Zé Dirceu e o preço do silêncio e do abandono

PSICANALISTAS PELA DEMOCRACIA

Hoje percebemos o quão caro nos custou o silêncio e o abandono do companheiro Zé Dirceu e de todos os outros às “instituições” que – naquele momento e como agora – diziam estar em pleno funcionamento. Não percebíamos, então, a serviço de quem funcionavam.

Quando nos deparamos com o espetáculo grotesco que foi o julgamento da AP 470, televisionado e comentado 24 horas por dia, com interpretações teratológicas da “Teoria do Domínio do Fato”, do absurdo de uma ministra da Suprema Corte condenar sem provas mas embasada “na literatura jurídica”  um homem à perda da sua liberdade, privando-o do convívio com sua família, impondo o silêncio de suas ideias e de sua participação política no país. Chocadas, nos perguntamos onde estava o Direito, a Justiça e que tipo de instituição era aquela que expressamente condenava inocentes.

Esperamos ouvir os gritos e protestos daqueles que se dizem operadores do Direito, das ditas instituições e organismos que falam em nome da defesa da lei e da Constituição. Nada escutamos, apenas o silêncio da omissão e da covardia. Poucos foram aqueles que se ergueram diante da tirania do Judiciário que cometeu um falso processo, deturpando conceitos jurídicos, negando provas de inocência  e o direito de defesa .

Iniciava-se na AP 470 – e no silêncio diante do arbítrio do Judiciário – o processo de mais um golpe de Estado no Brasil. Desta vez, porém, sem tanques de guerra contra a população, mas com os velhos aliados de togas da oligarquia predatória do país.

Tentaram destruir o homem, que foi abandonado por muitos de seus companheiros. Mas a lealdade deste homem é ao povo brasileiro, à luta pela igualdade social e pelo desenvolvimento do país. Por isso, Zé Dirceu não se enverga, luta pela causa dos mais humildes, possui a honra e a dignidade que só os heróis têm.

Poucos são os seres humanos como Zé Dirceu, desprovidos de egoísmos e pequenos sentimentos mesquinhos. Sua força na luta e altivez da sua honra são muitas vezes confundidas com arrogância: é o preço que tão nobre caráter paga por dedicar sua vida a lutar por um Brasil mais justo.

Já nós, o povo brasileiro, pagamos um alto preço por nosso silêncio, por nossa omissão!

Nosso país é surrupiado, nossas riquezas e futuro estão sendo roubados! Enquanto isso, continuamos a assistir o espetáculo grotesco desse Judiciário, que condena líderes valorosos sem prova e dá prêmios a homens criminosos.

O resultado do silêncio diante dos arbítrios do Judiciário na AP 470 e na Lava-jato foi a instituição de uma ditadura disfarçada, na qual estamos todos sujeitos à tirania de inúmeras togas e, consequentemente, a uma insegurança jurídica jamais vista.

Exigir que o TRF4 meramente aplique a lei ao julgar o recurso de Zé Dirceu se converte em ato revolucionário, diante da ditadura das togas que enclausuram nossas lideranças em falsos enredos jurídicos, em masmorras do silêncio e encarceram seus corpos.

Por um ato revolucionário!

Exige-se a aplicação correta da lei e da Constituição deste país para que seja declarada a absolvição de Zé Dirceu!

Giselle Mathias, advogada, Brasília

Denise da Veiga Alves, advogada, Brasília

Cleide Martins, , Brasília

Andréa Matos, química, Rio de Janeiro

Vera Lúcia Santana Araújo, advogada, Brasilia

Maria Lúcia de Moura Iwanow, professora, Brasília

Das formalidades imbecis

“Não me chame de querida” é o novo “sabe com quem está falando?”. 

O Brasil das formalidades inúteis triunfa sobre o das realidades prementes.

E la nave va…

Agora ou nunca

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POR GERSON NOGUEIRA

O Papão tem hoje uma chance de ouro para sair da pindaíba em que se encontra na Série B, talvez a pior de suas campanhas em jogos dentro de casa – cinco derrotas. Talvez não surja outra oportunidade tão clara de afastar a má fase como mandante, responsável direta pelo péssimo posicionamento da equipe na tabela de classificação.

Contra o ABC, pior time do campeonato (lanterna, com 17 pontos), o Papão não poderá hesitar. É agora ou nunca. Durante a semana, o técnico Marquinhos Santos ajustou a equipe, buscando corrigir os muitos erros exibidos diante do América na rodada passada.

