O zagueiro Rafael Jansen voltou a treinar com o elenco do Remo. Ele havia pedido desligamento do clube para jogar no Hapoel Tel Aviv de Israel, mas a fronteira do país foi fechada para estrangeiros vindos de países com alto índice de contágio pela covid-19.
Jansen retornou a Belém nesta quarta-feira (22), realizou exames médicos e está treinando separado do restante dos jogadores. O zagueiro tem contrato em vigência com o Remo até 15 de outubro. Caso a transferência para Israel não se confirme, ele será reincorporado ao elenco.
Além de Rafael Jansen, o Remo tem mais cinco zagueiros no elenco profissional: Kevem, Mimica, Fredson, Neguete e Gilberto Alemão. Kevem está lesionado e só volta a treinar em duas semanas e Fredson está suspenso por três partidas, devendo desfalcar o Remo até as semifinais do Campeonato Paraense.
Morreu na manhã desta quinta-feira, aos 88 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, o músico, compositor escritor, pintor e cineasta João Lutfi, que passou à história com o nome artístico de Sergio Ricardo. Um dos integrantes de primeira hora da bossa nova, autor de canções como “Zelão”, e diretor de expressão do cinema novo (com o longa “Esse mundo é meu”, de 1963), Sergio ganhou fama, a contragosto, em 1967, por ter quebrado um violão no III Festival da Música Brasileira, quando foi vaiado ao apresentar a canção “Beto bom de bola”.
Não foi divulgada a causa da morte do artista. Descendente de libaneses, Sergio Ricardo nasceu em 1932 em Marília, no estado de São Paulo. Em 1940, entrou para o Conservatório da cidade, onde estudou piano e teoria musical, e, seis anos depois, mudou-se com a família para a capital. Em 1949, ele foi para Santos, onde trabalhou com rádio e como pianista de boate.
O nome Sergio Ricardo, ele ganhou em meados da década de 1950, em São Paulo, quando foi contratado como ator pela TV Tupi. Sua carreira de compositor começou logo depois, quando a cantora Maysa gravou sua canção “Buquê de Isabel”. Apresentado ao pessoal da bossa nova por Miele, Sergio participou, em 1958, de espetáculos com o grupo e, dois anos depois, gravou o LP “A bossa romântica de Sérgio Ricardo”.
“O Miele me pegou na televisão e me levou para a casa da Nara (Leão) porque o pessoal queria as minhas músicas. Ali, nasceu o meu trabalho na bossa, mas eu não fiquei muito tempo, não, porque a questão política me chamou, e eu passei para a música de protesto. E dali eu não saí mais”, disse o compositor ao GLOBO em 2017. Naquela época, ela lançaria sua mais famosa canção engajada, “Zelão”.
Em 1962, ele ainda participou do show da bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York, mas no ano seguinte já estaria fazendo a trilha sonora de “Deus e o diabo na terra do sol”, filme clássico do cinema novo, com fortes tons políticos, do diretor baiano Glauber Rocha.
Depois de estrear em 1961, como diretor, com o premiado curta-metragem “O menino da calça branca”, Sergio Ricardo estreitou seus laços com o cinema novo, de filmes realistas com temática social, e lançou em 63 o seu primeiro longa, “Esse mundo é meu”, que acompanha a vida de dois moradores de favela.
Com direção de fotografia do seu próprio irmão, Dib Lutfi (que se tornaria um dos mais celebrados profissionais do cinema brasileiro), o filme estrelado por Antonio Pitanga, Ziraldo e Agildo Ribeiro deu a partida numa carreira de diretor que ainda incluiria longas como “A noite do espantalho” (1973, cujo protagonista foi vivido pelo cantor Alceu Valença) e “Bandeira de retalhos” (2018, que Sergio filmou no morro do Vidigal, Rio, onde morava).
Nos últimos anos, o músico e cineasta vinha se dedicando à pintura (chegou a vender algumas telas para complementar o orçamento) e ao espetáculo “Cinema na música”, em que cantava as suas composições feitas para filmes, acompanhado pelos filhos Marina e Adriana Lutfi (vozes) e João Gurgel (voz e violão). O show virou CD e DVD ao vivo, com participações especiais de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Dori Caymmi e João Bosco. (Com informações de O Globo)
A CBF divulgou nesta quinta-feira, 23, o novo calendário das competições de base. O Brasileirão Sub-20 puxa a fila começando no dia 23 de setembro e indo até o dia 7 de fevereiro de 2021. Com o Bragantino representando o Pará, a Copa do Brasil Sub-20 terá início no dia 7 de outubro. A CBF ainda não detalhou a tabela, porém, com base na primeira tabela divulgada em fevereiro, o Tubarão do Caeté deverá enfrentar o Tupi-MG na primeira fase. Inicialmente, o mando da partida era do Bragantino.
