Clássico dos gols bonitos

POR GERSON NOGUEIRA

Paysandu saiu na frente e Remo foi atrás do empate

Foi o Re-Pa mais equilibrado da temporada e com resultado mais justo – se é que se pode falar em justiça quando o assunto é futebol. O placar de 1 a 1 define bem a partida dura, de marcação forte no meio-campo e velocidade no ataque, coisa que quase não se viu no primeiro clássico. Com a rapidez dos homens de meio e ataque, o jogo se tornou interessante.

O começo teve predomínio remista, com movimentação interna de Lukinha e com Djalma sendo o homem de referência no meio. O Leão surpreendeu pela intensidade, em contraposição à lentidão do Papão. Nem parecia um time desfalcado de oito jogadores importantes. 

Dois chutes bem colocados de Eduardo Ramos e um de Lukinha mostraram que o Remo tinha mais pressa em chegar ao gol. O PSC se preservava, aceitando a pressão remista. Reflexo disso é que, até os 15 minutos, o atacante Nicolas só tocou na bola duas vezes.

Nicolas acertou o ângulo no gol marcado para o Paysandu

Como Eduardo Ramo abria espaço e lançava os companheiros, aproveitando as arrancadas de Lukinha, o mais produtivo atacante do Remo, os volantes do Papão não tinham outra opção a não ser cuidar de fazer a cobertura. Raramente tentavam criar jogadas, problema que prejudicava o trabalho dos atacantes Vinícius Leite e Nicolas.

Quando o time conseguiu finalmente sair de seu campo, aproveitando que o Remo arrefeceu um pouco o jogo de pressão, os espaços (e a fragilidade) defensiva começam a aparecer do lado azulino. Depois de uma tentativa tímida, aos 15 minutos, Vinícius Leite fintou Nininho e tocou com o lado do pé para Nicolas finalizar, de curva, aos 18’, abrindo o placar.

Parecia que ia se repetir a narrativa do primeiro Re-Pa, quando o PSC chegou ao gol quando o Remo era melhor em campo. Desta vez, porém, o Remo manteve as rédeas do confronto, fazendo aproximação e pressionando sempre, mas sem criatividade para colocar Jackson em condições de finalizar dentro da área.

A opção era Lukinha, que recorria aos dribles para abrir caminho, errando às vezes, mas sempre levando incômodo à zaga bicolor. Foi justamente Lukinha que sofreu a falta que devolveria a igualdade ao placar. Ele foi derrubado por Uchoa junto à área e Eduardo Ramos acertou uma bomba, pelo alto, sem defesa para Gabriel Leite, aos 34 minutos.

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Impossível não observar a grande diferença de postura dos remistas em relação ao que a equipe mostrava sob o comando de Rafael Jaques. Vibrante, o time agora toma iniciativa, agride e não se intimida, valoriza a posse de bola e não se limita a esperar o adversário em seu campo.

O Papão jogou como se estivesse travado. Com os volantes Caíque e Uchoa na marcação e Serginho mais à frente, faltava dinamismo e foco. Nos lados, Collaço e Vinícius atuaram bem. Tony também fez boa partida, tarefa facilitada pela ausência de pressão remista por aquela faixa de campo.

O Remo estancou o ritmo, acusando cansaço, e o PSC equilibrou o jogo, principalmente quando o meia Alex Maranhão entrou, substituindo a Serginho. PH já havia entrado no lugar de Caíque. Luiz Felipe apareceu substituindo ao improdutivo Uilliam.

Ainda assim, a bola do jogo pertenceu ao Remo, aos 24’. Precisamente, nos pés de Eduardo Ramos, que recebeu assistência perfeita de Jackson e avançou até a área. O meia bateu rasteiro, mas a bola saiu caprichosamente à direita da trave de Gabriel Leite.

Já sem forças, Ramos foi substituído por Gelson. Jackson ainda fez grande jogada pela direita, aos 33’, cruzando na medida para Wesley, que não alcançou a bola na pequena área. Laílson foi expulso aos 39’, por falta providencial em Maranhão à entrada da área.

Técnico resgata ER e Nicolas mantém escrita

Mazola Jr. havia estreado contra o Carajás, mas esperou o clássico para apresentar suas credenciais: a forma destemida de atacar e o estilo ruidoso, jogando com o time. O Remo vinha de técnicos introspectivos, que acompanham o jogo como se estivessem em sala de aula. Com o novo comandante, o time mudou. Partiu para cima e chegou a encurralar o rival.

