O escultor

POR CHARLIE CHAPLIN

Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
– Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição.
– Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.
– Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.
– Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido.
– Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter um trabalho.
– Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus pela oportunidade da experiência.
– Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
– Se as coisas não saíram como planejei, posso gastar os minutos a me lamentar ou ficar feliz por ter o dia de hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser vivido da maneira que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma às ideias e utilidade às horas. Tudo depende só de mim.

Benefício da dúvida voltou a valer depois que o PT foi tirado da Presidência

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POR CELSO ROCHA DE BARROS, na Folha de S. Paulo

Ah, ser jovem e ser capaz de ressuscitar um movimento pelo impeachment porque a “IstoÉ” denunciou que Dilma tentou interferir em um julgamento do STF! Eram tempos mágicos, março de 2016, e éramos ousados: argumentávamos que delação premiada era prova suficiente (se o delator estivesse mentindo, afinal, seria punido severamente). Era tudo febril. Foi como Woodstock: se você lembra do entusiasmo punitivo que teve em março de 2016, você não estava lá. Também como em Woodstock, as coisas eram conduzidas por uns sujeitos que só foram confundidos com líderes de verdade porque todos estavam em um estado mental alterado em que nos parecia inteiramente natural que patos gigantes caminhassem entre nós.

Agora os delatores dizem que Michel Temer e José Serra pediram milhões em contribuições ilegais de campanha. E aí, derrubaremos o presidente, inflaremos os bonecos, bateremos as panelas, botaremos a Janaína para dublar Iron Maiden, teremos uma nova capa de “O Globo” comparando passeatas pelo impeachment à eleição de Tancredo? Quantos meses de revistas semanais teremos com as denúncias contra Temer e Serra na capa? Ao menos teremos curiosidade de perguntar em troca de que favores foram feitas as doações?

Não, hoje somos dezenas de dias mais velhos do que em março, nos tornamos burgueses e acomodados. Agora suspendemos o sabático do benefício da dúvida.

O sabático do benefício da dúvida foi longo, mas terminou quando o PT foi retirado da Presidência.

Para a turma que apoiou o impeachment, delações premiadas não são mais motivo para se parar o país, como paramos naquelas semanas loucas de março. Vamos deixar que o governo faça seu trabalho e que a Justiça faça o seu, dizem.

Vamos nos limitar a fiscalizar e deixar que as autoridades acusadas se defendam na Justiça. Essas seriam posições inteiramente razoáveis, se não fossem agora propostas por pessoas que, não faz seis meses, cuspiam na cara de quem as defendesse.

Nenhum benefício da dúvida foi oferecido ao PT, muito menos a Dilma Rousseff, pelos defensores do impeachment. Diante das denúncias da “IstoÉ”, menos graves do que as que agora há contra Temer e Serra, aceitou-se parar o governo. Aceitou-se derrubar o governo. Mas esse radicalismo todo acabou no dia seguinte à distribuição de cargos e verbas pelo presidente agora acusado.

Cada um terá sua opinião sobre o equilíbrio ideal entre benefício da dúvida e a necessidade de afastar suspeitos de cargos de responsabilidade. Cada um terá sua própria opinião sobre o equilíbrio entre governabilidade e contestação de um governo que responde a acusações sérias.

Mas é muito pouco provável que essas opiniões tenham mudado tão radicalmente no campo conservador desde março. Ninguém acredita nisso, como ninguém acredita que Dilma só descobriu que precisava fazer o ajuste no dia seguinte à reeleição.

O que é indiscutível, portanto, é que todos precisam revisar para baixo o quanto consideram que havia de convicção moral no movimento que derrubou Dilma. Se as convicções fossem aquelas, as atitudes diante de Temer e Serra não seriam estas.

Mas é isso, Temer venceu, é do jogo, e seus apoiadores podem debater entre si sobre quem estava entre os bêbados e quem estava entre os cínicos.

(*) Celso Rocha de Barros é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, com tese sobre as desigualdades sociais após o colapso de regimes socialistas no Leste Europeu. É analista do Banco Central. Escreve às segundas na Folha.

Leão comemora hoje 105 anos de reorganização

O Clube do Remo comemora nesta segunda-feira 105 anos de reorganização. Dono de uma das maiores e mais fanáticas torcidas do país, o Leão Azul festeja a reestruturação administrativa levada a cabo por 11 remistas, em 1911. Fundado em 1905, o então Grupo do Remo sofreu uma séria crise em 1908, levando o desembargador Alfredo Barradas a decretar a extinção do clube.

Diante disso, os abnegados Oscar Saltão, Antonico Silva, Geraldo Mota (Rubilar), Jaime Lima, Cândido Jucá, Harley Collet, Nertan Collet, Severino Poggy, Mário Araújo, Palmério Pinto e Elzeman Magalhães iniciaram a reestruturação da agremiação. Em 1911, o Remo conquistou o título de campeão paraense náutico e passou a ser chamado de Club do Remo, mudança sugerida por Oscar Saltão e aprovada em Assembleia Geral no dia 7 de agosto de 1914.