Confira a data das outras competições:
Brasileirão Sub-17: 11 de outubro a 20 de dezembro
Brasileirão de Aspirantes: 18 de outubro a 21 de janeiro de 2021
Copa do Brasil Sub-17: 25 de novembro a 31 de janeiro de 2021
Supercopa Sub-17: 11 de fevereiro de 2021
Supercopa Sub-20: 11 de fevereiro de 2021
Copa do Nordeste Sub-20: 2 de dezembro a 14 de março de 2021
Nesses tempos de quarentena e de pandemia do coronavírus, que aqui na terra da jabuticaba não quer baixar o tal do patamar do número de óbitos, quase que diariamente ultrapassando o número de mil vítimas fatais por causa desse governo militar genocida, a gente acaba ficando que nem cachorro tentando pegar o próprio rabo, procurando coisas para fazer e não pirar de uma vez por todas.
Se estamos mais ou menos vivos é por causa do isolamento social e dessa quarentena que não acaba.
E o que não canso de ver é o show do Marvin Gaye em Montreux de 1980, que repetiu umas quatro vezes em um desses canais de TV por assinatura, e assisti todos eles como se fossem a primeira vez. Outro, que repetiu outro dia, foi um pequeno documentário, com meia hora de duração, no mesmo canal, que mostrou a versatilidade desse genial compositor e cantor da soul music, e que nos deixou trágica e prematuramente nos seus 45 anos de idade.
No ano de 1971, os Estados Unidos estavam levando um couro na guerra do Vietnã e por aqui o povo estava levando um couro do governo militar instalado pelo golpe de 1964.
Músicas memoráveis como “What’s Going On” e “Mercy Mercy Me” (The Ecology) de Marvin Gaye do ano de 1971, são de uma beleza ímpar e extremamente atuais, pelas suas mensagens, para esses tempos confusos e autoritários que estamos vivendo nos dias de hoje.
O trecho traduzido de “What’s Going On” como “Piquetes e cartazes / Não me puna com brutalidade / Fale comigo, então você poderá ver / Oh, o que está acontecendo / O que está acontecendo / Sim, o que está acontecendo / Ah, o que está acontecendo”, será que nos faz lembrar a polícia descendo a ripa nas manifestações de rua das pessoas que não apoiam o atual governo militar?
O trecho traduzido de “Mercy Mercy Me” (The Ecology) como “Misericórdia, misericórdia de mim / Ah, as coisas não são o que / costumavam ser, não, não / Óleo desperdiçado no oceano e em cima / nossos mares peixe cheio de mercúrio”, será que nos faz lembrar aquele misterioso derramamento de óleo no mar que atingiu as praias do nordeste brasileiro e ninguém do atual governo militar falou mais nada?
Mas e o Timão, o Corinthians, o que tem a ver com isso? Talvez alguma coisa, porque cá entre nós, o Marvin Gaye tem a cara do Corinthians, não é mesmo?
O Marvin Gaye nesses programas, do show e do documentário reprisados, não faz você pregar o olho na frente da TV. Foi o mesmo o que aconteceu para quem esteve presente no Campeonato Paulista do ano de 1971, num Morumbi com mais de 66 mil pessoas, na frente do inesquecível Corinthians 4 x Palmeiras 3, com dois gols de Mirandinha, um de Adãozinho e outro de Tião, para um Timão escalado com Ado; Zé Maria, Sadi, Luis Carlos e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia (Natal), Samarone (Adãozinho), Mirandinha e Peri.
Já esse jogo de ontem foi “sin salero”, como dizia minha avó Gregória. Num Itaquerão sem torcida por causa do isolamento da pandemia do coronavírus, o Corinthians 1 x Palmeiras 0 foi o mesmo que chupar dropes Dulcora, “a delícia que o paladar adora”, sem tirar o papel celofane.
Até quando vai durar esse “novo normal”?
O que está acontecendo? Misericórdia, misericórdia de mim!
