Por Gerson Nogueira
Juro que não é implicância. Até procurei ficar olhando o jogo, tentando ver algo de entusiasmante, mas amistosos da Seleção Brasileira realmente constituem um teste doloroso para céticos como eu. E o time até mostrou aplicação, vontade de vencer e muito entusiasmo na comemoração dos gols.
Com Neymar em noite inspirada, a Seleção chegou facilmente a uma goleada categórica sobre os donos da casa, em Istambul. Foi a melhor partida desde que Dunga assumiu o escrete. Mais convincente do que o triunfo sobre os argentinos.
O primeiro tempo terminou com placar de 3 a 0 e ficou a impressão de que um massacre estava a caminho. Não foi bem assim, mas de qualquer forma a equipe mostrou qualidades e rapidez na saída para o ataque. E méritos na defesa, que não sofre gols desde que Dunga substituiu Felipão.
Além de Neymar, William foi o mais destacado atacante brasileiro, utilizado como falso ponteiro. Oscar, também aberto pelos lados do campo, decepcionou. Parecia desligado, sem dar sequência às jogadas. Luiz Adriano, que vem fazendo gols em penca na Liga dos Campeões, também passou em branco.
A zaga – de Miranda e David Luiz – beirou a perfeição. Esteve implacável nas antecipações e desarmes. Quase não permitiu chances ao esforçado ataque turco. Esse trabalho foi muito facilitado pela boa movimentação dos volantes.
Enfim, sob todos os aspectos, uma atuação irrepreensível, digna de elogios e aplausos.
Só que a realidade é dura e não estimula euforia. Em primeiro lugar, a Turquia está há um bom tempo sem vencer em casa e é a lanterna de seu grupo nas eliminatórias europeias. De mais a mais, vamos combinar, é a Turquia velha de sempre, freguesa de caderninho do Brasil.
O fato é que os amistosos não empolgam ninguém. Motivos não faltam. O torcedor recorda logo a Copa das Confederações e os jogos preparatórios para a Copa. Só carne assada. Uma lista cuidadosamente selecionada para ludibriar e iludir.
Dá a impressão de que são jogos destinados a melhorar a imagem da Seleção depois daquela sova perante os alemães, mas ninguém leva a sério. Até porque todos sabem que quando a coisa for de fato pra valer será preciso jogar muito mais bola.
Neymar esteve à vontade, com espaço para manobrar, moleza que raramente encontra pela frente em competições de verdade. Mais ou menos como aconteceu na enganosa Copa das Confederações 2013.
Na próxima semana, outro adversário simpático e freguês: a Áustria. De joguinho em joguinho, o novo técnico vai se cacifando no escrete. Já há até quem, a sério, renda homenagens ao Capitão do Mato. Com ele, dizem, o Brasil jamais levaria de 7 a 1, como se a essa altura tal discussão ainda fizesse sentido.
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Eleição do Papão também sob impasse
Como Leão e Papão não conseguem passar sem imitar os piores defeitos um do outro, eis que a até então tranquila eleição alviceleste começa também a enfrentar turbulências. Primeiro, a chapa de oposição foi impugnada pela assembleia geral, mas o bloco da situação resolveu contemporizar e a inscrição foi aceita.
Depois de vencido esse obstáculo, o candidato oposicionista decidiu botar banca. Arranjou nova confusão, propondo um despropositado adiamento da eleição para dezembro. Felizmente, o bom senso prevaleceu e a comissão confirmou a data oficial de 19 de novembro.
Não é o suficiente para acalmar a chapa de Luiz Omar, mas já deixa entrever a firme e lúcida disposição de cumprir a agenda prevista. O martelo ainda não foi batido, mas é certo que em qualquer data a situação deve levar ampla vantagem no pleito bicolor.
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Uma grande chance de pacificação
Um aceno ao bom senso pode resultar em pacificação nos arraiais remistas. O presidente em exercício, Zeca Pirão, convidou seu opositor Pedro Minowa, sócios e torcedores, para uma reunião hoje, às 19h, na sede social do Remo.
É a chance de uma conversa ampla para planejar em conjunto o futebol do Leão para a próxima temporada. Pirão demonstrou grandeza em articular o encontro, deixando de lado as arestas do processo eleitoral em curso.
Caso o encontro frutifique e ideias sejam acordadas, há uma boa chance de que o clube finalmente se beneficie da união de seus dois grandes blocos políticos. Que assim seja.
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No Remo, comissão sem restrições
Prezado leitor, desconsidere o que foi dito sobre a nova comissão eleitoral anunciada para o pleito de 13 de dezembro no Remo. A coluna errou (feio) quando considerou a presença de um ex-presidente na comissão. Felizmente, para o bem do clube, todos os integrantes são pessoas idôneas, de notório conhecimento jurídico e reconhecida dedicação às causas azulinas.
Por outro lado, a figura mencionada na coluna de ontem vem mesmo ensaiando uma tentativa de reabilitação. Sem sucesso, por enquanto.
Olho vivo.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 13)