bunda anabolizada. Agora, ou o Brasil se levanta para evitar que essa desgraça nos faça de bundões, acreditando ser o melhor bumbum aquele que não é; ou aceita que a corrupção não tem mais jeito e vamos todos aceitar qualquer coisas que nos metam bumbum adentro.

Cruzeiro pode garantir título nas próximas 2 rodadas

marcelo-oliveira-cruzeiro-esporte-clube-28082013Mesmo com a oscilação nas últimas cinco rodadas, o Cruzeiro tem a maior vantagem na liderança em relação ao segundo colocado a sete rodadas do fim do Campeonato Brasileiro desde 2003, quando a competição passou a ser disputada por pontos corridos. Com a vitória sobre o Criciúma por 5 a 3 no último sábado, a equipe mineira chegou a 65 pontos, contra 53 de Botafogo, segundo colocado, e Grêmio, atualmente em terceiro, que foi goleado pelo Coritiba por 4 a 0.

Desde então, a maior vantagem foi do São Paulo na edição de 2007. Após a disputa da 31ª rodada, o time do Morumbi somava 64 pontos –11 a mais do que o Cruzeiro. No final da competição, a equipe paulista ganhou o título com 77 pontos –15 de diferença para o Santos, vice-campeão.

Com a vantagem sobre Botafogo e Grêmio, o Cruzeiro pode sagrar-se campeão do Campeonato Brasileiro daqui duas rodadas. As contas para chegar ao título na 33ª rodada são vitórias sobre Santos, no próximo domingo, na Vila Belmiro, e contra o Grêmio, dia 10, no Mineirão, além de torcer por uma derrota do Botafogo nos dois próximos jogos (Goiás e Inter fora de casa) e um tropeço do Atlético-PR (Inter e São Paulo em casa).

Caso conquiste o título na 33ª rodada, a equipe mineira, treinada por Marcelo Oliveira (foto), será a campeã com a maior antecedência dos pontos corridos. A melhor marca é do São Paulo, que foi campeão na 34ª rodada em 2007. (Da Folha de SP) 

Um “maldito” a serviço do rock

Por Thales de Menezes

01 lou reedFoi anunciada domingo (27) a morte do cantor, compositor e músico norte-americano Lou Reed. Ele tinha 71 anos. Boatos sobre a morte circulavam desde a sexta-feira (25) em redes sociais. Seu agente literário disse que ele morreu de complicações hepáticas. Em abril, Reed foi submetido a um transplante de fígado. Reed deixa um legado de mais de cinco décadas de carreira, construída sem que ele tivesse cedido a qualquer tentativa mais comercial ao produzir letra e música. Falou de temas desagradáveis, às vezes com guitarras ainda mais desagradáveis.

O músico entrou para a história do rock a partir da segunda metade dos anos 1960, quando criou o grupo Velvet Underground, inspiração para o surgimento de várias gerações de bandas do gênero. A banda foi apadrinhada pelo artista plástico Andy Warhol (1928-1987), que usava seu prestígio como mecenas de jovens artistas. As letras de Reed traziam os mesmos personagens dos filmes que Warhol produzia, gente da barra-pesada de Nova York: prostitutas, travestis, traficantes, ladrões e malucos.

Ele manteve carreira solo por mais 30 anos, marcada por discos importantes, radicalismos estéticos e muita rabugice com imprensa e fãs. Costumava desmarcar ou interromper entrevistas e era antipático a abordagens em locais públicos. Seu gênio difícil não impediu – ou talvez tenha até incentivado – um grande culto.

Reed gravou quatro álbuns com o Velvet, entre 1967 e 1970. Depois, seriam lançados discos ao vivo e compilações. De 1972 a 2007, fez 20 discos solo. “Transformer” (1972) virou clássico, com as canções mais adoradas pelos fãs: “Perfect Day”, “Vicious”, “Satellite of Love” e o maior sucesso, “Walk on the Wild Side”.