*Heraldo Campos é Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e Doutor em Ciências (1993) pelo Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo – USP. Pós-doutor (2000) pelo Departamento de Ingeniería del Terreno y Cartográfica, Universidad Politécnica de Cataluña – UPC e pós-doutorado (2010) pelo Departamento de Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo – USP.
O futebol não vai ficar eternamente órfão de torcida nos estádios. É possível que, até o fim da temporada, o avanço do novo coronavírus seja controlado no país, com redução de contágio e queda do número de óbitos. Ao nível de hoje, porém, com média superior a 1.200 mortes diárias (81.487 no total), é impraticável a normalização plena dos espetáculos esportivos até dezembro de 2020.
A maioria dos clubes perde uma receita brutal com a restrição de presença dos torcedores. A dupla Re-Pa, que arrasta multidões a seus jogos, já começa a sentir o impacto da falta de bilheteria. O Parazão, que será reiniciado a 1º de agosto, será de portões fechados.
É o ônus a pagar em troca da segurança e do bem-estar da população. Nenhum país europeu liberou jogos com torcedores, embora a Fifa tenha estudos encaminhados a respeito. Acontece que o nível de incertezas quanto ao risco de contágio proíbe qualquer passo nessa direção.
Quando vários institutos de pesquisa e universidades apontam o risco de recontaminação de pessoas pela covid-19, a ideia de normalização plena do futebol soa temerária. Os clubes mais prejudicados no aspecto financeiro são obviamente os mais empenhados em defender o abrandamento do critério de reabrir as arquibancadas ao público.
No Rio de Janeiro, a federação quase acatou um decreto da prefeitura para permitir torcedores pagantes nos estádios, ocupando 50% dos lugares. A previsão era que isso ocorresse em junho, ainda no Campeonato Carioca, também apelidado sugestivamente de Covidão 2020. A intensa repercussão negativa evitou que a proposta macabra fosse levada a cabo.
Em entrevista, ontem, o presidente do PSC, Ricardo Gluck Paul, indicou a intenção de levar um plano elaborado pelo clube para a avaliação da Prefeitura de Belém, propondo a liberação de parte da lotação da Curuzu para os jogos do Brasileiro da Série C.
Sem estabelecer prazos, Ricardo explicou que o clube executa o seu protocolo para que possa vir a ter público pagante ainda durante a Série C 2020. O plano a ser encaminhado à PMB, segundo ele, prevê que a abertura seja segura e gradual.
O clube tem o direito legítimo de defender essa possibilidade. Embora impraticável no momento, a ideia pode ser o embrião para a flexibilização das normas que envolvem o futebol. O problema é que, a seguir no ritmo atual de casos da doença no Pará, com 144 mil infectados e 5.616 óbitos (segundo o boletim atualizado da Sespa), a proposta do Papão só terá chance de aprovação em 2021.
Torcida encarnada protesta contra contratação de Jesus
Para surpresa de muita gente, a chegada do técnico Jorge Jesus a Lisboa não foi tão triunfal e festiva como se previa. Muito ligado ao Benfica, o Mister voltou por cima, consagrado pela brilhante passagem pelo futebol brasileiro comandando o Flamengo. Ocorre que o maior clube português enfrenta período financeiro turbulento, o que motiva e explica a rejeição de boa parte da torcida à contratação milionária de JJ.
A agremiação encarnada tem sido sacudida por embates políticos virulentos nos últimos anos. A participação pouco convincente nos torneios europeus enfraqueceu a atual diretoria e fez com que a oposição ganhasse fôlego para protestos cada vez mais frequentes. Jesus é a bola da vez e sentiu o bafo do dragão logo no desembarque. E, pelo visto, os problemas estão apenas no começo.
Jesus preferiu trocar, por um salário polpudo, a tranquilidade e a glória de “rei do Rio” pelas águas revoltas do Tejo. Precisará mais do que nunca sacar alguns novos truques da cartola.
Cores da Revolução Cabana inspiram nova camisa azulina
Sempre que a história é lembrada em cores vivas no país que não valoriza o passado, o ato deve ser aplaudido. O Remo se baseou nos ideais da Revolução Cabana, a única rebelião de inspiração popular no Brasil, para formatar sua terceira camisa para a temporada.
Nas cores da bandeira do Pará, com predomínio do tom vermelho, a nova camisa foi bem recebida nas redes sociais, não apenas pelos torcedores remistas. Gente de outras praças e até torcedores bicolores aplaudiram a iniciativa, que deveria ser seguida pelos demais clubes.
