Tribuna do torcedor

Por Luiz Roberto B. Cunha (cunhaegiroto@hotmail.com)

Belém-Pa, 18 de setembro de 2012. 

Prezado Gerson Nogueira,

Meu nome é Luiz Roberto Batista Cunha, torcedor do Paysandu, 31 anos e estive presente no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, para assistir ao jogo do Fortaleza contra o Paysandu. Fui de ônibus na caravana da torcida Fúria Bicolor, onde demoramos 38 horas para chegarmos a capital cearense, com prego no ônibus, vários problemas, mas enfim chegamos à noite de sábado ao nosso destino. O objetivo desta carta é poder retransmitir o sentimento de um torcedor comum que enxergou de perto, o quanto nosso futebol paraense está bastante atrasado com relação a outras praças esportivas, e neste caso falo da cidade de Fortaleza, que me passou uma ótima impressão de como se faz futebol, apesar de seus times não estarem na divisão maior, no caso o Fortaleza, na terceira divisão.

Começarei falando de Segurança, pois fui ao estádio de táxi e pelo clima tenso das torcidas rivais, preferi não usar de início minha camisa do Paysandú. Lá existe um acesso exclusivo aos torcedores visitantes, com muita organização e muitos policiais fazendo escolta, fechando ruas de acesso a área destinada aos visitantes, enfim, foi montado um esquema de segurança perfeito, que nós torcedores do Paysandú, acessamos ao estádio sem problema nenhum com a torcida adversária, que estava furiosa com nossa presença. Parabéns a polícia de Fortaleza, que ao contrário da nossa, está bem preparada para coibir a violência em estádios.

Já dentro do estádio, observei que os ambulantes não vendem bebida alcóolica, como aqui em Belém também não, porém o que me chamou atenção é que ao vender água mineral e refrigerante, ambos em garrafa e lata, respectivamente, o vendedor ambulante coloca o líquido em um copo descartável e entrega ao torcedor que comprou, o ambulante guarda a garrafa ou lata com ele, ou seja, evita do torcedor arremessar a garrafa ou lata para o gramado. Isto é pensar na segurança de todos que estão dentro do gramado e evitar perda de mando de jogo, apesar de que com tudo isso, a torcida ainda arremessou uma garrafa de agua no Thiago Potiguar e atiraram bombas contra a torcida do Paysandú.

Existem caixas acústicas que tocam o hino do clube (Fortaleza), numa sintonia com a torcida, fazendo vibração no estádio, diferente da Curuzú, onde colocam um senhor falando com bocas de ferro, sem empolgação nenhuma e o objetivo é fazer comercial e propagandas. Existem várias garotas contratadas para animar a torcida, que desde a entrada do time, no intervalo e no final do jogo, fazem sua apresentação, animando o espetáculo. A vibração da torcida organizada do Fortaleza é contagiante, com músicas novas, e pouquíssimas ofendendo o adversário, mas sim de apoio ao time, sem palavrões e com muito incentivo, tanto que a torcida empurrou, empurrou e levamos um gol atrás do outro. Um verdadeiro caldeirão. Aqui em Belém, temos uma torcida organizada que canta as mesmas músicas a mais ou menos 10 anos e não muda o repertório. Mas no quesito violência é a melhor do Brasil.

Foi muito triste ver meu clube que tanto amo perder o jogo, mas minha viagem valeu a pena, porquê ví que um estádio pequeno pode ser muito aconchegante. Ví que existem pessoas realmente preocupadas com o seu clube, ví uma torcida transformar o estádio num verdadeiro caldeirão, que intimidou nossos jogadores e por último, observei que nosso problema realmente está no comando. Visitei o hotel em que estava o Paysandú, para dar um apoio e pedir raça no jogo, mas os jogadores não desceram, e quem estava lá embaixo era o Presidente Luiz Omar, o Diretor Louro e o Presidente do Fortaleza, sentados à mesa conversando. Precisamos pensar grande, porque enquanto pensarmos tão pequeno como pensa nossos comandantes atuais (falo do presidente Luiz Omar), não espero mais nada para este ano, mas vou continuar torcendo.

Um grande abraço e espero que leiam esta carta para começarmos a rever nossos conceitos.

Saudações bicolores,

Luiz Roberto B. Cunha

10 comentários em “Tribuna do torcedor

  1. Com relação ao preparo dos times do Ceará não é novidade o empenho que estes apresentam durante as competições que participam, há um planejamento, uma organização que se o fruto não for colhido não é por falha da diretoria, mas do próprio acaso do futebol!
    Houve tumulto sim fora do estádio, mas a polícia cearense está de parabéns pois coibiu os infratores de forma certa e coerente!
    Realmente enquanto caminhamos na idade das trevas no futebol os nossos adversários, inclusive os paraibanos avançam a largos passos para a idade contemporânea, te dizer!