Nunca se transformou em grande vendedor de discos. Com altos e baixos de popularidade, Reed lançou álbuns que passaram em branco para o grande público. Seu último solo foi “Hudson River Wind Meditations” (2007), com longas faixas para serem usadas como trilha sonora de meditação.

Até chegar a essa fase zen – ultimamente se dedicava ao tai chi -, Reed passou anos no “lado selvagem” da vida, como canta em seu hit. Lewis Allan Reed nasceu em 2 de março de 1942, em Nova York e, ainda adolescente, confessou aos pais que gostava de homens e mulheres. Foi tratado com choques elétricos, experiência citada em várias de suas canções. Em 1961, tocava em bandas e apresentava um programa de jazz em rádio. Três anos depois, conheceu John Cale, virtuoso de muitos instrumentos, e os dois criaram o Velvet Underground.

ÓDIO AOS HIPPIES

O disco de estreia, com a famosa banana desenhada por Warhol na capa, saiu em 1967 e era barulhento e depressivo, completamente diferente do rock psicodélico que tinha então seu auge – Reed odiou até o fim da vida os hippies e Jim Morrison (1943-1971), do Doors, que não era hippie, mas vinha da ensolarada São Francisco. Ao largar o Velvet, foi um dos criadores do andrógino glam rock, com David Bowie e Iggy Pop. Bowie produziu o bem-sucedido “Transformer”, mas Reed pareceu ter medo de começar a agradar.

No disco seguinte, “Berlin”, surpreendeu com orquestra e som agressivo. A busca pelo “desagradável” teve auge em “Metal Machine Music” (1975). Sua última e terceira passagem pelo Brasil, em 2010, foi com uma turnê que retomava esse disco. Tocou mais de uma hora de barulho ininterrupto no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Antes, em 1996 e 2000, mostrou canções aos brasileiros em shows “normais”.

Essas e quase todas as suas turnês nunca apresentavam repertórios constantes. Reed alternava noites em que dava ao público os hits dos álbuns “Velvet Underground & Nico” e “Transformer” com outras em que cantava apenas músicas mais obscuras.

E ele tinha muitas obscuridades. Lançou discos como “Mistrial” (1986) e “Set the Twilight Reeling” (1996), dos quais apenas aqueles fãs mais fervorosos conseguem se lembrar de alguma faixa. Mas pouco sucesso não é sinal de baixa qualidade. A força inabalável de sua poesia está documentada em “Atravessar o Fogo”, edição da Companhia das Letras lançada em 2010 com 310 letras de Reed, em versão bilíngue.

Na última década, se mostrou aberto a colaborações. Por exemplo, canta “Some Kind of Future” no CD “Plastic Beach”, do Gorillaz, projeto de Damon Albarn (Blur). Sua parceria mais badalada foi com o Metallica. Fez letras e cantou em “Lulu”, gravado com o grupo em 2011. Poucos gostaram, mas Reed, claro, não deu a mínima.

VIDA DE CASADO

Fora dos estúdios e dos palcos, Reed vivenciou o inferno de drogas e devassidão de seus versos. Seu grupo de amigos chegava a pagar químicos para a criação de novas drogas – as existentes não eram fortes o bastante. Foi casado com um travesti, Raquel, e pagou aluguel por anos para vários garotos de programa e prostitutas. Reed teria parado de caminhar no lado selvagem nos anos 1990, quando se aproximou da cantora, violinista e artista multimídia americana Laurie Anderson, 66.

Eles mantiveram durante três ou quatro anos um relacionamento aberto, e depois Reed teria parado de encontrar outros parceiros. Quando ele se submeteu ao transplante, Laurie declarou: “Ele estava morrendo. Não acho que ele vá se recuperar totalmente disso, mas certamente ele estará fazendo as coisas dele em breve”.

