Protesto de um cidadão católico e petista

Madison Paz de Souza

Venho aqui manifestar o meu repúdio às ofensas e insultos que, enquanto celebrante da missa do último dia 22, às 07:00h, impusestes aos petistas em geral, portanto também a mim. Entendo que como cidadão brasileiro, V. Sa. dispõe de todo o direito à prática do proselitismo neoliberal, mesmo nas suas homilias, desde que com respeito à dignidade alheia, mesmo alinhado aos falsos moralistas que não se quedam à vontade das urnas que, no último 26 de outubro, confirmaram a reeleição de Dilma Rousseff à Presidência da República.

Entendo, contudo, que a missão sacerdotal não lhe confere o direito de usar o Sagrado Altar de Cristo para assacar ofensas a quem quer que seja. Foi como procedestes, instantes antes da consagração do Pão e do Vinho, expressão santa do Corpo e do Sangue de Cristo, afirmando “in verbis”, que os petistas são “ladrões”, dentre outros impropérios assacadas no seu raivoso, colérico, indomável, arrogante e inaceitável acesso de desinteligência emocional.

Veja Pe. Plutarco; além de assédio moral contra qualquer dos petistas sérios e honrados que presenciaram o teu destempero sacerdotal (eu, dentre eles), ofendestes o Altar de Cristo. Generalizar, taxando de “ladrão” quem é petista, é insensatez que não se justifica.

Saiba, Pe. Plutarco, que aos 70 anos de idade jamais sofri ofensa pública de tamanha magnitude. Sou um simples cidadão, petista assumido e honrado, que depois de trilhar todos os caminhos de dignidade herdados dos meus saudosos pais, depois de iniciar a minha vida laboral como simples desenhista publicitário, tive a honra de contribuir para o desenvolvimento desta gigantesca Amazônia, passando pelos quadros funcionário da extinta SPEVEA, da Sudam e do Banco da Amazônia, onde desempenhei, dentre outras, as funções de Assessor da Presidência. E mais: depois de aposentado há 16 anos, ainda produtivo e gozando do conceito de retidão moral e profissional, construídos junto à comunidade bancreveana, sempre fui eleito, pelo voto livre e democrático da categoria, para exercer, ininterruptamente, cargos de direção, incluindo os de conselheiro (deliberativo e fiscal) em todas as entidades corporativas circunscritas em torno do Banco da Amazônia, a saber: Bancrévea (o nosso clube social); CAPAF (nossa caixa de previdência complementar); Unicrévea (Cooperativa de Crédito); as Associações dos Empregados (Aeba) e de Aposentados (AABA) e finalmente a Casf, a nossa Operadora de planos de saúde, que hoje tenho a honra de presidir, com a responsabilidade de cuidar de 12.787 vidas.

Sou, Pe. Plutarco, petista e honrado. Jamais aceitarei a irresponsável sentença que me foi assacada, em hora tão infeliz, quando negligenciastes a nobre missão de pregar, em nome de Deus, a paz e o amor entre os homens. Ouso convidar-lhe, como a qualquer outro semelhante, a constatar qualquer vestígio de ilícitos – muito menos roubo – em qualquer das minhas atitudes. Procure-as, mesmo em todos os biombos do modestíssimo apartamento onde vivo uma feliz relação matrimonial de 43 anos, ao lado de duas filhas (uma Médica, a outra Advogada) e uma queridíssima netinha.

Mesmo sem apetência para defender desonestos (políticos ou militantes de qualquer matiz partidário), afirmo que, nestas mal traçadas linhas, não exponho um desagravo meramente pessoal, mas um desagravo à ofensa que praticastes à tua própria função sacerdotal, usando o Altar de Deus para destratar, ofender e destilar veneno dentre o rebanho do Senhor.

Que “Ele” te conceda o perdão e te resgate para que, implícita ou explicitamente, possas entoar com fidedignidade a CANÇÃO DE SÃO FRANCISCO. Como sempre procurei fazê-lo, inclusive nas nossas missas dominicais, às quais continuarei assistindo. Quando sob a tua celebração, tomarei como alimento espiritual tudo o que pregares em nome de Deus, pela paz e harmonia entre os homens. Quando acaso pregares o ódio, a discórdia, a ofensa e a desunião entre irmãos, doravante as ignorarei.

Enfim, Pe. Plutarco, não nos queiramos mal, mas, respeitemo-nos mutuamente. Isto faz bem à alma, faz bem à vida.

Ass. MADISON PAZ DE SOUZA

5 comentários em “Protesto de um cidadão católico e petista

  1. Minha solidariedade ao Sr. Madison. Não sou petista, mas, tenho pra mim, que um pronunciamento deste que o Senhor Madison refere como tendo sido feito pelo sacerdote (e eu acredito que tenha sido assim mesmo como ele refere) tem potencial para ofender não só os petistas que estavam na celebração, mas a quaquer pessoa que tenha o mínimo de sentimento democrático, mesmo que nãos seja simpático ao pt ou aos seus dirigentes e suas práticas.

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