Interino confirma que pediu dinheiro à Odebrecht, mas confia que será inocentado pelo TSE

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DO JORNAL GGN

O interino Michel Temer confirmou, em entrevista ao portal O Antagonista, que pediu dinheiro a Marcelo Odebrecht após ter sido pressionado pelo seu partido, o PMDB. Segundo Temer, contudo, não houve crime. Apesar de Odebrecht ter delatado que os recursos, em dinheiro vivo, saiu do caixa 2 da empresa, o peemedebista afirma que tudo foi registrado pela Justiça Eleitoral.

Disse Temer: “Eu já confirmei que jantei com Marcelo Odebrecht, no Jaburu, em 2014. Como é natural, o partido me pressionava para obter recursos para os seus candidatos. A Odebrecht contribuiu? Claro que sim. Está tudo registrado. Foram mais de 10 milhões de reais, dentro da lei. (…) não tenho conhecimento sobre dinheiro dado em espécie. E, sinceramente, acho improvável.”

Semanas após ter se reunido com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, Temer demonstrou confiança de que o eventual sucesso da ação de cassação de mandato eleitoral contra a chapa eleita em 2014 só atingiria Dilma, por conta da contabilidade do PT e PMDB terem sido feitas separadas.

“Creio que o TSE vai separar o julgamento das minhas contas de campanha do das contas da presidente afastada. Foram duas campanhas com captações de recursos distintas, como manda a lei. Basta ir à Constituição para verificar que a figura do vice-presidente é apartada da do presidente. A tese de ‘arrastamento’ viola o preceito constitucional segundo o qual nenhuma pena passará da pessoa do condenado.”

Outros ministros do TSE, contudo, têm denotado que essa dissociação não teria sucesso na Corte eleitoral.

A ação de cassação, que pode ser concluída no próximo ano, pode atingir Temer bem no meio de seu mandato como presidente em exercício. Por isso sua defesa se esforça para alavancar teses que gere alguma blindagem e coloque todo o prejuízo nas costas de Dilma.

A presidente eleita deve ser julgada em definitivo no fim de agosto no processo de impeachment. A expectativa é de que seja derrotada. Mas, segundo o colunista Ricardo Noblat, o Planalto sob Temer ainda sente medo de uma reversão.

Da mesma maneira, Temer também se preocupa com uma eventual delação de Eduardo Cunha. Metido até o pescoço na Lava Jato, o deputado só pensa em arranjar uma maneira de livrar sua filha e esposa das mãos do juiz Sergio Moro. Para isso, estuda entregar tudo o que sabe sobre Temer, esquemas que envolvem a cúpula do PMDB e da bancada de mais de 100 deputados que foram financiados com a ajudar do ex-presidente da Câmara.

“Cunha acumula segredos que poderão pôr o governo a pique, além de provocar um terremoto na Câmara. Ali, mais de uma centena de deputados deve favores milionários a ele. Alguns devem a própria eleição”, escreveu Noblat.

Para o colunista, Temer dificilmente cairá se Cunha abrir o bico. “Mas em torno dele, muitos cairão ao primeiro sopro. O desgaste será grande.” Mesmo que o interino ganhe imunidade processual após a consolidação do impeachment, a mesma blindagem não estará disponível a seus ministros e outros caciques do PMDB e aliados. O estranho jurídico não é garantido, mas o político, sim.

Nesse cenário, segundo Noblat, restaria a Cunha ou “uma saída de cena à moda de Getúlio Vargas, mas ele não tem o perfil para tal. Ou a delação, como tantos fizeram até aqui.”

Nada como ter uma Justiça pra chamar de sua hehe…

Papão apresenta Robert e anuncia Rivaldinho

20160815_123235destaque377250bola5O atacante Rivaldinho (foto), filho do craque Rivaldo, é um dos reforços que o Paissandu terá neste segundo turno da Série B 2016. O jogador estava no elenco do Internacional de Porto Alegre, sem chances entre os titulares. Sua contratação tem o aval do técnico Dado Cavalcanti. O atleta já está em Belém e deve ser apresentado pelo clube nesta terça-feira.

Já o meia-atacante Robert, revelado pelo Fluminense, foi apresentado à torcida alviceleste antes do amistoso com a Tuna (vencido pelo Papão por 3 a 2), na manhã de sábado, na Curuzu. Robert foi revelado nas categorias de base do Fluminense e teve curta passagem pelo Barcelona B.

 

Invenção castigada

POR GERSON NOGUEIRA

A derrota frente ao Botafogo-PB, sábado, em João Pessoa, começou a ser desenhada quando o técnico Waldemar Lemos decidiu promover uma mudança ousada na equipe, mexendo com a estrutura do lado direito e desestabilizando por completo os demais setores. Com Levy posicionado como lateral-direito avançado, o time não conseguiu atacar pelos lados durante o primeiro tempo e ainda ficou vulnerável atrás.

unnamed (22)No fim das contas, o placar final de 2 a 0 espelha bem a superioridade paraibana na partida. Ressalte-se que o escore poderia ter sido bem mais amplo. O goleiro Fernando Henrique fez quatro defesas importantíssimas, que evitaram uma goleada.

