Rock na madrugada – John Lennon, Strawberry Fields Forever (versão acústica)

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Brasil de Tite resgata confiança no jogo bonito e eficiente

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POR GERSON NOGUEIRA

Oito partidas e oito vitórias depois, quando se vê o time de Tite jogar não dá para entender como o Brasil perdeu tanto tempo nas mãos de Dunga. A diferença entre um técnico de verdade e um simples curioso se estabelece didaticamente nestas Eliminatórias Sul-Americanas. De um grupo mal treinado e pouco afeito a jogadas de habilidade, a Seleção Brasileira evoluiu para um time que explora articulações rápidas e inteligentes, emolduradas por dribles e lançamentos que há muito tempo não se via no escrete canarinho. Mais que isso: como o conjunto está afiado, as individualidades brilham com intensidade.

No jogo desta terça à noite contra o Paraguai, o primeiro tempo foi pouco produtivo, esbarrando na forte (e violenta) marcação adversária. De repente, aos 35 minutos, surgiu uma centelha de talento para facilitar o caminho até o gol. Coutinho, depois de passe primoroso de Paulinho, mandou rasteiro no canto direito da trave paraguaia.

Depois do intervalo, o Brasil veio com mais agressividade e Neymar se posicionou em cima dos zagueiros do lado direito do Paraguai. Criou uma jogada sensacional que levou a um pênalti inventado e depois desperdiçado. Minutos depois, confirmando a máxima de que craques não se abatem com penalidades perdidas, fez grande jogada na área e bateu para marcar o segundo gol. O terceiro seria tão bonito quanto: Marcelo trocou passes com Coutinho e mandou por cobertura, fechando a contagem.

Outras chances ainda surgiram. Neymar perdeu um gol incrível, mas receou o choque com a trave e a bola acabou indo pela linha de fundo. Firmino, Paulinho e Fágner desperdiçaram. Neymar, Paulinho e Coutinho foram os melhores solistas da orquestra, que proporcionou um espetáculo impecável, como tem sido sua marca nesta era Tite. E pensar que o time ainda vai ganhar o reforço de Gabriel Jesus nas próximas partidas, a partir de agosto.

O passaporte para a Rússia 2018 já está carimbado, com larga antecedência e com direito a um recorde histórico. Tite conseguiu oito vitórias consecutivas nas Eliminatórias, superando técnicos lendários, como João Saldanha e Telê Santana. E pode ampliar ainda mais a marca até o fim da fase classificatória.

Tá dando gosto de ver

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Bolívia vence e põe Argentina na 5ª colocação

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Chile atropela a Venezuela

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Morre, aos 60 anos, ex-atacante do Leão

O ex-atacante Durvalino, que defendeu o Remo nos anos 70, morreu na manhã desta terça-feira, aos 60 anos de idade. Ele estava hospitalizado desde sábado. Durvalino teve boa passagem pelo Remo, mas não conseguiu se firmar no time titular porque na época o ataque azulino tinha Alcino, Roberto Diabo Louro, Mesquita e depois passou a contar com Bira e Julio César. Foi o autor do gol inaugural do estádio Maximino Porpino, em Castanhal, à época chamado de “Jarbas Passarinho”.

Nas rodas de conversa com os amigos de pelada, Durvalino costumava brincar com essa situação. Dizia ter sentido “tanta raiva dos artilheiros e ídolos Alcino e Bira que, se açúcar fosse preto, meu café seria amargo”. Na verdade, Durvalino foi amigo de ambos e era muito querido entre os boleiros paraenses.

Rock na madrugada – Cage The Elephant, Come A Little Closer

Arbitragem na berlinda

POR GERSON NOGUEIRA

Clássico que se preza começa antes de a bola rolar e só termina dias depois, quando cessa o bate-boca nas ruas, na firma e nos botecos da vida. E há casos de jogos que continuam a ser disputados por tempo indeterminado, pelo menos na imaginação delirante do torcedor.

