Por Cynara Menezes – Carta Capital
Há uma revelação, entre as tantas que estão vindo à tona com a divulgação dos telegramas confidenciais das embaixadas dos Estados Unidos no mundo pelo site WikiLeaks, que me deixou particularmente satisfeita. Trata-se da admissão oficial pela diplomacia americana de que o que viveu Honduras em junho do ano passado foi um golpe de Estado. G-O-L-P-E, em português claro, como escrevemos em CartaCapital. Em inglês usa-se a palavra francesa “coup”. Ninguém utilizou o eufemismo “deposição constitucional” a não ser os pseudodemocratas locupletados em setores da mídia no Brasil.É a mesma gente que, quando o governo Lula fala da intenção de regular a mídia, vem com o papo furado de que está se querendo cercear a liberdade de expressão. É o mesmo pessoal que ataca cotidianamente um líder democraticamente eleito e reeleito com palavras vis, mas que, ao menor sinal de revide verbal, protesta com denúncias ao suposto “autoritarismo”do presidente. Jornalistas, vejam só, capazes de ir lamber as botas dos militares em seus clubes sob a escusa de que a democracia se encontra “ameaçada” em nosso país.
Pois estes baluartes da liberdade de imprensa e de expressão no Brasil foram capazes de apoiar um regime conquistado pela força a pouca distância de nós, na América Central. Quando Honduras sofreu o golpe, estes falsos democratas saíram em campo para saudar o auto-empossado novo presidente Roberto Micheletti, que mandou expulsar o eleito Manuel Zelaya do país, de pijamas. Dizem-se democratas, mas espinafraram Lula e seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por se recusarem a reconhecer um governo golpista. Quem é e quem não é democrata nessa história toda?
Não se engane, leitor. Disfarçados de defensores da democracia, estes “formadores de opinião” são na verdade carpideiras do regime militar. Choram às escondidas de saudades dos generais. Quando se colocam nas trincheiras da “liberdade de expressão” contra o governo, na verdade estão a tentar salvaguardar o monopólio midiático de seus patrões, não por acaso beneficiados pela ditadura. Dizem-se paladinos da imprensa livre, desde que seja aquela cevada pelas graças do regime militar. Não à toa, elogiam quem morreu do lado dos generais e difamam quem foi torturado e desapareceu lutando contra a ditadura.
As carpideiras do golpe se disfarçam sob a máscara dos bons moços, cheios de senso de humor “mordaz” (alguns humoristas de profissão, inclusive) e pretensamente bem formados intelectualmente. Mas não é difícil identificá-las: fique de olho em gente que diz que “todo político é igual”, que despreza o brasileiro com declarações do tipo “somos todos Tiriricas” e que prega o voto nulo nas eleições. Repare bem: prescindir do voto é abrir mão de ser cidadão. Na ditadura, não se votava, lembra? As carpideiras do regime militar tentam se conter, mas volta e meia se traem.
É mais fácil reconhecer uma carpideira dos milicos em tempos de guerra do que de paz. Durante as eleições, foi só surgir a polêmica sobre a descriminalização do aborto que elas mostraram a verdadeira face, erguendo a bandeira da ala mais obscurantista da igreja católica. Com a invasão policial dos morros cariocas no fim de semana, a mais “tchutchuca” entre todas as carpideiras da ditadura teve a desfaçatez de postar no twitter: “E se o BOPE, a Polícia e as Forças Armadas, depois da operação no Rio, fossem limpar o Congresso Nacional?” Nenhum respeito às instituições: é dessa matéria que se fazem os golpistas.
Se foram capazes de colocar o presidente Lula, do alto de sua popularidade, em capa de revista com a marca de um pé no traseiro, é de se presumir que as carpideiras do regime militar não darão trégua a Dilma Rousseff. Já começaram por escarafunchar seu passado de guerrilheira. Que ninguém se engane, as carpideiras estão à espreita. Esperam um deslize qualquer de Dilma para tentar defenestrá-la. Estão louquinhas por uma “deposição constitucional” como a que houve em Honduras, porque jamais admitirão ser o que são: groupies de ditadores. Os papéis do Wikileaks deixam claro, porém, que nem os Estados Unidos se enganam mais com golpistas.
Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto “Jornal da Bahia”, em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a “Folha de S. Paulo”, “Estadão”, “Veja” e para a revista “VIP”. Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.
As carpideiras são facilmente identificaves, as vivandeiras não.
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Quem sabe, sabe.