O mistério da camisa 33

Por Gerson Nogueira

A cada final de temporada a torcida azulina é contemplada com boatos e especulações de todo tipo, quase sempre mirabolantes, talvez como compensação dos dirigentes pelas poucas notícias boas de verdade. O saldo, porém, é quase sempre negativo, pois criar ilusões resulta sempre em grande frustração. Quem não recorda daqueles projetos de trazer um jogador famoso, que desceria de helicóptero no Baenão lotado, no começo deste ano? Pura potoca.

bol_seg_281013_23.psDesta vez, porém, a diretoria parece concentrada em torno de um projeto bem estruturado, que visa dotar o time atual de pelo menos cinco peças de alto nível. O plano inicial é contratar um atleta com densidade e currículo para ser herói da massa remista. Ele irá vestir a camisa de número 33, que simboliza a longa invencibilidade sobre o Paissandu, até hoje cantada em prosa e verso pelos azulinos.
Antes da Série D deste ano, quando o Remo ainda sonhava em obter a vaga, chegou a ser firmado um pré-contrato com o meia Eduardo Ramos, do Paissandu. O próprio jogador confirmou a negociação em entrevista à Rádio Clube. Tudo caiu por terra com a barração do clube no campeonato, após insistentes e desgastantes tratativas com cartolas rondonienses. Os entendimentos com Ramos podem ter sido suspensos, mas a diretoria passou a buscar alternativas em outras praças e até em outros países. Falou-se em Túlio Maravilha e Loco Abreu. Desde a semana passada, a bola da vez é Herrera, também ex-jogador do Botafogo, que atualmente joga fora do Brasil. Há garantia, por parte de fontes da diretoria, que o argentino foi contatado e teria aceitado vestir a tal camisa 33 do Remo.

Com base na paixão e no fanatismo da torcida, responsável por recordes de público na Copa do Brasil Sub-20 e nos últimos campeonatos estaduais, a diretoria contabiliza por antecipação um faturamento de R$ 3 milhões com a venda das primeiras 20 mil camisas (a R$ 150,00 a unidade).
Ninguém ligado ao jogador confirmou o acerto, mas a notícia já circula nas redes sociais e a diretoria não nega, nem confirma, por enquanto. Enquanto isso, outros nomes começam a ser especulados. É o caso de Zé Soares, ponta arisco e driblador que defendeu o Remo em 2006/2007, mas que anda meio esquecido no futebol ucraniano.
Outros jogadores muito citados são Wellington Saci, Danilo Rios, Bismarck e Pimentinha, ex-Sampaio Corrêa e hoje no São Caetano. Nesse festival de apostas e chutes, muita coisa pode mudar até dezembro, mas é fato que a diretoria age com argúcia ao manter aceso o interesse do torcedor em torno da construção do time para a temporada 2014.
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Campeão das sarrafadas
O carrinho criminoso que o lateral Pará, do Grêmio, aplicou ontem no atacante Geraldo, do Coritiba, é digno de prisão em flagrante, mas não sofreu a punição cabível. No começo do Brasileiro, um carrinho do meia Zé Roberto tirou o lateral Lucas (Botafogo) do campeonato. Zé Roberto não levou nem cartão amarelo.
De sarrafada em sarrafada, o Grêmio vai honrando a velha fama de fábrica de brucutus.
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Direto do blog
“Reportagem no Estado de São Paulo de hoje: Paysandu está em 4º lugar no ranking de punições do STJD devido ao comportamento do torcedor. Depois do próximo julgamento, devido aos incidentes contra o Avaí, será o primeiro disparado. Quem em sã consciência vai expor sua marca na camisa do clube pagando alto? E quem em sã consciência vai querer jogar em clube onde o torcedor pode ameaçar sua integridade física e da sua família? Ah, só aparece o Paysandu, mas se considerar as ultimas participações do Remo, este estaria nas cabeças também… Essa força indomável das nossas torcidas está mais prejudicando que ajudando, exemplo é o saldo punições x adesão sócio torcedor. Nossos dirigentes erram sim, mas o torcedor precisa mudar seu comportamento também. Não há nada que não possa ser melhorado, mas pode piorar também”.
 
De Sérgio Ribeiro, sobre os prejuízos causados à dupla Re-Pa pela violência dos torcedores.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 28)