
Por Gerson Nogueira
Erros já verificados nos jogos anteriores voltaram a atrapalhar o Paissandu, ontem, diante do São Caetano no estádio da Curuzu. O jogo foi movimentado e bonito de ver (apesar do apagão elétrico de 30 minutos), mas os bicolores terminaram punidos pelas indecisões e cochilos de marcação. Apesar disso, a torcida foi premiada com a reação do Papão, que encontrou forças para ir buscar o empate depois dos gols do Azulão no começo da etapa final.
Era visível, desde o final do primeiro tempo, a necessidade de um jogador mais descansado e capaz de aproveitar as brechas que a zaga paulista oferecia. Iarley e Careca movimentavam-se bem, até levaram perigo. O apagão dos refletores esfriou o Paissandu, que entrou no segundo tempo de guarda baixa, tomando dois gols logo de cara.
Com Marcelo Nicácio (que substituiu a Diego Barbosa), o time ganhou consistência ofensiva. A torcida pedia, mas Givanildo Oliveira demorou a lançar o centroavante. Ele só entrou quando o placar já era adverso, mas foi extremamente cirúrgico no aproveitamento das chances surgidas, coroando sua participação com inspirada cobrança de falta.
O empate quase heróico nos minutos finais incendiou a torcida e serviu para disfarçar o rendimento instável do time, que sustentou um primeiro tempo equilibrado com o São Caetano, mas afrouxou a vigilância na retomada da partida.

Em favor de Givanildo, é preciso observar que ninguém perde impunemente um armador do calibre de Eduardo Ramos. Muitos dos problemas do Papão derivaram de sua ausência, principalmente porque Diego Barbosa e Alex Gaibu não conseguiram efetivar a ligação. No aperreio, Zé Antonio acabou se aventurando a fazer esse papel, mas o ataque se ressentia da lentidão dos armadores.
A defesa esteve em nível ligeiramente superior ao da partida contra o Guaratinguetá. Fábio Sanches melhorou, mas Jean cansou cedo, comprometendo o trabalho da dupla. Raul, que entrou quase na metade do segundo tempo, quase marcou o gol da virada.
O São Caetano de Marcelo Veiga não foi superior ao Paissandu. Em determinados momentos, pareceu mais organizado e com melhor aproximação entre os setores, insistindo em jogadas aéreas. Cresceu em cima dos problemas defensivos do Papão, explorando os erros de cobertura na subida dos laterais, principalmente pelo lado de Pikachu.
Nicácio saiu festejado, merecidamente, como herói da noite, mas Careca, Iarley e Zé Antonio, nessa ordem, também atuaram bem. Givanildo terá ainda muita dificuldade para ajustar a equipe, que fica travada sempre que se apresenta em casa com a obrigação de tomar a iniciativa do jogo.
Em determinados momentos, os jogadores parecem intimidados, errando lances bobos ou buscando se livrar da bola, talvez assustados com a presença do . Acontece que times grandes não podem temer o torcedor. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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FPF vira alvo da ira remista
Pela primeira vez no futebol paraense, torcedores de um grande clube se mobilizam para protestar contra a Federação Paraense de Futebol. Questionada (e contestada) há anos, pelo pouco que faz em defesa de seus filiados, a entidade está na alça de mira dos azulinos por conta de acusações feitas ontem pelo advogado Valber Motta em declaração intitulada “Manifesto da Resistência Remista”.
Autor da ação que garantiu a liminar suspendendo a rodada do grupo A1 da Série D, Motta acusou a FPF de se posicionar contra os interesses do Remo na disputa pela vaga com o Genus de Rondônia. Em carta aberta, divulgada nas redes sociais, o advogado cita supostas arbitragens desfavoráveis ao Remo no campeonato e faz uma acusação séria: a participação da entidade na movimentação da CBF para contestar a decisão judicial favorável ao Remo.
“O presidente da Federação e sua assessoria se colocaram totalmente favorável à CBF, tendo inclusive tirado cópias do processo, mandado pro Rio, sondado o pessoal do judiciário e, pasmem, se colocando à disposição do jurídico da CBF pra tentarem cassar nossa liminar, inclusive trabalhando gratuitamente nesta causa”, escreveu Motta.
Como era de prever, as afirmações de Motta inflamaram o torcedor remista, normalmente já desconfiado em relação à FPF. Além dos ataques à entidade, ele também insinuou a participação de dirigentes e colaboradores do Paissandu na disputa pela vaga na Série D.
Desde o começo da tarde, vários grupos de torcedores iniciaram mobilização para um protesto pacífico na sede da FPF, à rua Paes de Souza, no Guamá, amanhã, às 15h.
Os torcedores comparam a FPF com outras federações e avaliam que a paraense é inteiramente omissa. Citam o exemplo das federações do Acre e da Paraíba, que no ano passado se movimentaram para resguardar os direitos de seus clubes, Rio Branco e Treze.
Em entrevista ao Bola na Torre, domingo, ainda agastado com “a falta de colaboração” no episódio Genus, o presidente Zeca Pirão também fez pesadas críticas à federação e prometeu oposição aos atuais dirigentes da entidade.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 10)