
E não podia ser outra a estação para marcar o fim dos dias sombrios, de aflição e medo, que pairou sobre este nosso clube e sua mágica, apaixonada e, sobretudo, heróica torcida.
Como em outra Primavera, a de Praga, nos idos de 1968, a Primavera Tricolor, em 2013, simboliza as grandes mudanças na estrutura política e administrativa do Esporte Clube Bahia em 82 anos de sua gloriosa história.
O nosso principal ideal ao longo de todos esses anos de luta foi remover o despotismo e a tirania que aprisionava o clube mais popular da Bahia. Popular, mas não do povo, não de sua torcida.
O Esporte Clube Bahia era um feudo, uma capitania hereditária, um butim dividido entre comparsas que se locupletavam não só de suas rendas, mas, de sua tradição, de suas conquistas, e de sua história.
O torcedor era apenas um espectador, que devia contentar-se em encher as burras da tesouraria, depois de fechado o borderô em Pituaçu, na velha ou na novíssima Fonte Nova.
Pra que o povo? Esta é a pergunta clássica dos que não respeitam a pluralidade, não acreditam na democracia, e não querem a liberdade, porque usam o poder para subtrair e não ter que prestar contas a ninguém.
Ditadura, meus caros amigos e amigas tricolores, não rima com competência, com seriedade, com transparência.
Ao lado de bravos companheiros e companheiras de luta nós enterramos, no dia 7 de setembro de 2013, a ditadura no Esporte Clube Bahia.
Não vou citar os nomes de todos esses combatentes, porque teria que passar horas e horas lendo uma lista interminável.
Que é, no fundo, toda a torcida do Bahia que ansiava e provocou todo esse processo de mudança.
Não cito nomes para não correr o risco de cometer injustiças, esquecendo de pessoas que nem mesmo conheço, mas que sei que, a seu modo, lutaram e sonharam com este dia: o dia da liberdade do Esporte Clube Bahia.
Mas não posso deixar de homenagear alguns que não estão aqui, no mundo físico, mas inspiraram nossa persistência.
Nosso profundo agradecimento a Antonio Miranda, a Edmundo Pedreira Franco, a Luiz Osório Vilas-Boas, lutadores desse bom-combate.
E especialmente o meu abraço ao presidente Antonio Pithon, impossibilitado de vir aqui por problemas de saúde, e que foi vítima de uma campanha maldosa para destruir a sua reputação de homem íntegro, sério e competente.
Não destruíram não, Pithon. Este momento, todas as mudanças que se operam no Esporte Clube Bahia, esta minha posse, é o recado de que o bem, mais uma vez, venceu. E você, Pithon, é o vencedor.
Aos jogadores e treinadores do Bahia de todos os tempos, minha sincera homenagem por terem construído, de fato, a mística deste clube: de ter nascido para vencer, de nunca temer adversários, de reverter causas impossíveis.
Homenagem que simbolizo em três nomes: Osni Lopes, treinador e jogador vitorioso pelo Bahia, líder do sindicato dos atletas; Bobô, o maestro de nosso segundo campeonato Brasileiro; e o mestre Evaristo de Macedo, mais que um treinador, um apaixonado pelo Bahia, e nosso comandante do título da segunda estrela, em 1988.
A emoção toma conta do meu coração neste instante, mas confesso que o meu senso de responsabilidade fala também muito forte.
A situação financeira do Bahia é crítica, as dificuldades são gigantescas, a crise é muito grave. O Bahia quase foi destruído pela usura e pela ganância.
Está na hora de refundá-lo em bases democráticas, com competência, com transparência, com profissionalismo.
Não haverá soluções mágicas nem sou o super-homem. Vamos ter que redobrar os nossos esforços para vencer todas as adversidades.
Repetindo Drummond, vamos de mãos dadas.
O Bahia não é meu, não será de nenhum diretor, de nenhum conselheiro.
O Bahia é da sua torcida, a quem rendo minha grande homenagem nestas palavras. A você, torcedor, peço não só a colaboração e uma dose extra de paciência, mas uma vigília permanente para que nunca mais deixem que esmaguem as flores do nosso jardim.
Se ninguém nos vence em vibração, é com você, torcedor, que vou contar pra gente ganhar mais este jogo, difícil, duro. Uma peleja contra as adversidades e contra todos os interesses escusos que se defrontam com os interesses do nosso Bahia.
Volto a ocupar a presidência com a sabedoria dada pelos anos e revigorado pela paixão que me amarra a este pavilhão azul, vermelho e branco.
Mas quero advertir aos que ainda estão acoitados na espreita, que também tenho a couraça endurecida pelos embates ao longo da vida, contra a ditadura que escureceu o céu anil deste país e, mais recentemente, contra a tirania que sombreou o nosso distintivo tricolor.
Com o meu vice Valton Pessoa, os nossos diretores, a nossa equipe de trabalho, conselheiros, sócios, Embaixadas Tricolores e todos os torcedores, vou lutar, com todas as minhas forças, para garantir a democracia para sempre no Bahia.
Perguntam-me qual será o meu primeiro ato como presidente eleito. Respondo: pedir ao nosso Conselho Deliberativo que nomeie o Dr. Carlos Rátis como Grande Benemérito do Esporte Clube Bahia pelo seu extraordinário trabalho, e de sua equipe, na construção desta Primavera Tricolor.
Parafraseando a belíssima letra do Hino da Independência da Bahia: Nunca mais o despotismo regerá nossas ações, porque com tiranos não combinam “Tricolores” corações.
Assumo o compromisso, neste curto mandato presidencial, de devolver o clube ao lugar de onde ele nunca deveria ter saído: junto ao coração, morada sagrada, de cada torcedor, de cada torcedora, deste meu, deste nosso, Esporte Clube Bahia.
Muito obrigado!
Salvador, 9 de setembro de 2013
Mais da mesma coisa, só que escrito de modo diferente!
“Não é meu Rei?”
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Copia Leão.
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que nem aqui; lá as elites economico-politicas se dividem entre os dois rivais e assim vendem seus produtos sejam mercadorias ou mandatos politicos.Do centenário Ypiranga restam memórias. As torcidas brigam, se matam mas o futebol, que já foi campeão brasileiro em plena era Santos-de-Pelé. Patina, deslisa mas não decola, que nem por aqui.Enquanto isso, no primeiro mundo do futebol, times seguem um planejamento entre médio e longo prazo e realizam.
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