Além da boa atuação coletiva, o Remo deve ao novo treinador a recuperação do futebol de Eduardo Ramos. Dado por muitos como descartável, o camisa 10 voltou a desfilar a categoria no trato da bola e o conhecido talento nas bolas paradas. Atuou na faixa de campo onde se faz respeitar, seja com passes curtos ou lançamentos.

Do lado alviceleste, em jogo sem maior brilho e bem marcado, Nicolas aproveitou a única oportunidade para deixar sua marca. Passe na medida de Vinícius Leite, que ele usou de toda a conhecida categoria, para bater tirando dos zagueiros e vencendo o Vinícius do Remo. 

Paragominas surpreende e Bragantino afunda

Depois de levar uma surra na Curuzu, perdendo por 5 a 0 para o PSC, o Paragominas parecia ter perdido fôlego no campeonato. Com Robson Melo no comando, o Jacaré goleou o Independente, em Tucuruí, por 4 a 1, e volta à condição de candidato sério à classificação.

A grande vitória do Tapajós sobre o Bragantino recupera o time santareno, que conseguiu dar um salto para fora da zona do rebaixamento, e empurra para a penúltima posição o time que ficou em 3º lugar no Parazão 2019. 

Sob o comando de Cacaio, o time de Bragança parece que esmoreceu de vez e fica agora ameaçadíssimo de queda. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 09)

6 comentários em “Clássico dos gols bonitos

  1. Mazola, com o time tão desfalcado, tira leite de pedra.
    Como eu analisava, basta cinco reforços pontuais. Não mais que isso, para o CB. Para o estadual, duas peças.
    Leão Azul rumo ao tri e à série B.
    Paz e bem a todos.

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  2. Diferente de alguns técnicos anteriores, Mazolla Jr. sempre deixou claro que o ER era a solução, e não o problema…Imaginem a motivação do Eduardo ao ouvir que o time era “ele e mais 10”. Isso conta também. No mais, concordo com o Valentim acima. As duas peças, para mim, tem que ser para as laterais.

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  3. No clássico anterior, tudo indicava que o remo fosse ganhar o jogo. Afinal de contas o Paysandu jogou sem 3 titulares incluindo o goleiro Gabriel Leite e tendo que improvisar o zagueiro Perema na lateral direita, vindo de uma derrota para o Castanhal e ainda assim conseguiu ganhar do favorito remo que estava com todos os seus titulares.

    Entretanto, na partida de ontem, a superação remista não foi suficiente para vencer a partida diante do favorito Paysandu que no final do confronto em lances com Tony e Alex Maranhão quase consegue o gol da vitória, essas sim “as bolas do jogo”.

    O lado esquerdo do Papão continua forte e desequilibrando nos clássicos, enquanto o remo conseguindo marcar o seu gol, mas não em função de jogadas trabalhadas, o que ainda demonstra que o Paysandu está um pouco melhor que o remo.

    O maior do Norte não está morto!

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  4. A narrativa do escriba passa a impressão de que o Remo deu as cartas no clássico.
    O gol azulino que surgiu de bola parada, ER pode bater cem vezes e não repetirá o feito, surgiu de jogada negligente do jogador bicolor ao fazer falta desnecessária.
    O Paysandu teve a bola do jogo no apagar das luzes.
    Futebol é bola nas redes, objetividade.
    Que o rival evoluiu isto não há dúvidas, porém o Paysandu entrou em campo muito introspectivo, algo como terá mais para mostrar na hora e momentos certos.
    Mazola é um ótimo incentivador, mas não tem a leitura de jogo, fato demonstrado nas equipes que passou.
    Acredito no título bicolor neste ano, mesmo não achando que esta equipe seja a ideal, mas está um pouco acima das demais.
    Foco e garra aliada ao plantel bicolor serão decisivos nas demais partidas runo ao título.

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    1. Amigo, um jogo pode ter várias leituras. A minha pode se diferente da sua, mas não afirmei que o Remo deu as cartas. Um foi melhor no começo e outro no final, com os gols mais ou menos no meio disso. Ressaltei a evolução óbvia do Remo em comparação com as últimas apresentações no clássico.

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