Lições de Byafra

Por André Barcinski

Você já deve ter visto o comercial de seguros estrelado pelo cantor romântico Byafra. É um anúncio (publicitário adora usar “filme”, mas não vou tão longe) bem engraçado e espirituoso. Eu, pessoalmente, preferiria mil vezes comprar um carro com o Byafra dentro do que com o Marcelo Camelo ou Seu Jorge. Mas entendo porque Byafra foi escolhido: ele é brega, não tem vergonha disso, e é um alvo fácil para chacotas do bom gostismo classe média. Byafra impressionou por seu bom humor. Ele teve cabeça para entender que uma brincadeira dessas não compromete sua carreira, muito pelo contrário.

Porque, no Brasil, artista acha que é realeza. Com raras exceções, nossos atores e cantores parecem se julgar seres divinos, colocados aqui na Terra para nos entreter. Nos Estados Unidos, ao contrário, muitos astros não têm problema em brincar com a própria imagem. Quantas vezes Stevie Wonder não apareceu no “Saturday Night Live”? E o rapper Eminem, que topou ser alvo da bunda de Borat caindo em cima de sua cabeça na entrega de prêmios da MTV?

No Brasil, acontece o oposto: artistas fazem de tudo para “proteger” sua imagem. Há o caso recente da modelo/atriz Juliana Paes, que processou Zé Simão por comentários sobre um personagem que ela interpretava em alguma novela. E não dá para deixar de falar de Roberto Carlos, certamente o maior caso de complexo de realeza de nossa cultura pop. Sonho com o dia em que o “Rei” chegue na TV e diga algo do tipo: “Eu sou Roberto Carlos, sou o maior astro popular que esse país já teve, e sou deficiente físico!”

Já imaginou o efeito que teria uma declaração dessas? No dia seguinte, todas as esquinas do país teriam rampa para deficiente, todos os prédios teriam acessos para cadeirantes e empresas pensariam duas vezes antes de não contratar um profissional com necessidades especiais. Seria uma revolução. Mas não é isso que acontece. Em vez disso, RC se satisfaz em processar jornalistas que fazem biografias. E o país todo aplaude. Alguém pode perguntar: “Mas será que Roberto Carlos não tem o direito de não querer falar sobre o assunto?”. Claro que tem. Mas que uma declaração dessas ajudaria muita gente, isso ajudaria.

23 comentários em “Lições de Byafra

  1. Muito bom o artigo. Concordo com o autor em genero, número e grau. Rei de verdade admite o que é, não tem medo da verdade, coisa que o chato RC nunca fez.Pra mim as musicas do RC não são essa coca-cola toda não.

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  2. O texto traduz uma realidade, mas no caso do RC acho que há exageros. O cara com a fama de rei se fosse outro fazia estardalhaços, o que nuca aconteceu. Até hoje mantém essa escrita justamente por ser exemplo de comportamento. Quantos as músicas, penso que ultimamente deixou a peteca cair, mas sem dúvida tem um repertório de fazer inveja e de muita boa qualidade. Sejamos justos.

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  3. Achei excelente o texto; chega a ser impactante. Gostei tambem do exemplo do RC. De uns tempos para cá ele ficou cheio de frescuras e de não me toque. Parece até que ele tem vergonha de dizer que é deficiente físico e que usa há muito, muito tempo uma prótese na perna. Outros bom exemplo é o Faustão.

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  4. Quem foi que disse que o Roberto Carlos está preocupado com o bem estar da população???
    Só poque o cara é uma “estrela” o “Rei” não significa que ele seja uma boa pessoa!

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      1. Que por sua vez também não está preocupado com o bem estar de seus torcedores….
        dizem que tal bichano anda fazendo um som estranho algo como có cóóóóó!

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  5. Conheço aqui em Marituba um rapaz que desde que me entendo por gente ele não tira uma camisa que esconde que ele não tem um braço, ela fica jogada de lado cobrindo uma por dentro.
    Sei não gente, deficiência fisica quem tem, precisa ter o direito de expor ou não , pois não deve ser fácil.
    Por outro lado já tive um professor de Contabilidade que era deficeiente visual, totalmente.
    Por fim a sobrinha da minha esposa perdeu uma perna quando era criança quando seu pai lhe levava na garupa de bicicleta.
    Hoje tá uma morena linda e alta, mas sei que deve ter suas tristezas por isso.
    São pessoas anônimas, já o rei apesar de ser famoso, tem o seu direito de se calar também.

    Que o governo não seja deficiente visual para estes assuntos e trate de viabilizar um acesso melhor as essas pessoas em todas suas dificuldades.

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  6. Esses “ARTISTAS”,em sua maioria, se julgam acima do bem e do mal,porque a própria mídia os coloca como deuses..Na realidade eles tão se cagando para os fãs e questões sociais… Também acho inadmissível pedirem doação para campanhas “sociais” justamente do povo,sendo que os próprios poderiam tirar de seus bolsos fartos , recheados,milionários e ajudar ,acabando com esta hipocrisia…

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    1. Também não entendi muito bem não. Pode-se fazer a leitura que quiser – RC é educado, religioso,dificilmente visto de mau humor ou fazendo grosserias, prega o amor entre as pessoas e para com os animais, p ex. De Byafra voar voar subir subir, dos anos 80, poderia-se dizer que pra voltar à mídia tá tudo bem, ganhando pra isso então…

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  7. Realmente não entendi o porquê de colocarem RC como exemplo. Citaria sim vários atores globais que se acham mais do que simples seres humanos, por exemplo Carolina Dickman e Luis Fernando Guimarães.

