Por Gerson Nogueira
Apesar das pressões que torcedores (e até imprensa) fazem por reforços com vistas à nova temporada, a diretoria eleita do Paissandu – que ainda nem assumiu oficialmente – tem se conduzido de maneira exemplar. Depois de contratar o gerente executivo Oscar Yamato, dedica às contratações um cuidado que há muito tempo não se via no futebol paraense.
De cara, bastou a presença de um profissional respeitado, com ampla vivência em clubes, para que diminuísse o assédio de empresários e agentes, que antes dominavam a cena. A partir de agora, todas as ofertas de jogadores chegam ao clube e são cuidadosamente filtradas. Além da avaliação técnica, o histórico do atleta também é pesquisado, a fim de evitar prejuízos futuros.
O técnico continua a ter papel fundamental no processo, mas não tem mais a palavra final, passando também pelo crivo da gerência e da diretoria. A providência reduz bastante o risco de episódios como o que envolveu o zagueiro Sidraílson, contratado por indicação de Roberval Davino no começo da Série C e que nem chegou a estrear por estar em recuperação de uma cirurgia.
Clubes devem funcionar como empresas, com níveis hierárquicos e autonomia relativa para as funções. Com base nisso, técnicos podem apontar jogadores, mas não têm liberdade para transformar o time em cabide de empregos, às vezes em conluio com empresários.
Exemplos recentes no futebol do Pará retratam bem o tamanho do descalabro interno dos clubes, com técnicos que – por omissão dos dirigentes – acabavam por acumular o papel de gerentes, atropelando hierarquias e desafiando até a direção. No Remo, Edson Gaúcho, por exemplo, fincou pé e bancou a contratação do atacante Mendes, com consequências desastrosas para o clube.
Pela disposição demonstrada pelos novos gestores do Paissandu, o próprio conceito de comissão técnica deve sofrer mudanças. A intenção é fazer com que profissionais do clube integrem a equipe – como faz o São Paulo, que mantém Milton Cruz como supervisor e peça-chave na avaliação de atletas e acompanhamento do trabalho do treinador.
Caso consiga concretizar essas mudanças, Vandick e sua diretoria já estarão marcando um golaço. Mas é preciso compreender que o caminho até a vigência plena dessa nova ordem não será dos mais tranquilos. Antes, o torcedor terá que entender os objetivos dessa iniciativa e contenha o imediatismo próprio de quem se pensa com o coração.
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Ramos, o organizador que faltava
Fiel ao critério de contratar pontualmente, mirando as carências de seu elenco, o Paissandu anunciou no começo da noite de ontem seu terceiro (o zagueiro Raul e o goleiro Zé Carlos foram os primeiros) reforço para 2013: o meia-armador Eduardo Ramos, camisa 10 clássico, formado nas divisões de base do Grêmio e com boas passagens pelo Corinthians, Náutico, Sport e Vitória.
Com 26 anos, Ramos é o organizador que o Paissandu buscava há tempos. Sabe lançar e é bom cobrador de faltas. O desfecho da negociação, que se estendia há mais de uma semana, é uma grande notícia de fim de ano para a torcida. Nas próximas horas, a diretoria deve anunciar dois zagueiros – jovens, mas competentes – e um nome forte, guardado a sete chaves e com potencial para virar ídolo.
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Corrida contra o relógio
Com a corda no pescoço pela necessidade de montar um time competitivo para o Campeonato Paraense, o Remo ainda parece longe de fechar o ciclo de aquisições. Além dos laterais Nego e Berg, em negociação, o clube espera os jogadores Tragodara, Eduardo e Josy, todos do Atlético-AC. O meia-armador Josy foi um dos destaques do time e conta com o importante aval de um ídolo remista, o Rei Artur.
Quanto a Wellington Saci, ex-jogador do próprio Remo, que chegou a conversar com os dirigentes do clube, o impasse é de ordem financeira. O boato da contratação invadiu as redes sociais, mas a chance de acordo é praticamente zero. Com salários de R$ 30 mil no Atlético-PR, Saci está acima dos limites orçamentários do clube e deve fechar acordo com o Bahia para disputar a Série A.
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Direto do blog:
“O costume e a cultura de os clubes paraenses, principalmente a dupla Re -PA, contratarem a rodo parecia tão normal que muitos aqui acham que o Vandick e a nova diretoria estão errados em ir devagar, mas sempre. Estão certos, é assim que se faz. Repito: Vandick e essa diretoria irão pôr o Papão no rumo certo! E a contratação (de Eduardo Ramos) foi certeira como flecha que acerta o alvo”.
De pastor Carlos Rodrigues, crente em novos rumos para o Papão.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 21)