Museu de NY cancela evento em homenagem a Bolsonaro

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O Museu de História Natural de Nova York (AMNH) anunciou nesta segunda-feira (15/04) que não vai aceitar sediar uma cerimônia em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro.

Inicialmente, a sede da instituição havia sido alugada para abrigar no dia 14 de maio um jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, no qual o presidente deveria ser premiado como “Pessoa do Ano”. Mas ao longo da semana passada, o museu passou a considerar revogar a permissão do uso do espaço após pressão de funcionários da instituição, ativistas e membros do establishment político americano. Hoje, o museu tomou uma decisão final.

“Com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos da nossa organização individual, decidimos conjuntamente que o Museu não é a locação ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Este tradicional evento será direcionado para outra locação na data e horários originais”, anunciou o museu nesta segunda-feira.

Desde 1970, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos escolhe todos os anos duas personalidades para homenagear, uma americana e outra brasileira. A cerimônia de premiação ocorre durante um jantar de gala com a presença de cerca de mil convidados, com entradas a preço individual de 30 mil dólares.

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Em comunicado divulgado em fevereiro, quando a homenagem foi anunciada, a Câmara disse que a escolha de Bolsonaro foi um “reconhecimento de sua intenção fortemente declarada de fomentar laços comerciais e diplomáticos mais próximos entre Brasil e EUA e seu firme comprometimento em construir uma parceria forte e duradoura entre as duas nações.”

Mas a revelação do homenageado também levou o museu a começar a hesitar em sediar o evento. A instituição chegou a anunciar na semana passada que o jantar havia sido agendado “antes que o homenageado fosse conhecido”. Quando Bolsonaro ficou sabendo da homenagem, ele comemorou nas redes sociais, afirmando que se sentia honrado por receber o prêmio.

Mas na internet a homenagem foi alvo de críticas, que aumentaram a pressão sobre o museu. O portal Gothamist citou um ambientalista que ressaltou ser “uma ironia particularmente amarga que um homem que tenta destruir um dos recursos naturais mais preciosos seja nomeado Pessoa do Ano dentro de um espaço dedicado à celebração do mundo natural”.

Segundo o portal de notícias The Atlantic, funcionários dos departamentos científicos, educacionais e da biblioteca e educacionais do museu também preparam “várias iniciativas” para “pressionar o museu a desistir do evento”.

Em uma carta aberta à presidente do museu, Ellen Futter, estudantes, doutorandos, funcionários e pesquisadores da instituição também pediram o cancelamento da homenagem a Bolsonaro, que chamam de “presidente fascista do Brasil”, afirmando que a noite seria “uma mancha na reputação do museu”.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que é do Partido Democrata, também engrossou o coro daqueles que não queriam ver Bolsonaro sendo homenageado dentro do AMNH. Ele chamou o presidente brasileiro de “um ser humano muito perigoso”, em entrevista à rádio WNYC nesta sexta-feira. “Ele é perigoso não apenas por causa de seu racismo evidente e homofobia, mas porque ele é, infelizmente, a pessoa com maior capacidade de impactar no que acontece na Amazônia daqui para frente”, disse o prefeito.

Em resposta, o assessor de Bolsonaro para assuntos internacionais, Filipe Martins, chamou de Blasio de “toupeira” e de “comunista”. “Surpresa seria uma toupeira dessas o elogiar”, escreveu Filipe Martins no Twitter. “Não há surpresa alguma em ver Bill de Blasio – um sujeito que colaborou com a revolução sandinista, que considera a URSS um exemplo a ser seguido e que faz comícios no monumento dedicado a Gramsci no Bronx – criticando o PR Bolsonaro.”

O nome do americano homenageado este ano ainda não foi divulgado. Ano passado, os ganhadores da honraria foram o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg.

JPS/ots

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Agruras de um torneio perdido

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POR GERSON NOGUEIRA

Há alguns dias, comentei que o Campeonato Estadual poderia vir a ser salvo a partir das semifinais. Referia-me à qualidade técnica e à emoção. Ledo engano. A competição passou pelas semifinais sem melhorar de nível – pelo contrário até.

Ganhou certa emoção com a eliminação do PSC pelo Independente, mas não houve contrapartida na qualidade dos jogos, que continuaram sofríveis e desinteressantes.

Os maiores exemplos da maré ruim que assola o Parazão foram os jogos disputados na lama em Bragança e Tucuruí. Uma análise rigorosa indica que o futebol não entrou em campo.

Depois disso, nos jogos de volta, verdadeiras peladas se desenrolaram na Curuzu e no Mangueirão. Com imensas dificuldades, o PSC achou um gol, derrotou o Independente, mas não conseguiu reverter a vantagem.

Já o Remo valeu-se do regulamento e não largou dele, mesmo levando um sufoco tremendo no segundo tempo diante do Bragantino. Às duras penas, segurou o 0 a 0 necessário para ir à final.

