Dia: 2 de dezembro de 2012
S. Paulo carimba Corinthians antes do Mundial
Peixe bate Verdão com golaço de Neymar
Clássico carioca termina empatado
Leis que preservam os clubes
Por Gerson Nogueira
Os fatos mais relevantes da semana para o nosso futebol passaram quase em brancas nuvens, mas as duas decisões, da Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal de Belém, aprovando projetos que tornam inalienáveis os patrimônios dos clubes paraenses, têm tudo para representar a salvação das agremiações mais tradicionais do Estado.
Sujeitos a todo tipo de ataque, alguns rasteiros, outros com jeito de fogo amigo, Remo e Paissandu estiveram a pique de perder patrimônios importantes nos últimos anos. Os remistas quase ficaram sem o estádio Evandro Almeida, que iria ser “permutado” pelo então presidente, a preço aviltado, com o pretexto de pagar dívidas trabalhistas.
O Paissandu está às voltas com o leilão de sua sede social, para pagamento de pendência milionária com o ex-jogador Arinelson. Depois de cochilar durante quase quatro anos, o clube se defronta com uma dívida monstruosa e a Justiça decidiu pelo leilão do imóvel.
Os projetos que foram aprovados na AL e CMB – e que ainda dependem de sanção, respectivamente, do governador e do prefeito de Belém – significam que nunca mais dirigentes omissos e negligentes poderão causar prejuízos irreversíveis aos clubes. Nenhum bem dessas agremiações poderá ser alienado para quitação de dívidas ou moeda de troca ao sabor de gestores inescrupulosos.
Na AL, foram aprovados três projetos de lei de autoria do deputado Raimundo Santos, líder do PEN. Clube do Remo, Paissandu Sport Club e Tuna Luso Brasileira, a partir da lei sancionada pelo governador, passam à condição de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Pará.
O autor dos projetos argumenta que os três clubes fazem parte da história de Belém e do Estado do Pará. Como prova da consciência de todos quanto à necessidade de preservação do patrimônio das três instituições, os projetos foram aprovados por unanimidade, em primeiro e segundo turnos, além de redação final, após também terem sido avalizados pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa.
Vale observar que a Unesco considera patrimônio imaterial “práticas, representações, expressões, conhecimentos, técnicas, além de lugares culturais associados a comunidades, grupos étnicos, reconhecidamente como integrantes do patrimônio cultural do município, estados ou países”. Os projetos estão, portanto, inteiramente adequados ao conceito universal e moderno de patrimônio cultural.
Na Câmara Municipal, o projeto do vereador Raimundo Castro impede que as associações esportivas que possuam título de Utilidade Pública Municipal (Remo, Paissandu, Tuna, Imperial, São Domingos, Sacramenta etc.) tenham seus patrimônios colocados em hasta pública por irresponsabilidade de suas diretorias.
Há quem defenda a tese de que o patrimônio não deveria se tornar inalienável, a fim de favorecer transações bancárias ou outros investimentos. Ocorre que as leis estão sendo criadas – como já ocorre em outros Estados – justamente para defender o clube dos maus dirigentes. Quando forem sancionadas, cessará a ameaça que paira hoje sobre a história e a representação física de agremiações tão tradicionais.
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Felipão: a melhor escolha
Ainda sob o impacto da escolha de Luís Felipe Scolari para comandar a Seleção Brasileira na Copa de 2014 muita gente anda fazendo exercícios mirabolantes e inúteis quanto ao nome ideal para o cargo. É inútil porque o fato está consumado. E é mirabolante porque envolve delírios, como a tese de contratação de Pep Guardiola para uma inédita experiência no escrete.
Quem acompanha o futebol brasileiro sabe que a aceitação de um técnico estrangeiro é questão de tempo, mas jamais ocorreria para um torneio que será realizado em solo nacional.
Apesar das palavras desencontradas e incoerências próprias da CBF, a escolha de Felipão foi a decisão mais lógica e lúcida. Quanto à competência, não há o que questionar. O técnico campeão de 2002 tem currículo recheado de conquistas, principalmente em torneios de tiro curto, como é a Copa.
Não vamos nos iludir. Os demais treinadores (talvez com a exceção de Vanderlei Luxemburgo) seguem a mesmíssima cartilha gaúcha de Felipão. Muricy, Tite, Abel e similares jogam com defesas fechadíssimas, marcação forte no meio-de-campo e bola aérea como principal recurso ofensivo. Acho mais vantajoso apostar no original, ao invés de prestigiar as cópias.
Vejo uma vantagem extra na volta de Felipão. Com ele no comando, cessam as convocações esquisitas, bem ao gosto de Mano Menezes (e Andrés Sanchez), para quem a Seleção havia se tornado extensão do Corinthians.
Felipão vai surpreender nas escolhas, mas é certo que irá chamar os melhores. Não esquecerá os mais cascudos (Kaká, Ronaldinho, talvez Robinho) e saberá valorizar os jovens talentos (Neymar, Oscar, Arouca e talvez Ganso).
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Novos rumos para o Paissandu
Vandick Lima venceu a eleição e, conforme preferência da maioria da torcida, vai presidir o Paissandu pelos próximos dois anos. Tem a chance de imprimir mudanças radicais no clube, corrigindo a rota tortuosa em que se encontra e recuperando sua credibilidade.
A vitória oposicionista é, obviamente, uma reprovação pública à tresloucada gestão, que atrapalhou a vida do clube nos últimos quatro anos. Que o Paissandu trilhe novos rumos, a partir de janeiro.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 02)