Estádio da Curuzu sediará o clássico Re-Pa após 18 anos
A tabela das nove primeiras rodadas da Série C liberadas ontem pela CBF traz uma novidade de caráter histórico para o futebol paraense: o primeiro Re-Pa do Brasileiro será realizado no estádio da Curuzu no domingo, 4 de outubro, às 20h. Será a primeira vez que o Remo visitará o arquirrival em mais de 18 anos. O pesquisador Jorginho Neves informa que o último choque-rei disputado no campo do Papão ocorreu em 17 de março de 2002, valendo pela Copa Norte. Balão fez o gol da vitoria remista.
O campeonato começa primeiro para o Papão, no sábado, 8 de agosto, recebendo o Santa Cruz na Curuzu, às 17h. O Leão estreia no domingo (9), às 18h, no acanhado estádio Eliel Martins, em Riachão do Jacuípe (BA), contra o Jacuipense.
Cidades e estádios pré-definidos são os utilizados habitualmente pelos clubes mandantes. A CBF ainda lembrou que os clubes concordaram em jogar fora de suas cidades ou Estados, caso haja necessidade de cumprimento das restrições sanitárias. Nesse caso, as mudanças devem ocorrer até 10 dias antes da data do jogo.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 23)
A hidroxicloroquina mostrou algum efeito antiviral no organismo de macacos infectados com o novo coronavírus, mas não teve resultados quando testada em um modelo de vias aéreas dos humanos, mostrou um estudo (em inglês) publicado hoje na revista Nature. Segundo os pesquisadores franceses, “a hidroxicloroquina mostrou atividade antiviral em células renais do macaco verde africano, mas não em um modelo de epitélio das vias aéreas humanas reconstituído”.
Nos testes com macacos, os cientistas afirmam ter usado diferentes estratégias, inclusive administrar a hidroxicloroquina em combinação com a azitromicina. Tanto o medicamento sozinho, quanto combinado não teve resultado significativo nos primatas a ponto de ser considerado eficaz. Quando utilizada como profilaxia, a hidroxicloroquina não resultou em proteção contra a infecção, dizem os pesquisadores.
“Nossos resultados não apoiam o uso de hidroxicloroquina, isoladamente ou em combinação com azitromicina, como tratamento antiviral para a covid-19 em humanos”, escreveram os cientistas. O estudo foi uma parceria entre as universidades de Paris e de Aix-Marselha, do Instituto Pasteur e do Centro Nacional de Referência de Vírus das Infecções Respiratórias da França e envolveu vários especialistas. Até agora, não há comprovação científica da eficácia da hidroxicloroquina ou do cloroquina no combate à covid-19.
Um outro estudo, também publicado hoje na revista, afirma que a cloroquina não inibe a infecção de células pulmonares em humanos infectados com o novo coronavírus. Um dos resultados apontados pelos pesquisadores aponta que uma prótese celular responsável por ativar o vírus torna a infecção pela covid-19 “insensível à cloroquina”. Além disso, o medicamento “não bloqueia a infecção” na linha celular pulmonar.
“Estes resultados indicam que a cloroquina tem como alvo uma via de ativação viral que não é operativa nas células pulmonares e é improvável que proteja contra a disseminação da SARS-CoV-2 (nome científico da covid-19) nos pacientes”, escreveram os cientistas. Esse segundo estudo foi comandado por universidades e laboratórios da Alemanha e da Rússia.
“Aposto que são péssimos. Mas, talvez, se eles tocarem possam melhorar”. Essa era a premissa de Hilly Kristal quando, em 1974, inaugurou a nova fase do CBGB, templo do punk nova-iorquino, localizado na suja e barra pesada Bowery Street, ao sul de Manhattan.
Voltemos para um ano antes no tempo. Kristal sempre acreditou que a música estava no comando. Mas não exatamente o gênero punk. Quando abriu o bar, em 1973, o tipo de música que iria botar para tocar era aquela que “tiraria o mundo do capitalismo selvagem por meio da arte”. Era o “Country, Bluegrass e Blues and Other Music Uplifting Gormandizers” (CBGB & OMFUG), algo como “venha ouvir o country, o blues e outras músicas que sacudam os gulosos”. O conceito disso tudo só ficou mesmo na sigla. Poucos visitantes cabeludos, barbudos e de botas de couro entravam no local.