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Essa Cynara Menezes deveria se juntar ao bando deliquente do complexo do alemão para disparar seu ponto de vista sobre os milicos, mas convicta deve estar se sentir mais fortemente armada com caneta e papel em mãos blindada pela força da Imprensa.
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Taí uma legítima carpideira e não se dar conta.
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De um lado as carpideiras do regime militar e do outro as vivandeiras que não se afastam dos gabinetes palacianos.
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As sombras do passado não conseguem livrar os militares do preconceito de alguns. Em todo segmento social há os bem intencionados, como os maus profissionais, Não devem ser generalizadas ações isoladas e impregnar instituições como um todo. Gente de bem que reside no complexo do alemão dão provas de agradecimentoo pela libertação escrava em que viviam e estes são guradiãs da sociedade e devem ser valorizados, mas sempre é a camada mais humilde da sociedade é que faz as justas referencias. No nínimo é suspeita o comportamento da tal jornalista que com certeza mal sabe iniciar o o canto do hino nacional.
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E o que siginifca cantar o Hino Nacional meu caro? É sinônimo de “amor à pátria”? Saiba que seções solenes dos poderes constituídos são precedidas do nobre hino, o que não significa dizer que todos ali amam este país… muito pelo contrário…
Isso está mais para o famigerado slogan “ame-o ou deixe-o”.
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Meu senso de interpretação deve estar muito descalibrado e, por isso, tão diferente do que o Sr. Carlos entendeu sobre o texto.
A autora não questionou a ação específica ocorrida no Complexo do Alemão (RJ), mas fez referência a ele por ter sido utilizado pela “mais “tchutchuca” entre todas as carpideiras da ditadura” para atingir insituições democráticas imprescindíveis ao nosso Estado de Direito, dentre outras coisas.
A jornalista, afora sua evidente postura ideológica em defesa do governo, quer fazer crer que, acima de tudo, o Estado democrático deve prevalecer. Neste ponto, merece todos os aplausos.
Afinal, defender ditadura e tudo o que cala – objetivos prioritários dos governos militares – deve ser nosso ideal. A não ser que caibamos no modelito de carpideira que ela define.
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Pontos de vistas diferentes, nada mais.
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ESSA JORNALISTA É MAIS DO QUE SUSPEITA EM SUAS OPINIÕES…EM RELAÇÃO AO CONGRESSO E ATÉ AS ass.Legislativas as carpidferias verdaderias se disfarçam de e atuam como ervas daninhas.vide o aumento salarial DOS DEPUTADOS LOCAIS EM FORMA DE JETON.O JADER POR EXEMPLO QUE TETNA SE SAFAR DE UMA PUNIÇÃO ,SEQUER COMPARECE ÀS REUNIÕES DA COMISSÃO EM QUE ERA LOTADO NA CAMARA FEDERAL.OU SEJA esses puxa-sacos do SAPO BARBUDO TEM MEDO DE PERDER A “BOQUINHA”.
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QUANTO AO FATO DE DEFENDER O ESTADO DEMOCRÁTICO A VALIDADE É RELATIVIZADA PORQUE O POVO BRASILEIRO NÃO SABE VOTAR.ESCOLHEM LARAPIOS E PICARETAS PRA GOVERNAREM.COLOCAM O GATO PRA CUIDAR DO LEITE NO PIRES E AÍ NÃO TEM ESTADO DEMOCRÁTICO QUE AGUENTE ,BARBARIDADE…
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A validade de defender o Estado democrático é relativizada? Como assim, cara-pálida??!
Se não consegue discernir que é o Estado democrático quem garante a qualquer um, a qualquer tempo e em todos os espaços, se manifestar sobre toda e qualquer opinião, contrária ou não, fica difícil de argumentar.
Quanto ao voto, que é apenas um dos instrumentos da democracia, tanto melhor será quanto mais for repetido. Negar o direito de voto sob alegação de que o povo não sabe votar só faz coro com os saudosos órfãos do regime militar que vigorou até 1985, de triste lembrança.
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A carpideira petista eleita com muitos votos dos aposentados disse que o salário mínimo será de R$ 540,00 e nem um centavo a mais. Depois que a boca da urna fecha não dar espaço para lamentações. Os por direitos sedentários do INSS que se conformem com o penalti perdido.
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E com o “preparado” meu caro, esse aumento seria diferente?
A verdade é que, em que pese a coloração ideológica da jornalista (o que pode ser ou não um sofisma), ela reforça teses já há muito debatidas, confrontadas e confirmadas. e coloca o dedo na pústula, como muitos têm colocado há aproximadamente 25 anos. Há, porém, carpideiras de ambos os lados.
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