A rigor, o goleiro foi o principal jogador do Remo no jogo, o que já revela o quanto a equipe foi dominada e atacada nos dois tempos.

O Botafogo portou-se com determinação, organização nas saídas ao ataque e segurança defensiva. Marcou nos três setores do campo com igual volúpia, às vezes até exagerando no jogo violento. A compactação dos alvinegros contrastou com a dispersão dos azulinos, cujos homens de meio-campo não encontraram espaço para criar jogadas.

Sem a participação de Eduardo Ramos e Marcinho no jogo, o Remo dependia de manobras individuais de Edno e Wellington Saci, muito pouco para incomodar a sólida retaguarda do Botafogo.

Curiosamente, o primeiro gol surgiu quando o Remo dava sinais de que iria encontrar formas de chegar ao ataque, mesmo com as deficiências no lado direito. Em jogada pelo meio, aos 25 minutos, Marcinho lançou Edno na área. Um instante antes da finalização, o zagueiro Plínio desviou para a linha de fundo.

Logo em seguida, Eduardo Ramos recebeu na área e bateu cruzado, mas a zaga impediu o gol. Dois minutos depois, Ramos desviou cruzamento feito por Saci, mas a bola saiu alta.

Aí veio o descuido fatal. Murilo saiu jogando errado e o meia Val recuperou a bola, partindo em direção à área. Como ninguém bloqueava, ele disparou um chute forte, que desviou no chão e enganou o goleiro Fernando Henrique.

Saci ainda deu um bom chute em cobrança de falta, quase surpreendendo o goleiro Michel Alves. A tentativa de reação do Remo morreu nesse lance.

Para a etapa final, o técnico Waldemar Lemos resolveu consertar o erro na escalação de Levy como atacante e o substituiu por João Victor. Depois de apenas três minutos em campo, o atacante recebeu entrada violenta do lateral Davi Luís e teve que deixar a partida. Waldemar optou por Héricles para o seu lugar.

Aos 11 minutos, em falha da defesa azulina, Rodrigo Silva cabeceou para fazer o segundo gol do Botafogo. Nem precisou sair do chão para testar com força para o fundo das redes. O Remo, a essa altura, estava completamente nas cordas, sem ânimo ou recurso para buscar uma reação.

O fato é que Waldemar teve a chance de corrigir de vez a situação, mas fez as opções erradas. Ao invés de tirar Levy do jogo, devia ter sacado Murilo, que não atuava há muito tempo e é inferior defensivamente. Só foi lembrar de tirar o jogador (lançando Junior Miranda) a seis minutos do final, quando tudo já estava definido.

Resta aos azulinos o consolo de ter mantido o terceiro lugar na chave, apenas dois pontos atrás de Botafogo e Fortaleza. A disputa continua renhida, mas os três jogos em Belém podem garantir a classificação à próxima fase.

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Brasil continua devendo futebol na Olimpíada  

O futebol brasileiro na Olimpíada emite alguns sinais de que pode brigar pelo ouro, mas a inconstância dos times põe em xeque a euforia pachequista. A seleção feminina caiu no gosto do povo, pela vontade e fibra de suas jogadoras.

Não passa, porém, confiabilidade em relação a times de técnica mais apurada e conjunto bem treinado. Pode chegar ao primeiro lugar, mas terá que melhorar muito. Contra a Austrália, a excessiva dependência de Marta cobrou seu preço. E quase levou à derrota nos penais.

No masculino, Neymar continua centralizando o jogo e dividindo opiniões. Depois da suada e merecida vitória sobre a Colômbia, esforçou-se para cativar o torcedor, assumindo o papel do líder que aplaude e incentiva seus companheiros.

Pode ter sido uma orientação de assessores, mas a atitude de sair cumprimentando e abraçando os demais jogadores denota uma evolução de pensamento. Lembrou até o gesto de Cristiano Ronaldo na final da Eurocopa.

Quanto ao desempenho em campo, o time evolui e descobre trunfos importantes, como o ágil Luan. Caso mantenha os nervos em ordem e a boa movimentação do meio para frente, a seleção pode ainda resgatar a confiança do torcedor. Aí, então, o caminho rumo ao ouro ficará bem mais fácil.

No geral, o futebol pentacampeão do mundo continua a dever uma exibição mais caprichada nesta Olimpíada.

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E Sassá lavou a alma botafoguense no Morumbi

E eis que, aos 48 do segundo tempo, quando não esperava mais nada, o bom Sassá deu o ar da graça e liquidou a fatura no Morumbi. O poderoso São Paulo, que acaba de confiscar o técnico Ricardo Gomes, sentiu o gosto travoso da derrota no apagar das luzes.

Que Gomes seja feliz por lá, mas que nunca esqueça que a Estrela Solitária tem brilho próprio e jamais se amofina.

Do ponto de vista pessoal, foi um caprichado presente de Dia dos Pais. Só o meu amado Botafogo para me proporcionar essas alegrias inesperadas.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 15)