Tivesse acontecido em Belém o episódio seria certamente visto e analisado com tintas pesadas, resultando em punição rigorosa. Mas, como estamos falando do prestigiado (e rico) futebol europeu, é quase certo que a coisa será acomodada em suspensões suaves e alguma reprimenda pública. Refiro-me às cenas grotescas transmitidas pela TV dos tumultos ocorridos na decisão da Supercopa da Espanha, entre Real Madri e Barcelona, no último fim de semana.
Insatisfeito com a nova derrota para o maior rival, o técnico português José Mourinho literalmente furou o olho de Tito Vilanova, auxiliar técnico do Barcelona, em meio ao sururu generalizado, no estádio Camp Nou. A briga foi iniciada pelo lateral brasileiro Marcelo, que entrou criminosamente em Cesc Fábregas.
Como há o risco de nova sanção ao clube, o Real se apressou ontem em apresentar defesa antecipada de Mourinho, sabidamente um treinador afeito a criar polêmica de qualquer natureza, desde que isso lhe garanta alguns minutos de exposição midiática.
De competência comprovada, depois de títulos ganhos com o Porto, Chelsea e Internazionale de Milão, Mourinho derrapa feio nas atitudes extra-jogo, insistindo em aparecer mais que os craques que comanda e sempre pronto a provocar torcidas adversárias. Comporta-se como autêntico “bad boy” fabricado, um rebelde sem causa, que mal disfarça a condição de mau perdedor.
O Grêmio Barueri é protagonista de uma farsa escabrosa. Graças a um acordo com empresas da região, o clube tem a segunda média de público da Série B, apesar de jogar sempre para arquibancadas vazias. No papel, a média é de time de massa: 12.466 pagantes. Quando alguém se espanta, vem a explicação da própria CBF: as empresas compram ingressos dos jogos, distribuem para funcionários e convidados, que não se arriscam a ver as fracas apresentações do Barueri, um dos piores times da competição.
Para refletir. Jóbson recebeu 14 propostas (uma delas teria sido do Paissandu) desde que foi dispensado do Bahia por reincidência em atos de indisciplina. Será mesmo que o futebol está tão carente de atacantes que os clubes nem pesam as conseqüências de certas contratações?
Ganhei de presente, do alvinegro juramentado Ronaldo Passarinho, mais uma obra respeitável sobre nosso amado Botafogo. Trata-se de “Botafogo: o Glorioso”, do jornalista Roberto Porto, lançamento da Editora Leitura. Além de depoimentos saborosos de botafoguenses ilustres, como Marcos Penido, Marcelo Anthony e Beth Carvalho, o livro levanta diversas questões polêmicas sobre a Estrela Solitária.
Destaque para a dúvida eterna sobre o melhor ataque do clube em todos os tempos: Garrincha, Didi, Amarildo, Quarentinha e Zagallo ou Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Quarentinha e Zagallo.
De minha parte, humildemente, prefiro a segunda formação. Amarildo era um excepcional avante, mas Valentim era um centroavante típico, que raramente perdia gols, e Quarentinha (o nosso Valdir Cardoso Lebrêgo, maior artilheiro botafoguense de todos os tempos, com 308 gols) fazia afiadíssima dupla de área com ele, apesar de sequer se cumprimentarem.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 24)