Pikachu: desculpa ou preconceito?

Por Gerson Nogueira

Soou esdrúxula a desculpa dada pelo Palmeiras para o recuo nas negociações para adquirir o lateral-direito Pikachu, do Paissandu. O motivo seria o apelido do jogador. O presidente do clube paulista, Arnaldo Tirone, e o diretor de Futebol, César Sampaio, teriam desistido devido a pressões da torcida e gozações dos adversários.

O problema parece menos de preconceito quanto à alcunha do jovem lateral paraense e muito mais de ausência de recursos. O Palmeiras, como se sabe, acaba de ser confirmado na Segunda Divisão e não vive um momento particularmente próspero em termos financeiros.

Para os poucos inspirados dirigentes palmeirenses talvez seja mais conveniente espalhar a história do apelido do que admitir a necessidade de apertar o cinto. E se Pikachu é tão incômodo assim, o que dizer de Hulk, cujo apelido jamais causou embaraços maiores?

De mais a mais, rejeitar um jogador promissor como Pikachu pela razão risível do codinome inusitado não combina com um clube sempre permissivo nesse departamento. Beto Fuscão, César Maluco, Luiz Chevrolet Pereira e Cafu são figuras notórias da história do Palestra.

É verdade que os tempos globalizados exigem cuidados especiais com a denominação dos jogadores. Há um esmero exagerado – e, por vezes, hipócrita – com a imagem dos atletas. Tudo gira em torno das regras do marketing, como se talento fosse medido pelo nome.

Por conta dessa chatíssima onda marqueteira, nota-se cada vez mais nas escalações de times nacionais o predomínio de nomes compostos ou carregando o reforço dos sobrenomes. Quando se anunciam os times parece até relação de nomes aprovados em vestibular: Tiago Silva, Luís Fabiano, Diego Cavalieri, Tiago Neves, David Luiz, Lucas Silva, Fábio Santos, Diego Silva.

Nessa marcha, logo deixaremos de ver a presença saudável – e tipicamente brasileira – de alcunhas no futebol. Fico a imaginar o quanto a história do nobre esporte bretão seria murcha se essa moda existisse nos idos de 50, 60 e 70. Como imaginar o Santos sem Pelé, Botafogo sem Garrincha,  Flu sem Cafuringa, Flamengo sem Zico, Cruzeiro sem Tostão, Vasco sem Dinamite?

Algumas das páginas mais gloriosas e inesquecíveis do futebol foram escritas por craques que ostentavam apelidos insólitos. A questão é que nome nunca ganhou jogo. A extinção progressiva dos apelidos pode funcionar, no máximo, para ações de marketing, mas não acrescenta rigorosamente nada ao esporte. Pelo contrário, contribui para diminuir a graça da coisa.

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Pelada vitoriosa na Bombonera

O estádio tem história das mais relevantes, merecia um jogo de mais qualidade. Quis o destino, porém, que a primeira exibição da Seleção Brasileira em La Bombonera fosse uma pelada monumental. A vitória argentina no tempo normal, com gol no último minuto, não teve maior brilho. O triunfo brasileiro nos penais foi apenas protocolar.

A partida foi um festival de faltas, trombadas e passes errados. Talvez tenha sido um dos piores clássicos entre Brasil e Argentina. Montillo, responsável pela rápida jogada do segundo gol argentino, foi disparadamente o melhor em campo. Do lado brazuca, Tiago Neves foi o mesmo de sempre, o que é patético para um selecionado nacional.

Com muitos claros nas arquibancadas, o Super Clássico não teve sequer manifestações mais apaixonadas da torcida. A bem da verdade, a disputa só teve um palco digno no duelo do ano passado no Mangueirão.

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Os reforços do Remo

Para o Remo, pelo visto, apelido não é problema. O atacante Flávio Caça-Rato, que defendeu o Santa Cruz na Série C, foi anunciado ontem como grande reforço para o Campeonato Paraense. Vem com o aval do técnico Flávio Araújo, que também respaldou mais nove contratações.

Com a exceção de Branco, ex-Águia, os nomes são quase todos desconhecidos entre nós, como Nata (meia), Célio Codó (atacante), Tragodara (volante), Válber (ala), Fabiano e Dida (goleiros), Carlinhos e Zé Antonio (zagueiros) e Tiaguinho (ala direito).

A vantagem da lista é que todos os contratados se inserem naquele patamar de salários modestos que a diretoria do Remo havia estabelecido. São jogadores com experiência no futebol nordestino e que devem se adaptar bem ao clima paraense.

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Esclarecimentos sobre o caso Ávalos

A respeito de matéria publicada na edição de ontem do Bola, sobre o caso Ávalos, o diretor jurídico do Remo, Ronaldo Passarinho, faz um esclarecimento dividido em três partes:

“1º Não houve, em momento algum, condenação contra o Remo.

2º Não haverá nova audiência no dia 13/12. O que está marcado para o dia 13 é o anúncio da sentença da juíza da 15ª Vara, às 13h.

3º Somente após ter conhecimento da sentença, o Departamento Jurídico estudará, se for o caso, a defesa do Remo”.

Ronaldo adianta, ainda, que enviará hoje à coluna o relatório do Jurídico remista que foi encaminhado à presidência do clube. Divulgaremos, no Bola, os resultados do trabalho desenvolvido por Ronaldo e sua pequena e valorosa equipe em defesa do Remo na seara jurídica ao longo dos últimos dois anos.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 22)

15 comentários em “Pikachu: desculpa ou preconceito?