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    1. Quer um outro exemplo ruim?
      Luana Piovani, linda por fora e horrivel por dentro, pelo menos é o que demonstra.

      Aliás o RC conseguiu a proeza de ser elogiádo nada mais nada menos pelo Edir Macedo e pelas musicas de louvor a Nazaré, segundo ele o RC engole muitos cantores gospel pela inspiração com que canta e compõe estas músicas, no que eu concordo.

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  8. O OUTRO LADO DESSA HISTÓRIA, ESTÁ NA NECESSIDADE DE APARECER NA MÍDIA. A MODA AGORA PARA A CLASSE MÉDIA SÃO, NA MINHA OPINIÃO, DUAS CANTORAS CHATAS POR SEREM COMUNS, A MARIA GADU E A PAULA FERNANDES. COMO ELA, TEMOS CENTENAS, MAS TUDO DEPENDE DE QUEM A INDUSTRIA FONOGRÁFICA VAI ENDEUSAR. A VANESSA CAMARGO É OUTRO EXEMPLO DE COMO TUDO ACONTECE. POR OUTRO LADO, O SENSACIONAL DJAVAN TEM POUCO ESPAÇO EM COMPARAÇÃO COM O “REESTARTE”(PORCARIA).

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  9. Para que o cantor falar em público se não quer , sobre sua prótese ,sobre sua deficiencia física.É uM direito dele e todo mundo hoje em dia sabe disso .Portanto EXIGIR que ele seja o cânone maior de todos os deficientes ,servindo de exemplo e falando em nome das associações de pessoas portadoras de alguma deficiencia é esquecer que ELE TEM O DIREITO de não querer se-lo.Quanto a produção musical do capixaba creio ser uma das melhroes do mundo ,levando-se em conta seu enorme repertório e vastas letras sensacionais que refletem o cotidianoe a vida de quase todos nós.Claro iso é algo subjetivo,mas prefiro ouvir um Roberto Carlos do que muita porcaria que “faz mósucess na tv”.
    Agora a critica sobre os atores e atrizes que se acham MAIORES/MELHORES que o cidadão dito comum é louvável.Eu sempre evitei chamar ator /atriz de artista.Artista é MOZART,ALEIJADINHO,CÉZZANE e outros.

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  10. AS AGRURAS DA FAMIGERADA SÉRIE D NO BLOG DO ARY.

    Desumana e deficitária, Série D precisa ser revista
    O Campeonato Brasileiro da Série D precisa ser revisto ou sepultado. É desumano uma delegação de futebol como a do Peñarol de Itacoatira, do Amazonas, ser obrigada a uma maratona de 24 horas de viagem para chegar a Rondonópolis, no Mato Grosso, para enfrentar o Vila Aurora no último dia 7.
    Primeiro o deslocamento aéreo até Brasília. Depois, continuidade do percurso a Cuiabá (MT). E na sequência um vôo rasteiro de 240 quilômetros a Rondonópolis.
    Tudo isso para uma partida mixuruca que terminou empatada sem gols e assistida por 332 pagantes. Conclusão: com a renda de apenas R$ 2.815, o Vila Aurora teve prejuízo de R$ 3.799,01 considerando-se apenas receita constante no borderô. É evidente que o déficit é acrescido com gastos com porteiros, bilheteiros, seguranças, etc.
    Na mesma partida, gasto com taxas de árbitro, auxiliares e fiscais atinge R$ 1,7 mil. O custo de transporte e diária desse pessoal é mais salgado: R$ 2.890,26. Debita-se da renda bruta despesas de aluguel de campo, taxa de seguro do público pagante, da FAAP, federação local, seguro da arbitragem e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
    Uma série de outros jogos da Série B contou com público inferior a mil pagantes, resultando igualmente em prejuízo para o clube mandante. O pior público da competição, após quatro rodadas, foi no jogo entre o Alecrim potiguar e Porto (PE), no Rio Grande do Norte, visto por apenas 18 testemunhas.
    Claro que alguns clubes são exceções. No interior paulista, a torcida do Mirassol continua motivada. Quando a agremiação recebeu o Operário (PR), as bilheterias registraram 3.902 pagantes. E aumentou diante do Cerâmica (RN), com 4.050 torcedores.
    O Santa Cruz é o diferencial nesta competição, através de sua inflamada torcida. Na estréia em casa, diante do Guarani do Ceará, foi estabelecido o recorde de público com 42.584 pagantes. E no segundo jogo no Estádio Arruda, contra o Santa Cruz do Rio Grande do Norte, o público pagante foi de 35.020.

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  11. A série D foi feita para os desesperado e não comporta todos. A ingratidão da CBF para com esta é total, mas há que brigue até em tribunais por uma vaguinha.

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  12. A grande verdade é que o Beto Barbosa está fazendo escola.Biafra trilhou o inglório caminho da autoavacalhação iniciado pelo cantor paraense.É o topa tudo por uns bons trocados e uma pequena fuga do ostracismo musical.

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