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  2. Estive também em Fortaleza e tudo que o Luiz falou realmente ocorreu e o que me chamou mais atenção foi a questão da venda de água e refrigerante que o ambulante coloca em um copo descartavel e entrega ao torcedor ficando a garrafa pet com o próprio ambulante, ou seja, não tem como um tocedor jogar um copo descartável pra dentro do gramado. Quanto a questão da torcida eu acho que o Luiz se empolgou demais, pois obeservei sim muitos palavrões por parte da torcida deles, mais isso é normal pois ocorre aqui e na Bélgica,no Japão atc… e a torcida deles é tão violenta quanto a nossa, Com relação a polícia muito eficiente entre aspas, pois deixou a torcida organizada do Fortaleza entrar no estádio com bombas caseiras que jogaram e por sorte divina parou nos vidros de proteção do PV, se essas bombas caissem na torcida bicolor teríamos uma tragédia. Outro fato negativo, foi a questão da venda do ingresso para o visitante ser feita só a partir das 13 horas do domingo, este ingresso deveria ser disponibilizado para o torcedor do Papão desde o sabado o que faria que entrassemos mais rápido.

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  3. Luiz, sei não no caso da organização interna e principalmente na questão da coleta das embalagens de refrigerante e água por aprte dos ambulantes concordo.

    No entanto, estive em Fortaleza nos meses de fev a abril/12 fui a um jogo e o pau cantou, os caras fazem arrastões no centro quebram carro, roubam, depredam lojas e residências e nesse dia (Ceará X Fortaleza) dois torcedores do Ceará foram assassinados. Nesse quesito temos uma verdadeira contaminação do futebol.

    Sds!

    Raimundo Ramos

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  4. Senhores,
    Ja estou cansado de tanto falar como pode clubes do Pará com torcidas tão grandes não ter um patrocinador que preste, como pode não ter um futebol empresa, será que esses dirigentes estão apenas para colocar suas fotos no mural do clube e um dia alguem passar e dizer, Hei! este foi meu avô.
    O que será que um dirigente como estes imcompetentes querem ganhar dinheiro, será que da dinheiro? Garanto que tem muitos adminstradores de emoresas recem formados que fariam um exelente trabalho, porque não dão oportunidades para quem realmente saiba administrar.
    Porque será que a impressa só critica e não faz nada, ela não forma opiniões então vamos pintar a cara e fazer direta já nos clubes.
    Vamos acabar com esta velharada de metalidade pobre do futebol paraense.
    É por isso que ainda se ver no Pará passeatas pelas conquista dos clubes do sul, sudeste e outros.
    Fazer o que aturar até quando? será que seremos um simples piolhos que somos esmagado, somos nós que mandando nos clubes TORCEDORES nos podemos mudar isso basta termos coragem. PAPÃO DE CORAÇÃO.

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  5. Presidente do Figueirense renunciou, 12 jogadores foram afastados e técnico foi mantido:

    Presidente renunciado disse: Entrego o cargo por admitir ter esgotado minha capacidadade de administrar problemas.

    Tecnico mantido declarou: Não sou babá de jogadores.

    Assim é que se faz futebol.

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  6. É triste, é duido, é desalentador, mas é a mais pura realidade.

    Também pude constatar tudo o que foi relatado pelo amigo Luiz Roberto quando estive no PV no ano passado, naquele fatídico jogo contra o CRB, onde foi levantada suspeita de suborno.

    O duro é perceber que não é uma realidade distante, que é possivel fazer, mas que estamos nos distanciando do futebol-negócio já praticado com força em todo o Nordeste.

    Em Belém, além de investimento maior da iniciativa privada (nosso carro chefe ainda é o patrocinio do Governo), também é necessário a participação do torcedor. Aqui algumas campanhas não vingaram pq torcedores ignoram, são torcedores apenas de arquibancada, que apenas esperneiam quando o resultado de um jogo não lhe satisfaz. Aqui, se prefere comprar camisa piratiada a comprar um oficial na loja que fica ao lado do camelô.

    Ainda estamos longe, mas acredito que com paciencia (de todos), podemos chegar lá.

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  7. Quando eu falo que ainda tem muita gente agindo amadoristicamente no futebol paraense (e não só no futebol, mas em quase tudo), tem conterrâneo que não gosta.
    Pois é, basta viajar um pouquinho que seja. O torcedor bicolor em tela expõe que não precisa muito para que se estanquem algumas hemorragias, problemas que muitos dizem não ter solução.
    É o complexo de vira-latas ou aquela piada do urubu do ver-o-peso (para usar um exemplo regional).
    É suficiente ter vontade política para sair desse marasmo.

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