  1. – Também penso ser uma babaquice o Palmeiras deixar de contratar um bom jogador como o Yago, por causa do apelido. Bom para o Cruzeiro, que poderá ser o seu destino;

    – Nem assisti ao jogo da Seleção. Não tenho mais ânimo, pra isso… Te dizer..;

    – Acredito nos jogadores indicados pelo Flávio Araújo. O receio, são as contratações dos dirigentes…

    – Esse Ronaldo “holofote” Passarinho… Te dizer..

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  2. Yago foi oferecido por LOP ao Palmeiras, não foi uma demonstração de interesse do clube paulista, pelo menos é o que foi noticiado e dito pelo Aloprado.

    Diz o bom senso que o jogador deve ficar para a campanha da série B para ser mais valorizado. O cattitu paulista não é, de momento, o melhor para o atleta pela espinhosa cobraça que terá na temporada vindoura.

    A seleção de mano ontem foi um oportuno momento de agraciar alguns jogadores até pela qualidade do time argentino ser abaixo do real. Até Durval do Santos foi lembrado.

    O Remo está partindo para o tudo ou nada e não vejo como sendo um planejamento rigorosamente estudado. Se não der certo não sobrará madeira para cupins.

    Quanto a Ávalos houve descaso e não há como justificar.

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  3. Gerson Nogueira,
    A minha opinião sobre esse jogo entre Brasil e Argentina é mesma da tua. Foi um jogo sofrível, sonolento, de calo no olho. Pará quem na história do futebol mundial assistiu jogos inesquecíveis de emoção entre essas duas seleção no passado, assistir uma pelada formalizada igual essa de ontem foi terrível. Pior foi para os brasileiros, porque os argentinos podem dizer que ganharam o jogo com uma seleção desfalcada da maioria de seus principais jogadores, inclusive o badalado Messi. Qaunto a nós brasileiros não podemos dizer que a seleção estava desfalcada porque senão vamos ter de responder quem seriam os titulares e isso defitivamente não sabemos. Doí mais ainda assistir o ridículo Mano Menezes comemorando o “título” como se tivesse ganhado a Copa do Mundo. mas talvez para ele isso tenha sido mesmo motivo de comemoração porque é o único “título” que ele vai ganhar, mesmo se passar 20 anos na seleção, igual a seu costa quente Ricardo Sujeira

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  4. Ai amigo Cláudio, não sei sua opinião, mas essa relação divulgada pelo Remo é bem interessante visto que são jogadores que apesar de não serem caros para o clube(ou pelo menos é o que imaginamos, pois rotineiramente pagamos salários astronômicos para muitos desconhecidos e pernas de pau) já são bem avaliados quanto ao futebol.

    Amigo Gerson e demais parceiros do blog, esses “esclarecimentos” do Ronaldo nada esclarecem, pois na verdade o que se contesta é a revelia, que apesar de ainda não sentenciado (o que vai ser na data informada por ele) é o que vai ocorrer.

    Via de regra se o reclamante falta audiência ou não se faz representar o processo é arquivado, se o reclamado não comparece ou não se faz representar( não vale para advogado somente para o preposto identificado e documentado mediante carta específica ou procuração) ele pode entregar a defesa escrita e argumentações(mediante advogado) mas como o caso em discussão certamente vai ser julgado a revelia.

    Em resumo, apesar de ainda não sentenciado e o clube ser defendido pelo advogado, se não houve preposto(representante legal) vai necessariamente ser revel e é corriqueiro a sentença ser dada pelo total requerido pelo reclamante.

    Em tempo, em caso de funcionário que está habilitado a representar a empresa e não o faz sem motivação que explique e comprovada pode até ser desligado por justa causa pois incorre em falta gravíssima decorrendo de seu ato prejuízo irreparável para a empresa.

    Parafraseando nosso poeta Cláudio Colúmbia e o Guimarães: “Aí é que eu te digo, aí é que eu te falo e são essas coisas que eu nem quero tentar entender”

    RRamos

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  5. No caso do Pikachú, pior para o Palmeiras que não contará com o talento desse jovem atleta, bem melhor para o atleta e para o Grande Bicolor Amazônico, pois as janelas da 1ª divisão abrir-se-ão para futuras negociações, pois na segundona nós e o porco paulista, já estamos, aliás, o marketing dêles não se incomoda com esse nome e mascote????
    P-O-R-C-O?!?!?!?!?
    ÉÉÉÉÉÉÉGUUUUUUAÁAAAAA!!!!!!
    PODE IR RIDÍCULO PALMEIRAS!!!!!!

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  6. De técnico, acho que o REMO acertou, mas o planejamento está iniciando meio confuso com a contratação de um time inteiro. Mas se pensarmos, o ano passado iniciou com planejamento bem elaborado, com tempo e time e o resultqado foi pífio, com a perda do campeonato para um time menos técnico, montado nas vésperas e que brigava a todo momento nos bastidores; Quem sabe com um início menos auspicioso, o final não pode ser melhor… É o que a maioria no Pará espera.

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    1. É daquelas informações que carecem de confirmação oficial pelo próprio presidente do clube, amigo Edson. Tudo que envolve dinheiro, LOP e empresários merece absoluta cautela.

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