Por Gerson Nogueira

O técnico Lecheva tem sido patrulhado incessantemente por setores da torcida do Paissandu desde o começo da temporada. Apesar de ter sido o condutor da campanha do acesso à Série B, seus passos são acompanhados de perto, com aquela desconfiança que costuma cercar o trabalho de profissionais caseiros. Depois de enfrentar um princípio de fritura depois da derrota no Re-Pa, passa a sofrer questionamentos sobre suas decisões, por mais acertadas que sejam. Sua opção preferencial pela manutenção de Djalma como titular é alvo de debates acalorados, como se fosse o tema mais importante da vida do Paissandu – e não é.
Djalma agarrou com unhas e dentes a oportunidade que lhe sorriu no segundo tempo da partida contra o Cametá, quando substituiu a Alex Gaibu e acabou marcando o gol da vitória alviceleste. Seu comportamento em campo mostrou amadurecimento e determinação. Além do apoio ao ataque, atuou muito bem na armação de jogadas, entrosando-se com Eduardo Ramos. No jogo seguinte, contra a Tuna, foi mantido e voltou a fazer uma exibição primorosa, apesar dos altos e baixos do time naquela tarde.
Diante disso, não restou outro caminho a Lecheva a não ser prestigiar seu jovem meia-armador. Contra o Santa Cruz, na última quinta-feira, Djalma teve atuação impecável e ainda marcou um dos gols da vitória do Paissandu. Pessoas que acompanham os treinos observam que a boa forma do meia já se evidenciava mesmo entre os reservas. Tal condição não passou despercebida à observação do técnico.
Ironicamente, Lecheva passou a ser cobrado por parte da torcida, que prefere a volta do antigo titular. Alega-se, em defesa dessa tese, que Gaibu foi peça de fundamental importância na Série C. É verdade. O futebol, porém, vive do presente. De mais a mais, o papel do treinador é escolher os melhores para montar um time. Quando sua aposta se revela acertada, os questionamentos perdem sentido.
Há muito tempo que a ideia de que existem donos de posição caiu em desuso. Ocupam funções na equipe os jogadores que estejam em pleno exercício de suas habilidades e recursos técnicos. É o caso de Djalma, que, além disso, é um atleta revelado pelo Paissandu e que pertence ao clube. Nosso futebol costuma ser ingrato com suas próprias revelações e é sempre alvissareiro que um treinador valorize talentos nativos.
O que seria de Pikachu se não tivesse merecido chance entre os titulares, pelas mãos de Nad e do próprio Lecheva? Djalma ajusta-se perfeitamente nessa filosofia. O técnico está certo em utilizá-lo e merece aplausos pela iniciativa. Caso o jogador deixe de responder às exigências do time, deve abrir espaço para o antigo titular. Por enquanto, porém, faz por merecer a titularidade. Qualquer análise em outra direção é querer inventar chifre em cabeça de cavalo.
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Acreanos na geladeira
O trio de jogadores recrutados pelo Remo no futebol acreano – o meia Josy, o volante Tragodara e o atacante Eduardo – segue sem oportunidades no time de Flávio Araújo. Além de não terem sido indicados pelo comandante, pesa contra o trio o sistema adotado por Araújo, que privilegia força e velocidade, apostando alto na marcação. Fisicamente, Josy e Tragodara são jogadores franzinos, embora dotados de boa técnica, referendados por.
O meia ainda teve chance na estreia, diante do Santa Cruz, mas acabou penalizado pelo desentrosamento que o time apresentava. Quando a equipe foi ganhando confiança e acumulando vitórias, não teve mais oportunidades. O caso mais curioso é o de Tragodara, atleta que foi insistentemente buscado pelo Remo. Perdeu espaço até para quem chegou muito depois, como Gerônimo, que em dois jogos conquistou a titularidade. No Baenão, já há quem aposte na liberação do trio antes mesmo do fim do Parazão.
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Sobre as gratuidades
O leitor Edílson Araújo, a respeita da coluna “Os gargalos do clássico-rei” (edição de sábado), observa alguns pontos relacionados com a gratuidade para idosos nos estádios de Belém. Esclarece que esse tipo de benefício não contempla apenas pessoas idosas. Vale também para aposentados e portadores de necessidades especiais, em cumprimento à Lei Estadual nº 6.739, de 12 de abril de 2005, isentando essas três categorias do valor do valor do ingresso “em divertimentos públicos, nos cinemas, museus, galerias de arte, casas de espetáculos, ginásios poliesportivos e estádios de futebol pertencentes ao Estado do Pará, bem como suas fundações e às entidades de caráter privado”. Edílson considera inapropriado que a gratuidade nos estádios seja atribuída apenas a idosos, como escrito nos ingressos, assim como questiona o termo “cortesia” usado nos ingressos dos cinemas.
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Vassourada em Cuiarana
Quando perdeu a decisão da Segundinha para o PFC Paragominas, o Santa Cruz dispensou oito jogadores, entre os quais o artilheiro Rafael Paty. Já no começo do Parazão a vítima foi o técnico Mário Henrique. Agora, por causa da derrota para o Paissandu, nova vassourada agita Cuiarana. Nove atletas foram dispensados, incluindo a dupla de ataque, Fábio Oliveira e Jailson. Como de hábito, o clube não dá explicações para mudança tão radical, mas a sinalização é de que o novo técnico, Sinomar Naves, teria condenado atuação e comportamento dos jogadores afastados.
Os métodos empregados pelo Santa Cruz repetem perigosamente antigas práticas da dupla Re-Pa, com sérias consequências na esfera da Justiça. O tempo vai mostrar se a natureza singular de gestão que o clube exercita é o caminho mais apropriado.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO, edição de terça-feira, 12)