No sábado, a disputa do terceiro lugar escancarou a pobreza técnica do Estadual, com o empate pelo placar mínimo entre PSC e Bragantino, na Curuzu. Não havia chuva, o campo estava bom, mas a pequena plateia presente viu apenas lampejos de bom futebol – todos praticamente pelos pés de Fidélis, autor de um golaço.

A decisão nos penais obrigou as torcidas a uma dose extra de sofrimento. É importante notar que a responsabilidade por bons jogos cabe a todas as equipes participantes, mas é particularmente cobrada da dupla Re-Pa, por motivos óbvios.

Anteontem, na primeira batalha da final, o Independente passou pelo Remo fazendo o mínimo possível para se sair bem e estabelecer vantagem. Logrou essa façanha com um gol grotesco, assinalado pelo zagueiro azulino Marcão, que homenageou outro personagem célebre no anedotário boleiro regional: o inesquecível Potita.

Os narradores do rádio, competentes no manejo das linguagens do veículo mais identificado com o futebol, são responsáveis pela réstia de emoção da competição. Transformam jogos toscos em pelejas recheadas de entusiasmo e adrenalina.

Neste cenário de profundas incertezas quanto ao futuro imediato para os grandes da capital, visto que o Brasileiro da Série começa logo após o Parazão, cabe sair um pouco da crítica direta e rasa aos jogadores e centrar nos comandantes e responsáveis pela formação de elencos pelos grandes da capital.

A dupla Re-Pa contratou 42 “reforços” no começo do ano. Salvam-se no máximo meia dúzia das apostas, e olhe lá. No Leão, Jansen, Gustavo e Packer. No Papão, Nicolas, Vítor Oliveira e Marcos Antonio.

Os técnicos Márcio Fernandes (que substituiu Netão) e Léo Condé (sucessor de João Brigatti) estão na berlinda talvez até injustamente, pois encontraram o bonde andando. Apesar disso, não se pode isentá-los pelos maus passos de seus times. Condé já não pode fazer nada quanto ao Estadual, mas Fernandes ainda tem chances, desde que consiga o pequeno milagre de fazer o Remo ser ofensivo na final de domingo.

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Marin e a inutilidade da punição tardia

Já alcançado pelo longo braço da Lei (de Tio Sam), José Maria Marin, também conhecido como o Marin das Medalhas, foi finalmente enquadrado pela entidade que comanda o futebol. A Fifa, através de seu Comitê de Ética, anunciou ontem o banimento definitivo do ex-presidente da CBF para qualquer atividade relacionada ao futebol.

Por suborno, fraude e violação do Código de Ética da Fifa, José Maria Marin, ex-presidente da CBF e ex-membro de várias comissões internacionais do esporte, foi banido oficialmente do futebol.

O Comitê de Ética da entidade anunciou solenemente a decisão e apontou como causa da pena a participação de Marin em esquemas de suborno a empresas de mídia nos contratos de transmissão e marketing de competições sul-americanas e nacionais, no período entre 2012 e 2015.

A câmara decisória da Fifa descobriu que Marin violou o artigo 27 (suborno) do Código de Ética. Proibiu que participe de qualquer atividade relacionada ao futebol tanto no Brasil como no exterior. De quebra, aplicou multa no valor de R$ 3,86 milhões.

Infelizmente, o valor da decisão é apenas simbólico. Na prática, Marin já não tem nada a interferir nas coisas do futebol, pois está preso após condenação pela Justiça norte-americana. Não vai também pagar a pequena fortuna imposta como multa.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 16)

Trivial variado da tragédia que fez o mundo chorar

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“Podemos nunca mais construir uma coisa de tanta beleza. Não temos as habilidades nem os recursos nem a paciência. Um prédio que sobreviveu mais de 800 anos e com todas as nossas tecnologias não podemos sequer impedi-lo de queimar. Eu tento ser otimista, mas este fogo me lembra que de muitas maneiras estamos a regredir. A Catedral de Notre Dame foi o ápice absoluto da conquista humana, e a arquitetura tem, indiscutivelmente, apesar de todas as inovações, estado em um declínio estético desde então. A imagem do ‘spire’ caindo foi como uma facada no coração. Temos de apreciar a sociedade que herdamos, e não negligenciar as incríveis conquistas dos nossos antepassados. (…) Parece que pode haver um preço a pagar”. Sean_Ono Lennon

“Prédios históricos são como o corpo da humanidade. São um pedaço da gente. Dão prazer, quando vistos e tocados, e doem em nós, quando ardem ou desabam”. Fernando Haddad

“Todos unidos à tristeza da França que mais uma vez se encontra enfrentando um momento difícil, e orações para todos os anjos bombeiros, que estão realizando o seu serviço para conter, tanto quanto possível, esta terrível tragédia”. Marinelli Franco

“Jair Bolsonaro, sobre o Museu Nacional: ‘Já pegou fogo, não tem o que fazer, meu nome é Messias, mas eu não faço milagre’. Jair Bolsonaro, sobre Notre Dame – ‘Manifesto profundo pesar pelo terrível incêndio que assola um dos maiores símbolos da cultura e da espiritualidade'”. William De Lucca