
POR GERSON NOGUEIRA
Tiago Primão tem sido o jogador mais elogiado por Hélio dos Anjos desde que assumiu o comando do Papão. Logo na primeira semana de trabalho, o técnico viu a torcida pegar pesado com o meia, transformando-o em alvo preferencial de protestos. As críticas se prendiam a uma suposta falta de envolvimento e raça.
Apesar de recorrente nas queixas da galera, a questão do pouco comprometimento dos atletas nem sempre se baseia na realidade. Tem mais a ver com a desconfiança ancestral e preconceituosa em relação aos boleiros.
Criou-se no imaginário das pessoas que jogador de futebol nem sempre se empenha o suficiente, como se isso servisse para justificar a má fase técnica e os problemas enfrentados pelos times em campo. Há até quem tente explicar derrotas normais com a velha história da falta de garra.
No caso de Tiago Primão, obviamente não se tratava de pouca entrega ou desinteresse. Sempre foi um jogador aplicado, que busca alternativas e tenta criar jogadas. As estatísticas mostram que é também um dos que mais arrisca disparos de média e longa distância.
Experiente e observador, Hélio chegou e percebeu o desgaste. Deve ter notado que a torcida, movida pela paixão, estava elegendo Primão para “cristo”. Até faixa foi mostrada pedindo sua dispensa em manifestação feita na frente da sede do clube.
Os treinos mostraram ao técnico que o meio-campo do PSC não poderia abrir mão das características de Primão, que sabe marcar e tem bom passe. A confirmação dessa importância veio no Re-Pa. Em meio a tantos companheiros que se destacaram na partida, o meia se sobressaiu numa função diferente.
Hélio dos Anjos manteve Primão mais recuado, ao lado de Uchoa, fazendo a cobertura da zaga e saindo sempre em velocidade pelo lado direito, dando escolta a Elielton. O expediente funcionou muito bem, a ponto de desnortear a marcação remista no primeiro tempo e garantir tranquilidade ao setor defensivo do Papão na etapa final.
Ao final do confronto, o treinador fez questão de ressaltar publicamente a importância da função exercida por Tiago Primão. Não deixou de mostrar os pontos que o caracterizam como armador de jogadas, mas usou isso em proveito de um papel mais conservador e igualmente importante.
A declaração de Hélio soou como uma espécie de sentença de absolvição para um jogador que, se não brilhou como se esperava por ocasião de sua contratação, também não poderia ser massacrado em face dos altos e baixos do time nas primeiras rodadas da Série C.
Enfim, ao fazer justiça a um de seus comandados, comportamento que é próprio dos verdadeiros líderes, Hélio também agiu inteligentemente no sentido de reabilitar mais uma peça essencial para o funcionamento da meia-cancha alviceleste.
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Brasil avança, mas está longe de empolgar
A Seleção Brasileira passou poucas e boas ontem à noite diante do Paraguai. Não conseguiu encaixar seu jogo na primeira etapa, sem grandes ameaças ao gol de Gatito Fernandez. Na verdade, o time de Tite teve tudo a seu favor, incluindo a expulsão do zagueiro paraguaio Balbuena logo no começo do 2º tempo e a fragilidade técnica da equipe adversária.
Venceu na série de penalidades com direito a muitos sustos. Se o futebol é justo, fez-se justiça, mas o fato é que o Brasil voltou a se mostrar sem inventividade ou recursos para dobrar um adversário empenhado apenas em se defender.
Na transmissão pachequista, os comentaristas se esgoelavam tentando de todas as formas destacar méritos nos ataques seguidos do Brasil, embora fosse algo óbvio e absolutamente natural. Empurrada pela torcida, na Arena do Grêmio, a Seleção ocupou o campo de defesa do Paraguai e desperdiçou inúmeras tentativas de chegada ao gol.
Eleito como remédio para todos os males, Everton Cebolinha era a peça mais acionada, mas não acertou nenhum drible ou investida mais aguda. Willian e Paquetá, que entraram no 2º tempo, abriram mais pelos lados, mas o time continuava pouco inspirado e sem elaborar jogadas.
A rigor, Gatito fez três boas defesas, em bolas cruzadas sobre a área, mas o Brasil não exibiu o poderio ofensivo esperado num confronto tão desigual. Nos penais, Alisson pegou um e os paraguaios erraram dois.
O fato é que a Seleção avança às semifinais sem mostrar qualidades e longe de justificar o favoritismo que lhe atribuem. Venceu apenas dois jogos nos 90 minutos contra adversários sofríveis (Bolívia e Peru) e não passou por Venezuela e Paraguai, igualmente anêmicos.
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Leão volta a sofrer perda em pleno voo
A notícia de que Douglas Packer está deixando o Remo em plena disputa da Série C remete imediatamente aos exemplos da campanha do ano passado, quando Everton e Rafael Bastos desfalcaram o time quando não havia mais como inscrever substitutos.
Desta vez, pelo menos, ainda é possível buscar um substituto, que ainda pode ser Eduardo Ramos. Notícias vindas de Cuiabá indicam que a multa rescisória (de R$ 50 mil) pode ser negociada e até parcelada.
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 28)
Constrangedor ouvir o narrador e os comentaristas da Globo. Tentando dar empolgação a um jogo de baixo nível técnico, de público apenas razoável, a tática usada foi torcer para um afobado Cebolinha furar o ferrolho paraguaio, lembrar a todo momento os fracassos brasileiros nos penais em jornadas passadas contra o mesmo adversário e, por isso, torcer para que a seleção nacional vencesse no tempo normal de jogo. No fundo, no fundo, a equipe global estava temerosa de uma desclassificação brasileira e a desinteressante Copa América ir para o limbo da audiência.
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O que espanta é o palavrório de Tite, totalmente em desacordo com a realidade. Por que não convocou o Raktic, se queria um volante que encosta no ataque?
Ah, não é brasileiro, paciência. O certo é que o Artur não faz a função, logo, não adianta ser só brasileiro, devendo o treinador ser o responsável pelas escolhas.
Outra coisa, o Gabriel Jesus pelos lados do campo está tão à vontade quanto estava o Joaquim Levy no BNDES do Guedes. Não que sejam nobres as intenções do Paulo Ypiranga, longe disso. Também não dá pra acreditar que o Adenor acredite nos milagres do Jesus.
É certo que a tragédia não se repetirá como farsa. Nada indica que um 7×1 esteja no horizonte, no entanto, a eliminação não será nada demais diante do futebol até aqui apresentado.
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