Por Gerson Nogueira
O Paissandu tem vários desfalques importantes, mas joga em Marabá na condição de favorito contra o cambaleante Águia. Mais do que nunca, está valendo a avaliação que fiz ontem: Lecheva montou o melhor conjunto do campeonato. Não é invencível, nem perfeito, longe disso, mas se mantém alguns degraus acima dos concorrentes.
A superioridade vem, principalmente, do entrosamento do setor de meio-de-campo, que protege bem a defesa e alimenta o ataque com eficiência. Eduardo Ramos e Djalma não jogam, mas Alex Gaibu e Iarley (ou Lineker) são bons substitutos para a dupla titular. Além disso, Rafael Oliveira, um dos goleadores do campeonato, retorna ao time.
O simples reaparecimento de Rafael já é um detalhe a ser festejado. Marcado por parte da torcida, sob a acusação de ser “barqueiro”, o atacante tem feito um campeonato digno de elogios, mas cometeu um pecado capital. Não conseguiu fazer gol no Re-Pa. Por essa razão, passou a ser hostilizado nos jogos, acabando por ser barrado durante os treinos para a decisão do turno.
Ao mesmo tempo, surgiu uma mal contada história de contusão, que quase representou uma ruptura entre Rafael e o clube por motivos disciplinares. Contornada a situação, o Paissandu ganha um reforço de peso para o ataque, justamente quando se debate com tantas baixas.
Jogar no estádio Zinho Oliveira, com seu gramado sempre careca, costuma ser tarefa indigesta para qualquer adversário do Águia. Desta vez, porém, o time de João Galvão padece de problemas sérios na composição da linha defensiva e pouca inspiração no ataque. A trajetória do time, atualmente na zona de rebaixamento do campeonato, é tortuosa e lembra a instabilidade vivida na Série C 2012.
Sem caixa para reforçar (de verdade) o elenco, João Galvão viu-se na contingência de usar praticamente a mesma equipe remanescente da Terceirona. A estreia desastrosa no returno, com goleada frente à Tuna, acendeu todas as luzes de alerta no clube. O empate com sabor de vitória obtido em Cametá prova que há uma tentativa de reação em marcha.
Por coincidência, o confronto de hoje é justamente contra o campeão do turno e dono do conjunto mais afinado do Parazão. As dificuldades aumentam na exata proporção do tamanho do desafio. Os orientais já cultuam, há séculos, a máxima de que não existem crises, mas oportunidades. Ao Águia resta se agarrar a essa crença e tentar hoje à noite reescrever sua história no campeonato.
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Torcer é um gesto de amor
Volta a pipocar, principalmente nas redes sociais, um movimento defendendo que os torcedores paraenses só usem as camisas de seus times quando forem aos estádios. A ideia é combater o chamado “torcedor misto”, que torce por um clube em cada Estado.
O objetivo da campanha purista é perfeitamente compreensível e parte do princípio de que, jogando em seus domínios, o clube deve receber apoio maciço de seus torcedores, inclusive na indumentária.
O perigo de propostas desse gênero está na intolerância em relação a outras bandeiras. O futebol só é o fenômeno popular que conhecemos por ter se beneficiado da absoluta liberdade de manifestação. Desde o começo da era profissional, ali pela metade do século XX, todos sempre puderam torcer por qualquer time, sem barreiras ou imposições.
Nestes tempos de globalização e massificação de mídias digitais, soa ainda mais anacrônica a ideia de que o torcedor deve limitar sua afeição a apenas um time. O princípio da livre manifestação não pode ser cerceado sob pretexto de valorizar tradições regionais.
Torcer é, acima de tudo, um ato de escolha, um gesto amoroso. Há aqueles que se prendem, sentimentalmente, a apenas um clube. Outros, de corações mais generosos, têm a capacidade de dividir a preferência por várias agremiações diferentes. É possível (e legítimo) torcer por um dos grandes do Pará e também nutrir simpatia por clubes de São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul.
O mesmo vale para os mais famosos clubes da Europa, como Barcelona, Real Madri, Milan, Manchester, Chelsea e Liverpool. A internet, através das mais diversas plataformas, tornou o mundo menor, o que propicia acesso diário a informações sobre qualquer time do planeta. Às vezes, sabe-se mais sobre os gigantes europeus do que de times regionais.
Por que a paixão de um garoto paraense pela Juventus da Itália pode ser considerada menor do que a de um coleguinha seu que torce apenas por Remo ou Paissandu. Não consigo conceber uma lei que impeça isso ou imaginar alguém com autoridade para reprimir essa forma de amor.
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Peneira corintiana na Esef
O desportista Davi Leal confirma peneira do Corinthians para hoje e amanhã, no campo da Escola Superior de Educação Física, a partir das 9h. Os testes valem para garotos de 12 a 17 anos. Ainda há vaga, mas os interessados devem comparecer com antecedência para poder participar.
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Álbum Cards Super Bola
Sucesso absoluto de vendas no último domingo, o álbum Cards Super Bola 2013, resgatando imagens e dados históricos de Remo e Paissandu, ainda pode ser adquirido na gráfica do DIÁRIO, localizada à rua Gaspar Vianna. Um excedente de 300 exemplares foi disponibilizado para atender leitores que não conseguiram comprar a edição.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 12)