Tribuna do torcedor

Postagem feita no Facebook da CBF na manhã deste sábado pelo torcedor Carlos Magno Bogoevich Morais:

Bom dia! Sou o Carlos Magno – Eng. Mecâncico aqui de Belém-PA e torço por um único time no país: CLUBE DO REMO. Time punido ontem pelo STJD (R$ 20 mil e dois anos sem disputar campeonatos organizados pela entidade). Posso ser uma gota no oceano. Tenho até receio e MEDO por algo que possa postar neste espaço. Sabem por quê? Porque o medo é um sentimento totalmente diferente do termo respeito. Se eu gritar com minhas duas filhas e olhá-las agressivamente, terei o medo delas, mas não o respeito.

Pois bem… Fomos punidos mas faz muita diferença se for 2 anos ou simplesmente sermos banidos do futebol nacional? Pois nada tira as lembranças de uma vida. Nem mesmo uma entidade vista e dita como poderosa. Nada apaga a lembrança de ser levado aos 5 anos pelo meu pai a primeira vez ao estádio, entrar ao lado de um jogador, curtir vários momentos, conquistas e até mesmo derrotas de campeonatos ao lado dele.

Tive momentos ímpares e de muita emoção! Que só este esporte bretão pode nos proporcionar. Eu e este amado e dileto pai, também chamado Carlos, hoje com 62 anos de idade, um tanto debilitado por 2 infartos e algumas intervenções cirúrgicas neste coração azul marinho. Querem de fato saber se tenho rancor por tudo o que está acontecendo ou pelo torcedor que impetrou a ação que causou esta punição? Não, não tenho…

Se meu time tiver que jogar CAMPEONATO DE BAIRRO, COPA DE CLUBES DO INTERIOR, CAMPEONATO MUNICIPAL, ESTADUAL OU AMISTOSOS… Estarei lá… E se possível for levarei meu pai. Pois se existe punição que abale o sentimento pelo clube de futebol o qual eu torço somente o tempo, que, com sua ação implacável, um dia irá tirar meu parceiro de jogos e momentos especiais do meu lado. Aí terei que substituí-los por minhas duas filhas, que independente do campeonato, decisões judiciais, punições, irão gradativamente amar este time como meu pai me ensinou.

Sinceramente e respeitosamente,

Carlos Magno Bogoevich Morais.

Descamisados, uni-vos!

Por Xico Sá

Amigo torcedor, amigo secador, a onda de protestos nas ruas consegue efeitos políticos sobre qualquer assunto, menos sobre o nosso tradicionalíssimo Febeapá, sigla para o Festival de Besteiras que Assola o País, criação do cronista Stanislaw Ponte Preta que vigora desde o golpe militar de 1964.

O espetáculo de idiotice da semana ficou por conta dos senhores do consórcio que administra o estádio Mário Filho, o Maracanã. Propõem os finos cavalheiros que, doravante, mesmo no mais histórico dos Fla-Flus, os frequentadores de tal praça esportiva estão proibidos de tirar a camisa, levar bandeiras ou instrumentos musicais.

O som das charangas, mais importante para o ritmo do jogo do que o esquema tático dos treinadores, emudecerá de uma vez por todas. E revoguem-se as tradições culturais de uma cidade, de um Estado, de um país. É, meu caro Stanislaw, tu hoje terias uma fartura sem fim para a tua coluna. Nunca foi tão fácil. Ô sorte, como diz nosso chapa Wilson das Neves, o bamba, dono de um dos melhores shows e discos na praça.

Imagina, amigo da geral, em um domingão de sol no Rio de Janeiro, a cidade lindamente toda nua, do Leme ao Pontal as meninas de bundinha de fora, como na canção da Marina, e lá no Maraca o fraque e a cartola. Imagina, nobilíssimo Mautner, você que gosta de ficar na praia deitado, com a cabeça no travesseiro de areia, olhando coxas gostosas por todo lado, das mais lindas garotas, também das mais feias?

Imagina, amigo Otto, o que o pessoal aí do Vidigal anda falando sobre esses caras do consórcio.

Ô, seu Eike Batista, você que faz parte dessa turma que agora manda no Maraca, se liga, não basta perder milhões, tem que perder essa mania jeca de imitar o padrão Fifa, o padrão Velho Mundo falido. O Rio elegante é o Rio descamisado. O Rio não fica bonito tentando ser chique, artificial e maquiado.

A cidade de São Sebastião é como a Marina de Dorival Caymmi, aquela que não pinta o seu rosto que eu gosto e que é só seu.

Não faz piada, gente do consórcio, gente proba, gente limpeza da Odebrecht, AEG e IMX. O Febeapá não carece de vocês nessa hora. No Rio, mesmo no inverno, até o Papa Francisco, torcedor de arquibancada do San Lorenzo – o time do corvo – tem vontade de tirar a camisa.

O Maraca, por essência histórica, ajudou até os gregos chegarem a uma boa definição de democracia: do povo, para o povo e pelo povo.

Não pode agora o carioca e a gente do Ceará e do mundo inteiro que habita essa cidade cair no conto do consórcio. Já é tão caro, tão restrito, por que ficar tão desencarnado do espírito da cidade?

É, caro Stanislaw, mais que besteira, acho que já estamos adentrando o bananoso terreno da burrice. A arte de jogar fora o que temos de melhor no solo pátrio. Ah, gente do consórcio, vai ver se eu tô na esquina, vai ver se eu tô com a tanga do Gabeira no Posto 9!

Rock na madrugada – Dr. Feelgood, She Does It

No Dia do Rock, a energética banda de Wilko Johnson fecha uma sequência de clássicos, integrantes de qualquer lista obrigatória do gênero.