Quem começou a frequentar o bar de Kristal era clientela com pouca grana – aspirantes a artistas, strippers, jornalistas e uma gurizada esquisita que procurava por um lugar para tocar. Na época, o Max’s Kansas City, reduto do The Velvet Underground e de toda a geração do pré-punk (incluindo o glam que já estava em final de carreira), fechava as portas. O descolado Mercer Arts Center, outro local que abrigava shows, havia, literalmente, vindo chão abaixo.
Embora a cena punk estivesse florescendo em outros locais, como em Boston, o CBGB era “o lugar”. Era para onde a juventude queria ir, seja para estar no palco ou na plateia. Não importava se o cachorro de Hilly fizesse cocô em qualquer lugar dentro do bar, se os músicos tivessem que dividir o palco com ratos ou se todos tivessem que usar um banheiro que era um esgoto a céu aberto (quando vejo as fotos do banheiro do CBGB penso que o banheiro do Linos, nosso eterno bar punk aqui de Curitiba, cheirava a Cashmere Bouquet!
O CBGB tornou-se um mundo paralelo para aqueles que queriam algo a mais com a música. Sem amarras, sem censura. Richard Hell (ex-Television e depois do The Voidoids) em uma matéria especial sobre os 30 anos do CBGB, publicada pela Uncut, em 2005, diria que “o CBGB ajudou a criar a identidade do punk, de que tudo está caindo aos pedaços, ninguém tem nada para perder, derrube todas as suas esperanças e pretensões e diga o que você tem para dizer”. Ou seja, rolava mesmo um sentimento de pertencimento, de um lugar onde a mente podia funcionar da forma que cada um quisesse.
Patti Smith – Horses (1975), The Ramones – Ramones (1976), Blondie – Blondie (1976), Television – Marquee Moon (1977), Richard Hell & The Voidoids – Blank Generation (1977), Talking Heads – Talking Heads (1977), The Dead Boys – Young, Loud and Snotty (1977). Nenhum desses álbuns teria feito parte da sua audição se não fosse por Hilly Kristal, pois foi no CBGB que Nick Gant, Craig Leon, Richard Gottenrer, Andy John, e muitos outros produtores musicais, foram buscar seus pupilos para produzi-los e lançá-los ao mundo fonográfico.
E foi com esse arsenal de álbuns que o punk foi visitar a rainha. O CBGB e alguns da sua trupe tornaram-se um catalisador para a cena punk inglesa. Joe Strummer diria que se o primeiro álbum do Ramones não tivesse sido lançado, e a banda não tivesse tocado na Inglaterra, ele teria dúvidas se teria acontecido uma cena punk por lá.
O CBGB fechou em 2006. E não foi porque Kristal estava quebrado financeiramente ou cansado da sua saga. Ele simplesmente não conseguiu renovar o contrato de locação. Em 1973, quando abriu o bar, o aluguel custava 600 dólares mensais. Em 2004, estava em 19 mil dólares. No último ano chegou a 65 mil dólares. E no final, os carniceiros do ramo imobiliário pediram 200 mil dólares por mês! Dizem que a especulação imobiliária pelo local incluía o dedo de Mike Bloomberg, prefeito de Nova Iorque, de 2002 até 2013.
Apesar dos pesares, o fato parece ter sido coisa feita. Pouco depois do fechamento do CBGB, Hilly descobriu que estava com câncer. Morreu em 2007. Certamente deve ter levado com ele o lema “Você tem que ouvir para escutar”. Se você fuçar na rede irá encontrar muita coisa sobre o Hilly e seu bar – o site do CBGB, uma página em homenagem a ele, documentários e alguns livros (nenhuma biografia oficial, que eu saiba).
E há também o filme CBGB Movie (No Brasil saiu como CBGB – O Berço do Punk Rock), lançado em 2013. O filme não é o melhor retrato do que realmente aconteceu em Bowery Street. Soa meio caricato, equivocado em alguns momentos, por vezes romantizado. Mas vale pelo enredo que traça a jornada de Hilly Kristal e pela impecável atuação de Alan Rockman, no papel de Kristal.
Nesta quarta (22), Jair Bolsonaro anunciou ainda estar com Covid-19 após receber resultado do terceiro teste. A web não está perdoando e trazendo memes sobre a tão recomendada cloroquina pelo presidente. Assunto é um dos temas mais comentados na rede social Twitter.
