Por Gerson Nogueira
O Remo continua a se preparar para o Campeonato Paraense e, pelo menos quanto aos resultados, não há muito o que questionar. Contra a Tuna, ontem pela manhã, a equipe dirigida por Charles Guerreiro alcançou sua sétima partida invicta (seis vitórias). Ganhou por 2 a 0, depois de um primeiro tempo muito equilibrado. Teve o mérito ainda de resistir bem no aspecto físico, pois tinha disputado outro amistoso na sexta-feira à noite, em Castanhal.
Pois a torcida, apesar do triunfo, não perdeu a chance de pegar no pé do técnico. Um grupo de torcedores ficou vaiando e reclamando do time junto ao banco de reservas, alvejando diretamente Charles. As razões têm mais a ver com a estruturação do elenco do que, propriamente, com o desempenho frente à Lusa.
Charles já deveria estar vacinado. Sem títulos há muito tempo e fora das divisões nacionais, a pressão do torcedor só tende a aumentar à medida que o campeonato estadual se aproxima. A participação vitoriosa do time sub-20 na Copa do Brasil ajuda a desviar a atenção da torcida, mas também acirra comparações.
A base profissional é formada por jogadores remanescentes da desastrada campanha deste ano. Fabiano, Rech, Henrique, Jonathan, Branco, Val Barreto e Leandro Cearense estiveram em ação contra a Tuna. Pela lembrança dos insucessos recentes, o time naturalmente será alvo de muitas cobranças.
Apesar da experiência em comandar times que têm grandes torcidas – trabalhou no próprio Remo em outras ocasiões –, há dúvida se Charles conseguirá levar a cabo o espinhoso projeto de reconstrução da autoestima azulina. Tem sido muito criticado antes mesmo de entrar numa competição oficial e sofre os efeitos de ser obrigado a escalar um time provisório.
Todo mundo sabe, até mesmo o leãozinho de pedra lá do Baenão, que o elenco sonhado pelos dirigentes (e pela torcida) é bem diferente do atual. Como era previsível, Charles foi induzido a trazer atletas de custo baixo, compatível com a situação financeira do Remo.
Acontece que, para a disputa do Parazão mais importante de toda a sua história, a diretoria planeja importar reforços. Alguns caros, bem acima da faixa salarial praticada atualmente pelo clube. Há plano de contratar um grande nome, a fim de alavancar o marketing e o programa sócio-torcedor.
Tudo isso se mistura a um anseio cada vez mais forte da torcida em ver os garotos do sub-20 prestigiados e aproveitados no elenco que vai disputar o campeonato. Resolver essa equação talvez seja, por enquanto, o maior desafio imposto a Charles. A dúvida é se ele terá paciência e apoio para levar adiante seu planejamento no clube.
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De olho no que virá
Enquanto parte da torcida remista se consome em inquietações a respeito do time de Charles, outra significativa parcela alimenta o otimismo quanto ao futuro próximo. A impressionante caminhada do Leãozinho talvez seja a principal fonte de esperança. A imagem do garotinho ligado no jogo dos profissionais no estádio do Souza, captada pelo fotógrafo Mário Quadros, talvez resuma bem o estado de espírito da massa azulina. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
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Preparativos para a batalha
Já sem Iarley e Gilton, que pediram o boné depois da derrota para o Avaí, o Paissandu se prepara para uma nova decisão, amanhã, contra o ABC. Para ocupar a problemática lateral esquerda, o técnico Vagner Benazzi aposta em Max. No ataque, Dênis parece ter perdido a titularidade. Careca surge como opção preferencial para formar dupla com Marcelo Nicácio. Boa providência no plano ofensivo, mas surpreende o esquecimento de Alex Gaibú para o corredor esquerdo.
O resto da equipe deve permanecer igual à escalação de sexta-feira, incluindo a contestada preferência por Diego Barbosa, peça nula nos últimos dois jogos. Jailton, inexplicavelmente, tem sido mantido na reserva. Outra ausência parece sacramentada: a de Héliton, cuja velocidade e talento para o drible sempre foram decisivos jogando em Belém.
Em 19º lugar na classificação, o Papão terá que ganhar seis dos oito jogos restantes para escapar ao rebaixamento. O ABC é apenas o primeiro obstáculo a ser vencido.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 21)