Sem invenções, por enquanto

Por Gerson Nogueira

Ontem e hoje, técnicos de futebol tem o vício incorrigível de inventar. Às vezes, inventam esquemas que ninguém compreende, nem mesmo os jogadores. Em outros momentos, decidem mudar o posicionamento de um atleta, sob os argumentos mais esquisitos. Volta e meia, algumas experiências acabam dando certo e o sujeito acaba se consagrando como mago ou bruxo.

Nas últimas semanas de Roberval Davino no Paissandu, o alvo da experimentação foi o lateral-direito Pikachu, deslocado pelo técnico para a função de atacante. Davino baseou sua iniciativa na habilidade natural e no ímpeto ofensivo do jogador. Ocorre que, apesar de saber jogar na frente, Pikachu passou a vida atuando pelo corredor direito e chegando em velocidade, para cruzar ou finalizar. Como previsível, não jogou bem contra o Treze no mesmo dia em que o técnico perdeu o emprego.

Anos atrás, Paulo Amaral operou um desses lances inventivos e foi mais feliz que Davino. Dirigindo o Remo, lançou o lateral-direito Rosemiro como centroavante, usando inclusive a camisa 9 que pertencia ao gigante Alcino. Não era um jogo qualquer. Tratava-se de um Re-Pa e Rosemiro se saiu muitíssimo bem, marcando um golaço de fora da área. Nem é preciso dizer o quanto Amaral cresceu no conceito da torcida azulina. Esperto, porém, nunca mais repetiu a brincadeira.

Givanildo Oliveira, de estilo conservador, preferiu não arriscar e decidiu que Pikachu volta a ser o lateral que sempre foi. Para o próprio atleta, a definição vem em boa hora. Conhecido e reconhecido como um bom apoiador pelo setor direito, ele temia ficar marcado como um polivalente, capaz de ser usado como ala e até como meia-armador.

Não significa que, diante de uma eventualidade, Pikachu não possa ser chamado a substituir um companheiro de outra posição. Nesse caso, será apenas uma improvisação passageira, sem a obrigatoriedade (e a pressão) de se tornar um atacante de ofício, como queria Davino. Melhor assim, tanto para o jogador quanto para o Paissandu.

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Ambire Gluck Paul, um bicolor acima de qualquer suspeita e com longa folha de serviços prestados à agremiação, desponta como nome de consenso para as próximas eleições do Paissandu. O sonho de presidir o clube de coração não vem de agora. É tão forte quanto a outra paixão da vida de Ambire: o Salgueiro, um dos pilares do carnaval carioca.

Sondado por figuras influentes na vida do Paissandu, Ambire vem amadurecendo a ideia há algumas semanas, mas mostra-se justificadamente orgulhoso pela simples lembrança de seu nome. Sob todos os pontos de vista, a escolha é perfeita. Engenheiro e empresário bem-sucedido, Ambire é homem de muitos e leais amigos. Transita com desenvoltura por todas as correntes políticas que se entrecruzam no clube.

Por essas razões, não há nenhum outro dirigente capaz de serenar as turbulências do Paissandu. Acima de tudo, Ambire tem disponibilidade, independência e conhecimento administrativo para se transformar num grande presidente. Entre outras coisas, teria condições de profissionalizar a gestão do clube.

As conversas estão cada vez mais adiantadas e há uma boa chance de sucesso. Que situação e oposição não percam esta oportunidade de conciliação.

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Bastou Neymar voltar da Seleção para que o Santos conseguisse sair da rotina de derrotas fora de casa no Campeonato Brasileiro. Em Florianópolis, ontem à noite, ao lado de Paulo Henrique Ganso e André, o atacante reviveu lances de puro talento e voltou a mostrar o quanto pode ser decisivo. Deu gosto, principalmente, ver o lance do segundo gol santista, quando os dois amigos tabelaram até o interior da área, cabendo a Ganso o toque sutil para o fundo das redes.

Muita gente pensa diferente, mas estou convencido de que o futebol brasileiro ainda vai precisar muito dos jovens santistas. Digam o que disserem, mas o entrosamento entre Neymar e Ganso é fundamental para o êxito do Brasil em 2014.

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A coluna é dedicada ao infante João Gerson, que festeja hoje 11 anos de vida. Como amanhã é folga do colunista aqui no Bola, aproveito para também dedicar o espaço a outro ilustre aniversariante, meu pai José Dias, vascaíno-tunante de quatro costados, que vive em Baião e comemora 81 anos neste sábado. A ambos, um grande beijo deste pai e filho apaixonado.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 17)

7 comentários em “Sem invenções, por enquanto

  1. Acredito que o Givanido esteja fazendo o certo, em virtude de não ter assistido, ao vivo, o jogo contra o Cuiabá. Você quando chega num clube, que acabou de vencer, o correto é que não mexa na equipe, a não ser que um jogador titularíssimo tenha ficado fora, suspensão de jogador… .
    Penso que Giva só vai começar a definir, o “seu” time, a partir desse jogo. Uma coisa é certa, ele já chegou fazendo o que todos os técnicos que passaram pelo Paysandu, fizeram: Colocou o Héliton no banco(talvez, a mando de Lecheva).
    Alex Willian, não pode ser banco nesse time. Assim como Harisonnão pde ser titular. É apenas uma questão de tempo. Anotem.

    – É a minha opinião.

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  2. Por sua vez, o Edson Gaúcho, que é vocacionado para invenções, bem que poderia ao menos experimentar o Cametazinho na ala esquerda, ou melhor, bem que poderia repetir a experiência que na primeira vez não teve resultado ruim.

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  3. Acredito que Giva pratique a coerência como das vezes anteriores e tudo se encaixe perfeitamente na Curuzu, Quanto ao candidato a presidência pelo menos é uma renovação e é isso que o clube precisa.

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  4. Vi o jogo Figueirense x Santos. O time catarinense é horrível e não à toa está na zona de rebaixamento. Não testou o ataque santista, pois sua zaga é horrorosa. Acho que Neymar e Ganso só aparentam ser fenomenais em campeonatos e contra times de baixíssimo nível técnico, como o Campeonato Brasileiro e seus times capengas e não mais que medianos. Quando enfrentam times que marcam de forma razoavelmente forte, eles ficam encaixotados, sendo que e o paraense se limita a passes laterais e o rapaz de moicano a se jogar com estardalhaço cavando faltas.

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  5. Amigo Malcher li esta semana vc falando que vai começar a liga inglesa, por sua recomendação vou assistir um jogo desses, mas garanto que não vou aguentar.

    A única coisa boa que vejo principalmente no campeonato dos cinturas dura dos ingleses, é quando eles acertam um tiro de fora da área, que quando entra é cada golão, se bem que arrematam mas pra se livrar da bola.

    Em relação ao novo presidente do papão. Não é possível que com tantos bons nomes, dessa vez não seja escolhido uma pessoa que reuna qualidades necessárias pra poder dirigir o maior do Norte.

    Além dele, poderia dizer que tem o próprio vandik e o Bira Lima, este principalmente, gostaria muito de ver este cidadão como presidente do papão.

    On tem o Neymar mostrou mais uma vez que merece muito mais carinho dos criticos.
    Égua o cara veio de uma Olímpiada, viajou direto de Estocolmo pra jogar ontem e arrebentou no jogo.
    Leve em consideração o seu cansaço fisico e mental.

    O cara é fera mesmo. O Santos chegou pra ser campeão!

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