Como em tantas outras oportunidades, dois velhos conhecidos da torcida do Paissandu foram novamente decisivos, ontem, na vitória de virada sobre o Independente. Zé Augusto, lançado para dar mais agressividade ao ataque – até então inoperante –, sofreu o pênalti que levou ao empate. E Sandro, responsável pela execução do penal e que encaixou o passe curto e preciso para Moisés desempatar o jogo.
Descrita assim, parece que a missão de ambos (e do Paissandu) foi simples. Muito pelo contrário. O time levou 90 minutos para conseguir balançar as redes adversárias, sofrendo com o desentrosamento dos jogadores, problemas de condicionamento e inconsistência no setor de criação.
As bolas eram recuperadas na marcação, mas os jogadores não sabiam o que fazer em seguida. Sandro tentava organizar as coisas no meio, mas não encontrava alternativas nem à frente, muito menos pelos lados do campo. Zeziel, o camisa 10, funcionava como o volante que sempre foi. Deslocava-se muito, tentava produzir, mas era mais eficiente no combate aos adversários.
Por falta de um especialista na criação, o Paissandu correu quase sempre para chegar atrasado. Lento em demasia, quando ia à frente, esbarrava no firme bloqueio defensivo do Independente, liderado pelo bom zagueiro Roberto. Como não conseguia administrar a posse de bola, expunha-se a contra-ataques seguidos e que ficaram cada vez mais perigosos à medida que o Paissandu cansava.
Para complicar ainda mais a vida do estreante técnico Luiz Carlos Barbieri, seus laterais (Parral e Fabinho) não funcionaram. Pior: os volantes Tácio e Muçamba também destoavam, sobrecarregando o trabalho da defesa. Foi, então, que sobressaiu a figura do zagueiro Vítor Hugo, uma das melhores peças desse novo Paissandu.
Quando Ró marcou, aos 23 do segundo tempo, o Independente era superior na partida e parecia mais próximo de fazer o segundo gol do que ceder a igualdade. E quase aumentou minutos depois, através de Joel, que desperdiçou chance clara diante de Fávaro.
Ante a derrota iminente, veio o toque de ousadia do treinador do Paissandu, que abriu mão do quase nulo Parral e pôs Zé Augusto em campo, recurso de 10 entre 10 técnicos do Paissandu quando a corda aperta. E o ídolo da torcida não negou fogo. Cavou o pênalti que abriu o caminho para a virada, consumada um minuto depois, através de Moisés. Como se vê, a vitória caiu do céu, mas o susto foi grande.
Registre-se que, do outro lado, Samuel Cândido optou pela estratégia conservadora: trocou o atacante Ró pelo zagueiro Adriano, tentando fechar ainda mais os caminhos para o Paissandu. Não deu certo, mas é preciso reconhecer que o castigo foi duro demais para o Independente, que teve bom desempenho e fez por merecer resultado melhor.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda, 18; fotos de Mário Quadros)


