A chance de sair por cima

15309072455b3fca6da8d0f_1530907245_3x2_md

POR GERSON NOGUEIRA

Há uma semana, discutia-se em todo o Brasil o futuro de Tite na Seleção. Caso conquistasse a Copa América, ficaria tudo bem. Uma derrota, porém, significaria sua demissão. Cenário típico da gangorra dos técnicos, endeusados nos momentos de glória e execrados no primeiro tropeço.

Com o triunfo, até previsível, sobre a seleção peruana o Brasil voltou a sorrir por alguns minutos e Tite deixou o lugar desconfortável de bola da vez na lista dos que estavam prestes a ficar desempregados.

O trabalho desenvolvido pelo gaúcho não pode jamais ser apontado como ruim, mas os resultados frustraram expectativas na Copa do Mundo de 2018. E Copa do Mundo é o que importa para o torcedor, sabemos disso.

Vencer a Copa América é uma obrigação. O que enche os olhos é mostrar qualidade, jogar futebol e levantar a taça no maior torneio do planeta. Isto o Brasil passou longe de alcançar nos gramados da Rússia.

Tite, que havia recuperado a autoestima do escrete com a impecável campanha nas Eliminatórias, prometia muito e entregou pouco. A eliminação para a Bélgica, sem sinais de reação inteligente, foi a pá de cal. Muita gente abandonou a titemania e a popularidade despencou.

O cuidado em montar um time cascudo para a Copa América acabou justificado pelo título. Emprego garantido, embora sem o prestígio de antes, Tite agora terá um breve período de trégua para remontar o escrete, mas a paz segue ameaçada.

Não é tarefa simples, pois ele caiu do pedestal e agora está permanentemente sob avaliação. Em 2020, o Brasil terá outra Copa América e as desconfianças irão brotar outra vez, pois o tempo já será mais curto para apresentar um time realmente competitivo para 2022.

Diante do previsível cenário da próxima temporada, desconfio que Tite teve nas mãos a oportunidade e o privilégio de sair por cima, abrindo mão do cargo na Seleção logo após a vitória de domingo passado, como se chegou a especular. Teria a vantagem de sair com um título nas mãos e deixar as portas abertas.

————————————————————————————-

Ainda sobre os baluartes do Evandro Almeida

A coluna registra, a título de correção, a presença do ex-presidente Raphael Levy entre os que batalharam contra o projeto de venda do estádio Evandro Almeida na gestão Amaro Klautau. No comentário de ontem, citei pessoas envolvidas em etapas diferentes do processo, incluindo o saudoso amigo Djalma Chaves, mas omiti o nome de Raphael.

Dentro do mesmo tema, recebi do também amigo e leitor Domingos Sávio Campos um recadinho carinhoso, que transcrevo aqui:

“Caro Gerson, li a tua festejada coluna no Diário de hoje. Agradeço de coração a referência feita ao meu nome. Foi uma luta dificílima. Várias vezes pensei que não haveria volta. A dra. Ida Selene, que é minha amiga de faculdade, estava determinada em realizar a permuta com a (construtora) Leal Moreira. Nos ‘acréscimos’, depois de uma longa reunião, felizmente ela pensou melhor e mudou de ideia. Destaco também – lembro perfeitamente – que foste o único jornalista, radialista de rádio, TV e jornal que se posicionou abertamente contra aquela tenebrosa transação, como diz o poeta Chico Buarque. Muito grato”.

Destaco o papel sempre equilibrado e firme da juíza Ida Selene, que buscou de todas as formas compatibilizar as obrigações trabalhistas do clube com a sensatez de preservar patrimônio tão caro a todos os azulinos.

De minha parte, cumpri apenas minha obrigação. Fiz o que os princípios básicos da profissão impunham, apesar da pressão de algumas figuras poderosas e da omissão da mídia esportiva local. Divulguei em 21 artigos informações cuidadosamente checadas, apontando discrepâncias entre o anunciado pelos defensores da negociata e a realidade dos números, claramente lesivos ao clube.

Caso fosse levado a cabo, o projeto de venda teria possivelmente representado o fim do clube, que perderia seu principal patrimônio.

————————————————————————————-

VAR: protagonismo que incomoda e preocupa

O Campeonato Brasileiro não tem um craque para chamar de seu. Não houve nenhum grande jogo como prova de qualidade. Craque, então, nem pensar. A verdade é que o protagonista da competição é o VAR. Depois da estranheza nas primeiras nove rodadas, o monitoramento por vídeo voltará a dar as cartas neste fim de semana, na retomada da competição.

O público ainda não se habituou com aquelas paradas chatas, que quebram o ritmo das partidas e tiram o entusiasmo quando os gols são anulados. Na Copa América, a demora na revisão de lances causou muita irritação e reabriu a discussão sobre a utilização do olhar eletrônico no Brasil.

Para espanto geral, na quinta-feira (11), a CBF divulgou um balanço com números e comparativos que atestam os benefícios da adoção da tecnologia no futebol. Leonardo Gaciba, que preside a comissão de arbitragem, é um apaixonado defensor do VAR, o que não significa que sob sua orientação o mecanismo esteja sendo bem empregado.

O problema é quando a ausência de revisão causa injustiças terríveis, como a não expulsão do goleiro Diego Alves na partida entre Atlético-PR e Flamengo pela Copa do Brasil. As câmeras não captaram escandalosa infração cometida por Diego.

—————————————————————————————

Bola na Torre

Giuseppe Tommaso apresenta o programa, a partir das 22h, na RBATV. Ao meu lado, na mesa de debates, a colega Karen Sena. Tudo sobre a rodada da Série C e sorteios de brindes para os telespectadores.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 14)

Um comentário em “A chance de sair por cima

Deixe uma resposta