Por Vitor Birner
Pedir o fim do brasileirão por pontos corridos é lutar pelo enfraquecimento de nosso futebol tanto na parte econômica quanto na esportiva. Se você ficou insatisfeito porque seu time ficou fora da disputa pelo título ou por vaga na Libertadores, não culpe o regulamento. Fica parecendo aquela famosa e velha história do marido traído incapaz de enxergar o mau momento da relação ou como realmente é a mulher com quem decidiu dividir a vida.
Reclame dos gestores da sua amada agremiação, pois erraram quando escolheram o treinador e os atletas. Critique José Maria Marin e seu calendário destrutivo, onde a manutenção do poder das federações estaduais e os interesses comerciais da CBF na hora de utilizar a seleção brasileira são as prioridades.
Proteste contra a enorme diferença no valor das cotas de transmissões pagas pela tv aos clubes que disputam o mesmo campeonato. O atual sistema de disputa é benéfico. Permite a venda de carnês aos torcedores e planejamentos melhores da temporada.
No último torneio decidido no mata-mata, em 2002, a final aconteceu em 15 de dezembro. A primeira fase terminou em 17 de novembro. Os dezoito eliminados permaneceram sem atividades nessas quatros semanas, enquanto os oito classificados brigaram pelo taça de campeão. Eu, no lugar dos executivos das empresas que exibem logomarcas nos mantos sagrados, usaria a incerteza da participação no principal momento da competição para pagar menos.
O Peixe venceu em 2002 mostrando futebol de campeão apenas no mata-mata. Foi o oitavo colocado antes, tal qual nessa temporada. Seria legal se houvesse partidas eliminatórias agora e os santistas repetissem o feito?
Você gosta de ver algumas equipes serem mandantes em 13 jogos e outras em 12 quando elas brigam pelo mesmo objetivo, como aconteceu há dez anos? O erro da arbitragem nas partidas eliminatórias é muito mais decisivo que nos pontos corridos. Você está disposto a dar mais poder aos apitadores?
Qualquer proposta para melhorar o futebol é bem-vinda, mas a justificativa da emoção nas finais é pobre, quase mesquinha, perto da quantidade de benefícios gerados pelos pontos corridos. Houve vários momentos empolgantes ao longo do Brasileirão de 2012.
Inclusive na classificação direta do Galo à Libertadores, fracasso gremista diante do Inter, empate da Lusa contra a Ponte Preta, vitória do Bahia no Serra Dourada e rebaixamento do Sport nos Aflitos, todos na última rodada que muita gente criticou.
Minha defesa do mata-mata não representa o fim dos jogos de ida e volta. Continuaria a vigorar a fórmula de pontos corridos nos dois turnos. Proponho, sim, que vencedores de turnos ou os dois times com melhor pontuação disputem uma “negra”, como nos velhos tempos. O sistema atual é mais justo, mas é também muito chato, por roubar a emoção da final de campeonato.
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