O último Re-Pa está no rol daqueles que ficam semanas a fio na pauta de discussões – não por lances de classe ou gols bonitos. Mais do que as excelentes atuações de Eduardo Ramos e Léo Rosa no Remo e o eficiente bloqueio defensivo armado pelo Papão, o debate se concentra no desempenho de Dewson Freitas, o nosso árbitro Fifa.

Pênaltis reclamados pelos azulinos, expulsão questionada pelos bicolores e minutos de acréscimos reivindicados por todos. São queixumes em série, revelando a insatisfação generalizada com a arbitragem.

Dewson é um apitador de alto nível, com várias participações em jogos nacionais e internacionais. Não teve uma grande atuação, mas surpreende que seja crucificado por uma decisão correta: a expulsão do volante Capanema, após duas entradas faltosas e passíveis de advertência.

Como prata da casa, Dewson talvez não consiga angariar aqui o mesmo apoio e respeito que recebe lá fora. No Pará, aliás, prevalece insistente prática de não valorização do talento local – e não só no futebol.

A cena patética de um cidadão estranho ao jogo invadindo o campo para peitar e ameaçar o árbitro no intervalo do clássico é reveladora desse sentimento. Parecia um remake dos anos 60 e 70, quando cartolas destemperados deitavam e rolavam nos estádios paraenses.

Em outras capitais, Dewson nunca foi alvo de tais abusos. Por outro lado, confirmando a vira-latice atávica, não ocorre invasão de campo em Belém quando o árbitro é de fora do Estado. Até os cartolas mais nervosinhos contêm seus impulsos diante dos visitantes.

Em 2015, criticado pela atuação num Re-Pa, Dewson teve seu nome vetado pelo Papão. A diretoria chegou a anunciar que ele passaria a ter suas arbitragens filmadas e monitoradas de perto.

No ano passado, após apitar jogos do Campeonato Estadual e da Copa Verde, caiu novamente nas graças dos dirigentes. A coisa estava tão pacífica que sua escolha para o clássico do último domingo foi elogiada pelos dois clubes.

Falhas pontuais não podem ser usadas para execrar um árbitro competente e sério como Dewson, que atravessa a melhor fase da carreira, sendo escalado até para jogos das Eliminatórias. Os velhos rivais deveriam ser os maiores interessados no fortalecimento da arbitragem regional.

Junto com Dewson surgiram apitadores de qualidade, como Joelson Nazareno Cardoso, Gustavo Ramos Melo e Andrey da Silva e Silva, sinal da evolução da arbitragem paraense nos últimos. Agora, se os próprios clubes achincalham as arbitragens, o que esperar da torcida¿ Movida pela paixão cega, a massa não mede palavras e condena sem julgar.

Dewson é sempre uma garantia de integridade na arbitragem. Por isso, ao invés de hostilizar e fazer campanha contra, o mais sensato é dar a ele as condições necessárias para que exerça bem o seu trabalho.

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Tite lança olhar generoso aos atletas domésticos

Diego Souza, que despontou no Fluminense e rodou por vários clubes, dentro e fora do país, tem finalmente seu futebol reconhecido na Seleção. O meia-atacante do Sport-PE, que alia força e habilidade nas arrancadas, chega ao topo já acima dos 30 anos, mas ainda em condições de brilhar. Pode ser titular hoje contra o Paraguai, na Arena Corinthians (SP).

Autor de gols bonitos e exercendo forte liderança no time pernambucano há duas temporadas, Diego há muito tempo merecia vez no escrete. Como tantos outros jogadores, ele sempre era preterido, pois os técnicos optavam pelos chamados “estrangeiros”, alguns de futebol bastante incipiente.

Tite, entre outros méritos, destaca-se na Seleção por fazer justiça a atletas que jogam no Brasil e nem por isso são inferiores aos de fora.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 28)