
Por Gerson Nogueira
Um primeiro tempo com cinco gols é sempre sinal de grande jogo. Foi o que Paissandu e Guaratinguetá fizeram no estádio da Curuzu, ontem, diante de 10 mil torcedores. Quando Andrei da Silva e Silva (que substituiu Nielsen Nogueira Dias, que passou mal) apitou o fim do primeiro tempo, a sensação foi de que a partida podia ter terminado ali mesmo com o placar de 3 a 2 favorecendo o time paraense.
Apesar de ser disputado em ritmo menos intenso, o segundo tempo não decepcionou, com mais dois gols e momentos de emoção para os dois lados. Até os instantes finais prevaleceu a incerteza quanto ao resultado, pois o Guaratinguetá não desistiu e pressionou sempre.
O triunfo do Papão por 4 a 3 terminou fazendo justiça à capacidade de reação do time, que buscou a vitória e teve um jogador em noite inspirada: Careca, com três gols, foi o grande nome da partida. Não apenas pela pontaria e oportunismo, mas pela movimentação na área, criando alternativas para meias e laterais.

De início, o confronto surpreendeu pelo esforço dos jogadores e a extrema velocidade. Espantosa também foi a arrumação tática do Guaratinguetá, de uma ousadia raras vezes vista na Curuzu. Apesar da pouca inspiração de seu setor de criação, o time paulista criou problemas desde a saída de bola, apostando na velocidade de seus homens de frente.
Atento às subidas do Guaratinguetá, que sempre chegava pelas laterais, o Paissandu se fechou e partiu para explorar os contra-ataques. O poderio ofensivo, com Iarley e Careca, e a boa movimentação no meio-campo permitiram que as arrancadas terminassem em gols. O problema é que o visitante também chegava com facilidade. Por obra da disposição dos times, antes dos oito minutos, o placar já apontava 2 a 1 para o Papão.
Mesmo em vantagem no placar, o Paissandu sofreu com o fraco rendimento dos volantes (principalmente Vânderson) e da zaga, formada pelos estreantes Jean e Fábio Sanches. Além disso, Zé Carlos também se mostrava inseguro, irritando e preocupando o torcedor.

Por sorte, depois de ceder novo empate em falha conjunta de Zé Carlos e Jean, o Paissandu teve forças para buscar o desempate ainda no primeiro tempo. Careca aproveitou boa jogada de Eduardo Ramos balançou as redes pela segunda vez.
O sufoco imposto pelo Guaratinguetá forçava erros dos defensores e os rebotes caíam sempre nos pés do adversário, que também levava ampla superioridade sobre os laterais Janilson e Pikachu.
Para quem imaginava que os paulistas fizessem aqui uma atuação retrancada, a partida mostro um time desembaraçado, sem medo de atacar e que acreditou sempre que podia vencer. Jogar contra um adversário tão confiante é sempre arriscado e o Paissandu pareceu ter se surpreendido com essa postura.
Quando todo mundo imaginava que o time ia reagir e se estabilizar no segundo tempo, após a entrada de Ricardo Capanema, ocorreu justamente o contrário. O Guaratinguetá adiantou ainda mais suas linhas, posicionando-se no campo de defesa do Papão e criando ataques cada vez mais perigosos.
A pressão resultou no gol de empate logo aos 9 minutos, após cabeceio de Júlio César, inteiramente livre, com a zaga testemunhando o lance. Enquanto a torcida se desesperava com os estreantes Fábio Sanches e Jean, o Paissandu teve ânimo para se reaprumar e chegou ao gol da vitória, novamente pelos pés de Careca, aproveitando bola chutada por Pikachu.

Não foi uma vitória de encher os olhos do ponto de vista técnico, mas o novo Paissandu mostrou virtudes, todas do meio para a frente. Careca ganhou a camisa 9, Iarley voltou a atuar bem e Diego Barbosa entrou com desenvoltura suficiente para merecer um lugar no time. De preocupante, certa desconcentração do time e o baixo rendimento de Vânderson, dos laterais e da nova zaga.
O velho Giva vai ter muito trabalho para arrumar a cozinha.
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Caçula repete mazelas dos mais velhos
Algumas lições de hoje podem se tornar os equívocos de amanhã, tanto no futebol como na vida. Um exemplo disso é a situação do Paragominas, time que foi a sensação emergente do Campeonato Paraense. Em meio aos festejos pelo vice-campeonato, o presidente do clube esmerou-se em criticar os dirigentes da capital, principalmente os remistas. Deu uma verdadeira aula (teórica) de como o futebol deve ser gerido.
Curiosamente, em plena disputa da Série D, o PFC acaba de desmentir seu principal dirigente. Atrasou os salários dos jogadores e corre o risco de enfrentar uma greve do elenco nos próximos dias. O volante Fabrício, recém-contratado, disse que é grande a insatisfação entre os atletas, que esperavam pelo menos uma comunicação por parte da diretoria.
Em meio a tudo isso, o normalmente loquaz presidente do Paragominas não aparece para se explicar publicamente sobre esse deslize de gestão que tira o brilho do tão decantado projeto administrativo do clube. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 03)