

POR GERSON NOGUEIRA
Há alguns dias, comentei que o Campeonato Estadual poderia vir a ser salvo a partir das semifinais. Referia-me à qualidade técnica e à emoção. Ledo engano. A competição passou pelas semifinais sem melhorar de nível – pelo contrário até.
Ganhou certa emoção com a eliminação do PSC pelo Independente, mas não houve contrapartida na qualidade dos jogos, que continuaram sofríveis e desinteressantes.
Os maiores exemplos da maré ruim que assola o Parazão foram os jogos disputados na lama em Bragança e Tucuruí. Uma análise rigorosa indica que o futebol não entrou em campo.
Depois disso, nos jogos de volta, verdadeiras peladas se desenrolaram na Curuzu e no Mangueirão. Com imensas dificuldades, o PSC achou um gol, derrotou o Independente, mas não conseguiu reverter a vantagem.
Já o Remo valeu-se do regulamento e não largou dele, mesmo levando um sufoco tremendo no segundo tempo diante do Bragantino. Às duras penas, segurou o 0 a 0 necessário para ir à final.
No sábado, a disputa do terceiro lugar escancarou a pobreza técnica do Estadual, com o empate pelo placar mínimo entre PSC e Bragantino, na Curuzu. Não havia chuva, o campo estava bom, mas a pequena plateia presente viu apenas lampejos de bom futebol – todos praticamente pelos pés de Fidélis, autor de um golaço.
A decisão nos penais obrigou as torcidas a uma dose extra de sofrimento. É importante notar que a responsabilidade por bons jogos cabe a todas as equipes participantes, mas é particularmente cobrada da dupla Re-Pa, por motivos óbvios.
Anteontem, na primeira batalha da final, o Independente passou pelo Remo fazendo o mínimo possível para se sair bem e estabelecer vantagem. Logrou essa façanha com um gol grotesco, assinalado pelo zagueiro azulino Marcão, que homenageou outro personagem célebre no anedotário boleiro regional: o inesquecível Potita.
Os narradores do rádio, competentes no manejo das linguagens do veículo mais identificado com o futebol, são responsáveis pela réstia de emoção da competição. Transformam jogos toscos em pelejas recheadas de entusiasmo e adrenalina.
Neste cenário de profundas incertezas quanto ao futuro imediato para os grandes da capital, visto que o Brasileiro da Série começa logo após o Parazão, cabe sair um pouco da crítica direta e rasa aos jogadores e centrar nos comandantes e responsáveis pela formação de elencos pelos grandes da capital.
A dupla Re-Pa contratou 42 “reforços” no começo do ano. Salvam-se no máximo meia dúzia das apostas, e olhe lá. No Leão, Jansen, Gustavo e Packer. No Papão, Nicolas, Vítor Oliveira e Marcos Antonio.
Os técnicos Márcio Fernandes (que substituiu Netão) e Léo Condé (sucessor de João Brigatti) estão na berlinda talvez até injustamente, pois encontraram o bonde andando. Apesar disso, não se pode isentá-los pelos maus passos de seus times. Condé já não pode fazer nada quanto ao Estadual, mas Fernandes ainda tem chances, desde que consiga o pequeno milagre de fazer o Remo ser ofensivo na final de domingo.
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Marin e a inutilidade da punição tardia
Já alcançado pelo longo braço da Lei (de Tio Sam), José Maria Marin, também conhecido como o Marin das Medalhas, foi finalmente enquadrado pela entidade que comanda o futebol. A Fifa, através de seu Comitê de Ética, anunciou ontem o banimento definitivo do ex-presidente da CBF para qualquer atividade relacionada ao futebol.
Por suborno, fraude e violação do Código de Ética da Fifa, José Maria Marin, ex-presidente da CBF e ex-membro de várias comissões internacionais do esporte, foi banido oficialmente do futebol.
O Comitê de Ética da entidade anunciou solenemente a decisão e apontou como causa da pena a participação de Marin em esquemas de suborno a empresas de mídia nos contratos de transmissão e marketing de competições sul-americanas e nacionais, no período entre 2012 e 2015.
A câmara decisória da Fifa descobriu que Marin violou o artigo 27 (suborno) do Código de Ética. Proibiu que participe de qualquer atividade relacionada ao futebol tanto no Brasil como no exterior. De quebra, aplicou multa no valor de R$ 3,86 milhões.
Infelizmente, o valor da decisão é apenas simbólico. Na prática, Marin já não tem nada a interferir nas coisas do futebol, pois está preso após condenação pela Justiça norte-americana. Não vai também pagar a pequena fortuna imposta como multa.
(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 16)