Em meio às recomendações do presidente do Brasil de uso de hidroxicloroquina para tratamento da doença, que já registrou mais de 2,1 milhões de casos e 81,5 mil mortes somente no Brasil, os internautas estão contestando a eficácia do medicamento, visto que o presidente ainda continua doente.
Não demorou muito para surgir memes depois do anúncio de Jair Bolsonaro, que fez com que o assunto “cloroquina” chegasse ao topo dos mais comentados no Twitter hoje.
“O Espírito Guerreiro Clube do Remo”. Com esta frase, a diretoria de marketing do Clube do Remo lançou nas redes sociais nesta quarta-feira (22) o terceiro uniforme do time de futebol para a temporada 2020. A camisa tem como inspiração a revolução da Cabanagem (1835-1840), única revolta popular ocorrida no Brasil. Os ideais de vitória, inclusão, bravura e luta por independência do movimento cabano ajudaram na formação histórica e cultural do Pará e do Clube do Remo.
Com a camisa especial, o clube presta sua homenagem à Revolução Cabana. O terceiro uniforme foge ao tradicional azul marinho e apresenta uma base vermelha bordeaux em referência à bandeira do Pará e do sangue derramado pelo povo cabano. A estética representa o movimento e o regionalismo, com detalhes marajoaras na parte da frente.
A camisa possui gola com decote em V dourado, que se sobrepõe no centro e na nuca. Na manga, em branco, constam os anos de início e o fim da Cabanagem, junto com o escudo do clube. Nas costas, o mapa do Brasil, em destaque o Estado do Grão-Pará, e embaixo a frase “O espírito guerreiro do Clube do Remo”, além do selo de 115 anos do Rei da Amazônia, completados em fevereiro. A nova coleção também tem uma versão branca, que será usada pelos goleiros na temporada, com os mesmos detalhes.
O design foi desenvolvido e desenhado pelo próprio departamento de marketing do Clube do Remo, após cuidadosa pesquisa, como forma de destacar o orgulho de fazer parte do Pará, da Amazônia. “Certamente é uma das camisas mais lindas e representativas do mundo. O contexto valoriza nossa história, nossa gente. O espírito da Cabanagem é o espírito aguerrido do Clube do Remo”, disse Renan Bezerra, diretor de marketing do clube.
O torcedor azulino pode adquirir a nova camisa a partir do dia 15 de agosto, modelos masculino e feminino, em todas as Lojas do Remo, no valor de R$ 220,00, com desconto para sócios. (Fotos: Diego Santos)
Torcedores são mais sensatos e lúcidos que a cartolagem brasileira. A constatação, visível há tempos, é reforçada a cada nova pesquisa. Enquanto o país avançava com perdas humanas e infectados pela covid-19, os dirigentes do futebol – Flamengo à frente – iniciaram em junho uma cruzada pela volta imediata das competições.
O objetivo foi alcançado e o Campeonato Carioca retomado no dia 18 de junho, apenas 15 dias depois do pico da pandemia no Estado do Rio de Janeiro, em afronta inaceitável a todos os critérios e protocolos de prevenção contra a doença definidos pela OMS.
Apesar da grita isolada de Botafogo e Fluminense, ficou tudo por isso mesmo, o Flamengo impôs sua força na federação do Rio e levou a cabo a temerária e apressada volta do futebol, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte, motivado pela preocupação com faturamento e publicidade.
Pode ter ficado a impressão de que a atitude dos dirigentes não teve consequências, mas uma pesquisa divulgada ontem mostra que 77% da população considera que a volta do futebol aconteceu muito cedo e reflete descuido e pouco caso com a saúde da população. Em resumo, o jogo da vida é muito mais importante que o futebol.
O estudo, realizado entre os dias 7 a 10 de julho, foi feito pela Toluna, empresa que trabalha com insights do consumidor sob demanda. Foram entrevistadas 634 pessoas de todo o Brasil. A maioria avalia que os organizadores deveriam esperar mais tempo para a volta das atividades.
Com relação ao Campeonato Paulista, que reestreia hoje, a reprovação é de 68%. A ideia de realizar de jogos com torcida nos estádios sofre rejeição ainda mais pesada: 86% dos entrevistados é contra a medida, ideia tresloucada que chegou a ser defendida pela Ferj e Prefeitura do Rio.
