
POR GERSON NOGUEIRA
Na verdadeira briga de foice que se desenha para a reta final da Série B, tanto para o acesso quanto para o rebaixamento, o jogo desta noite em Lucas do Rio Verde (MT) tem grande importância para as ambições do Papão na competição. Caso consiga reeditar as boas atuações como visitante, tem a possibilidade de alcançar a nona colocação e se distanciar de vez do pelotão de desesperados do Z4.
O próprio adversário da noite está no grupo dos times que brigam para não cair, com três pontos a menos que o Papão e necessidade urgente de reagir no campeonato. O Luverdense, campeão da Copa Verde, tem um time tecnicamente qualificado, mas não conseguiu apresentar a competitividade que a Série B exige.
No fim de semana, o time mato-grossense foi derrotado em Belo Horizonte pelo América e exibiu os erros que explicam sua difícil situação na tabela. O time pratica um jogo que agrada aos olhos, mas o esmero na troca de passes se tornou contraproducente, pois não há objetividade e contundência nas ações ofensivas.
Cabe ao Papão de Marquinhos Santos explorar as fragilidades do Luverdense, amplificadas pela pressão que cerca o time de Junior Rocha. Ao mesmo tempo, o time bicolor não pode esquecer sua própria situação no campeonato. Está somente três pontos à frente do Luverdense, fato que confirma o equilíbrio entre os dois.
Como visitante, o Papão tem se portado de maneira pragmática. Espera o adversário se movimentar e só então sai para explorar os espaços. As cinco vitórias fora de casa foram obtidas dessa forma, com organização e paciência, frieza e objetividade.
Mesmo com as ausências dos titulares Rodrigo Andrade e Guilherme Santos, Marquinhos tem condição de montar um time forte na marcação e agressivo no ataque. Jonathan e Jean devem substituir a Rodrigo e Guilherme, mas as preocupações maiores devem se concentrar na frente, onde Bergson vai precisar ter um parceiro mais dinâmico que Marcão.
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Leão dorme no ponto (de novo) e ainda reclama
A chorosa reação do presidente do Remo, ontem, ao ser informado sobre a reunião de ontem entre dirigentes do Papão e a presidência da CBF, discutindo questões ligadas à Copa Verde, entre outros assuntos, diz muito sobre o abismo existente entre as duas gestões. Enquanto a diretoria alviceleste mostra-se sempre ágil, atualizada e disposta a lutar pelos interesses do clube, a do Remo patina na desinformação e na ausência de uma agenda de prioridades.
Ao saber tardiamente da reunião, Manoel Ribeiro reclamou que não teria sido avisado. Ora, pelo que se sabia desde o final de semana, os dirigentes bicolores solicitaram a reunião com o presidente da CBF para encaminhar uma pauta de reivindicações. Ao invés de reclamar, Ribeiro deveria ter procurado fazer o mesmo, visto que o Remo vive situação bem mais aflitiva que o rival e necessita de toda ajuda possível.
O problema é que, na administração atual, chorar o leite derramado virou uma espécie de mantra na vida do Remo. Ao invés de esperar convites, a diretoria precisa se ajustar as regras mínimas exigidas hoje para a gestão de um clube de futebol. O mandamento número um continua o mesmo de sempre: jamais dormir no ponto.
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Líder mantém a vantagem mesmo quando perde
Mesmo quando o Corinthians tropeça na rodada, como ocorreu neste fim de semana, os adversários diretos não conseguem se aproximar, facilitando sua caminhada rumo ao título da temporada. O Santos, que recebeu ontem o Vitória na Vila Belmiro, podia baixar a diferença para sete pontos em relação ao líder, mas acabou empatando e desperdiçando o que pode ter sido a última oportunidade de aproximação.
O Corinthians, que não tem um timaço e nem pratica um futebol maravilhoso, vai sobrando na disputa apenas por ser a equipe que erra menos e mais se beneficia dos vacilos alheios. Regularidade é fundamental em pontos corridos. Sorte também.
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Lambanças comprometem o começo da Segundinha
A Federação Paraense de Futebol, aquela que tem a pachorra de afirmar que “ensina o Brasil a fazer futebol”, deu outra topada e levou três dias para consertar a própria lembrança. O imbróglio envolvendo o Pedreira no torneio de acesso ao Campeonato Paraense do próximo ano poderia ter sido evitado com a obediência pura e simples às normas do bom senso.
Com taxas não pagas e documentação incompleta, o time de Mosqueiro não poderia ter sido incluído na tabela da competição. Por razões pouco republicanas, a inscrição foi aceita e o Pedreira aceito na Segundinha. Na sexta-feira, a dois dias da estreia, descobriu-se que a agremiação estava em situação irregular.
Em meio ao desgaste pela suspensão do jogo entre Tuna e Pedreira, a FPF esqueceu o básico: decretar o W.O. (com a perda automática de três pontos, pelo placar simbólico de 3 a 0) como pregam todos os regulamentos do planeta para situações do tipo. Ontem, finalmente, alguém lembrou da regrinha óbvia. Antes tarde do que nunca.
(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 17)