Espera-se que tenha encontrado um remédio eficaz para curar os piores problemas do time: a distância entre os setores, a ausência de vida inteligente no meio-campo e a falta de apetite no ataque.

A pobreza criativa responde pelos demais problemas do time. Contra o ABC, Marquinhos resolveu prestigiar Diogo Oliveira, um jogador quase que descartado no elenco por não conseguir deslanchar. Artilheiro e principal destaque do Brasil de Pelotas no ano passado, Diogo parece ter deixado o bom futebol lá nos Pampas.

Ocorre que as atuações ruins e pouco convincentes talvez tenham mais a ver com os técnicos do que propriamente com o jogador. O erro está nas expectativas criadas. No Brasil, Diogo era essencialmente meia-atacante, jogando próximo aos atacantes e em condições de executar arremates de média e longa distância. Fez muitos gols assim.

Na Curuzu, sob a orientação de Marcelo Chamusca, foi lançado no Campeonato Paraense como meia de ligação, responsável pela articulação. Apesar do esforço, não se firmou nesse papel.

Na Copa Verde, marcou alguns gols, mas perdeu espaço por não cumprir a função que o técnico desejava. Na Copa do Brasil, frente ao Santos, viu-se um lampejo do velho Diogo. Pegou de primeira um passe perfeito de Rodrigo Andrade, marcando um golaço.

Sob a direção de Marquinhos, entrou sempre no decorrer dos jogos, com dificuldades para se encaixar no esquema proposto. Sem velocidade para percorrer a distância entre as intermediárias, não pode ser encarregado de organizar o time. Seu lugar é mais à frente, junto à área inimiga, tabelando com os atacantes e aproveitando os rebotes.

Caso jogue com essa orientação, Diogo pode contribuir para que o ataque ganhe qualidade e opções de chute, principalmente com um centroavante (Marcão) que atua como pivô e um atacante que flutua (Bergson) pelos lados.

Contra o América, o Papão chutou apenas cinco vezes a gol e sem maior perigo. Muito pouco para um mandante em situação periclitante na competição. Diogo deve adicionar mais poder de fogo ao time, desde que seja liberado da participação nas ações de meio-campo.

Sua contribuição técnica pode abrir caminho para a vitória e possibilitar um novo desenho para o time de Marquinhos Santos, que também corre sérios riscos em caso de novo tropeço em casa. (Foto: FERNANDO TORRES/Ascom-PSC)

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Tite e suas escolhas cada vez mais questionadas

Todo treinador tem suas idiossincrasias. É normal que questões de afinidade, formação e informação influam nas escolhas. Nos clubes, a coisa funciona assim, na Seleção também. Obviamente, no escrete tudo ganha dimensão maior e repercute mais.

Mesmo com campanha invicta e inédita nas Eliminatórias, com nove vitórias e um empate, Tite não está imune a críticas. Afinal, a etapa sul-americana é a antessala da Copa do Mundo e os erros devem ser corrigidos agora.

As listas costumam dividir opiniões desde sempre. A proximidade do Mundial aumenta a visibilidade e a importância das convocações. O anúncio de ontem é o antepenúltimo antes da oficialização dos 23 nomes que irão à Rússia ano que vem.

No gol da Seleção talvez esteja a maior das contradições de Tite. Além de Alisson (Roma), que tem a clara preferência dele e de Taffarel (preparador de goleiros) para a titularidade, o técnico chamou o instável corintiano Cássio e Ederson (Manchester City). Mais que as presenças, chama atenção a reiterada ausência de Vanderlei, do Santos, reconhecidamente o melhor goleiro brasileiro em atividade.

A insistência com Alisson como titular, a exemplo do que fez Felipão em relação a Júlio César em 2014, funciona como desestímulo aos demais postulantes à vaga. Fato agravado pela pouca confiabilidade do guardião.

No meio, Diego (Flamengo) e Fred (do inevitável Shakhtar) voltam à Seleção. Fred foi chamado após passagem discretíssima nos tempos de Dunga. Diego não vive grande momento. Sobre o outro Diego, Tardelli, ora na China, Tite jura estar vivendo momento maravilhoso. A conferir.

A destacar, positivamente, a ausência de dois nomes muito questionados, que pareciam já carimbados para a Copa: Fagner e Giuliano.

(Coluna publicada no Bola deste sábado, 16)