Por Gerson Nogueira
Pode ser que a Portuguesa tenha, de fato, incorrido em falha grave escalando irregularmente um jogador no Campeonato Brasileiro. Pode ser que o Fluminense e suas poderosas conexões nada tenham a ver com o fato de que a Justiça Desportiva vá subtrair pontos do time paulista, fazendo com que caia na classificação final, substituindo o Tricolor carioca entre os quatro rebaixados à Série B.
Tudo é possível, inclusive nada, como diria o outro. Ocorre que velhas histórias e fatos comprovados em edições passadas do Brasileiro permitem crer, com um mínimo de segurança, que poucas coisas relacionadas ao Fluminense acontecem por mero acaso.
A simples perspectiva de uma virada de mesa na composição do grupo de rebaixados do Brasileiro já inspira preocupações, visto que, desde a primeira edição do atual sistema de pontos corridos, a competição ainda não havia sido manchada por manobras de bastidores ou decisões de tapetão.
Tudo depende da avaliação que o STJD irá fazer da denúncia apresentada contra a Portuguesa por ter escalado o meia Héverton contra o Grêmio na rodada final. O jogador estaria legalmente impedido de atuar por ter sido suspenso depois de expulsão diante do Bahia, na 36ª rodada.
A CBF apressou-se, então, em consultar o STJD sobre a situação de Héverton e o prestimoso tribunal confirmou a princípio a ocorrência de irregularidade. Nesse caso, a Lusa fica sujeita à perda de quatro pontos, caindo para a 17ª posição, 44 pontos, tomando o lugar do Fluminense (46) no rol dos rebaixados.
Até o momento, as posições na classificação continuam inalteradas, mas hoje o tribunal deverá ser notificado para julgar o caso. Pela descrição do ilícito e levando em conta a força política que o Fluminense sempre teve nas entranhadas do STJD, a Portuguesa não terá a menor chance de salvação.
Pelo visto, enganaram-se todos os que julgavam que o tradicional clube das Laranjeiras iria pagar, em parte, a velha dívida de 2000/2001, quando deveria disputar a Série B e foi guindado à Primeira Divisão como num passe de mágica, resgatado pela conveniente criação da Copa João Havelange.
Diante dos fatos, parece inegável que a Portuguesa incorreu em falha administrativa das mais primárias, escalando um atleta suspenso, mas é também insofismável que existem caminhos aparentemente invisíveis a conduzir a trajetória do Fluminense no futebol brasileiro.
O poder do clube começou a se revelar durante o reinado de João Havelange na antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos), movendo céus e terras pelo tricolor carioca. Quando a entidade virou CBF, Ricardo Teixeira preservou a força do Fluminense em diversos momentos, como o já citado golpe que salvou o clube de disputar a Série B em 2001.
São históricos também os triunfos do advogado Francisco Horta nos tribunais em defesa do clube de Nelson Rodrigues. Pelos préstimos, acabaria chegando com honras à presidência do clube nos anos 70. Eram tempos de Otávio Pinto Guimarães mandando na Federação do Rio de Janeiro e, simultaneamente, na CBF.
Como se vê, a velha anedota se confirma outra vez, sempre de forma sorridente para o velho Flu: quem tem padrinho, não morre pagão.
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Aflições na nau azulina
Nem tudo são rosas no ambiente fervilhante do Clube do Remo. A saída de Maurício Bororó para ser vice do coronel Nunes na FPF e a eleição de conselheiros e beneméritos para o Conselho de Futebol têm gerado algumas fendas e atritos na gestão do futebol. Até os elos em torno do presidente Zeca Pirão perigam a se esgarçar.
Em comunhão absoluta com a torcida, que anseia ardorosamente pela volta aos dias de glória, a diretoria tem ouvido internamente cobranças pelos altos custos das contratações anunciadas. Sem um patrocínio forte para 2014, há o temor generalizado de que os festejos de agora se transformem em sofrimento mais adiante.
A conferir.
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Direto do blog
“Apesar dos esforços nova diretoria azulina frente ao clube, confesso que estou muito preocupado com a crescente dívida trabalhista do Remo. O pior é que não vejo nenhuma possibilidade desta dívida ser paga, a não ser que o time subisse para a primeira divisão e lá permanecesse por umas cinco temporadas, algo praticamente impossível para quem não consegue nem subir para a Série C. Vamos esperar que alguém tenha uma ideia genial para salvar o Remo desse abismo”.
De Luís Antonio Mariano, remista atento à dura realidade do clube.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 11)