A pesquisa revela um ponto importante: entre os torcedores que costumam frequentar estádios 58% responderam que não irão a campo este ano, nem que a medida seja considerada segura pelas autoridades.
A própria agenda dos campeonatos também desperta preocupação entre os entrevistados, visto que alguns estaduais ainda estarão em andamento quando o Brasileirão e a Copa do Brasil voltarem – o Parazão é um exemplo. Para 51% dos entrevistados, os estaduais deveriam ser cancelados para priorizar competições nacionais.
Quanto a medidas de prevenção contra a transmissão do novo coronavírus, o apoio mais forte vai para jogos sem torcidas nos estádios (79%), seguido da realização de testes e isolamento de atletas (52%), testes em todos os profissionais envolvidos nos eventos (46%) e proibição de contato físico na comemoração de gols (44%).
O levantamento seguiu o critério de classificação de classes utilizado pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), com pessoas acima de 18 anos, de todas as regiões, com 3 pontos percentuais de margem de erro e 95% de margem de confiança.
É um dos primeiros estudos sobre os humores do torcedor quanto à volta do futebol e revela aspectos que deveriam preocupar os dirigentes. O item mais sério, sem dúvida, inclusive para a dupla Re-Pa, é o forte sentimento de resistência a voltar a frequentar estádios ainda neste ano.
Schürrle ou a fria brutalidade do mega-negócio chamado futebol
A aposentadoria precoce do atacante André Schürrle, anunciada no fim de semana, expõe os cruéis mecanismos que regem o futebol profissional. Em artigo, na Deutsche Welle, o craque Gerd Wenzel esmiúça com maestria a surpreendente decisão do jogador, que parou aos 29 anos, aparentemente em plenas condições atléticas de jogar por mais uns quatro anos.
Schürrle marcou duas vezes contra o Brasil na goleada de 7 a 1 da semifinal de 2014, e foi autor do passe açucarado para Mario Götze fazer de voleio o golaço contra a Argentina na decisão daquela Copa, no Maracanã, no dia 13 de julho de 2014.
“No grande negócio chamado futebol profissional, os jogadores muitas vezes são considerados meras máquinas que precisam funcionar sempre. A sociedade esquece que esportistas são seres humanos como todos nós. Não é porque recebem vultuosos salários que estão imunes ao que leem na mídia, ao que ouvem dos torcedores e às pressões que sofrem para serem cada vez mais eficientes”, escreve Gerd.
Schürrle tinha naquela Copa apenas 23 anos e foi glorificado pelas boas atuações na semifinal e final, coroando um começo de carreira auspicioso, sempre muito vinculado ao amigo Mario Götze. Desde a glória conquistada no Brasil, a dupla entrou em surpreendente decadência técnica. Schürrle pulou fora e Götze procura clube.
Em entrevista recente, Schürrle soltou pistas sobre a decisão de abandonar os gramados: “Fui perdendo o prazer de jogar. Faz anos que a pressão da opinião pública se tornou um fardo para mim. Durante um jogo, o medo de errar me assaltava. As reações da mídia em geral eram extremas demais”.
“Depois de um mau desempenho numa partida, tive receio de sair na rua e de ser execrado por torcedores exaltados. Preferi puxar o freio de mão agora enquanto ainda posso refazer minha vida”, acrescentou.
Na Alemanha, relata Gerd, são raros os casos de aposentadorias precoces. Em 2015, Marcell Jansen, do Hamburgo, também com 29 anos, pendurou as chuteiras. Antes, Sebastian Deisler, meia do Bayern, despediu-se em 2007, aos 27 anos, após várias lesões e crises de depressão.
Robert Enke, goleiro do Hannover e que foi titular da seleção alemã, sofria de depressão crônica. Seria convocado para a Copa 2010, na África do Sul, mas se suicidou em novembro de 2009, aos 32 anos.
O alemão Schürrle, que chegou ao cume da carreira tão cedo, teve a sorte e o discernimento de perceber que o meganegócio do futebol pode fazer muito mal à sanidade mental. Corajoso, deixa mensagem indireta sobre o crivo imposto aos boleiros, que não podem expor fraquezas, como se fossem máquinas capazes de resistir a tudo e todos. É claro que não dá para sustentar essa armadura por tanto tempo.
Em tempo: leiam Gerd Wenzel, um alemão que entende mais de Brasil do que muita gente por aí.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 22)