Os jornalistas Lúcio Flávio Pinto e Paulo Roberto Ferreira são os primeiros a prestar depoimentos à Comissão da Memória e Verdade, criada pelo Sindicato dos Jornalistas no Pará (Sinjor-PA) para investigar casos de violação e agressão ao trabalho de jornalistas paraenses, no período de 1964 a 1985, por órgãos da repressão política dos governos militares. Os dois jornalistas serão ouvidos durante audiência pública que vai acontecer na tarde desta quinta-feira, dia 21, no auditório Deputado João Batista, na Assembleia Legislativa do Estado Pará (Alepa).
A comissão criada pelo Sinjor-PA faz parte do esforço dos jornalistas brasileiros, através da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), para colaborar com as investigações que estão sendo feitas pela Comissão Nacional da Verdade. Esta comissão foi criada pela lei federal nº 1.2528/2011 e instituída em 16 de maio do ano passado “para apurar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988”.
“Temos, nesse período, casos de repressão à atividade jornalística que ainda não foram devidamente apurados, histórias que ainda não foram contadas ou receberam apenas a versão oficial, e que agora precisam vir à tona, precisam ser contadas”, afirmou a jornalista Sheila Faro, presidente do Sinjor-PA. “Precisamos chacoalhar essa memória recente da nossa história e encontrar a verdade sobre muitos desses fatos”.
O jornalista José Maria Piteira, membro da Comissão da Memória e Verdade do Sinjor-PA, citou as repressões sofridas pelo jornal “Resistência”, editado pela Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), a partir de 1978. “O jornal se tornou uma referência nacional de denúncia dos crimes e outras tantas atrocidades praticadas pelos órgãos de repressão dos governos militares pós-64”.
Por conta de sua luta contra a ditadura, o Resistência teve edições apreendidas, jornalistas presos, e a gráfica onde era impresso foi invadida pela Polícia Federal e, em 1984, misteriosamente incendiada. O jornal recebeu por quatro vezes o prêmio “Vladimir Herzog de Direitos Humanos”. O jornalista Paulo Roberto Ferreira, que foi repórter e editor do jornal, vai contar essa história em detalhes, na audiência da próxima terça-feira.
A Comissão da Verdade do Sinjor-PA ainda vai colher, até o mês de julho deste ano, depoimentos de outros jornalistas paraenses que sofreram agressões dos órgãos de repressão dos governos militares. Todos os depoimentos, inclusive os da audiência desta quinta-feira, serão gravados em áudio e vídeo e ganharão registros taquigráficos. Esses documentos farão parte do relatório que o Sinjor-PA encaminhará à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em agosto. A Comissão da Memória e Verdade do Sinjor é integrada pelos jornalistas Emanuel Vilaça, Luciana Kellen, Franssinete Florenzano, Priscila Amaral e José Maria Piteira.
Dados sobre os jornalistas depoentes:
Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966, quando começou em “A Província do Pará”, de Belém, tendo depois passado por algumas das principais publicações da imprensa brasileira. Em 1988, deixou a grande imprensa e passou a se dedicar unicamente ao “Jornal Pessoal” (JP), boletim quinzenal que escreve há 25 Anos. Lúcio Flávio recebeu quatro prêmios “Esso” e dois “Fenaj” (Federação Nacional dos Jornalistas), que, em 1988, considerou o JP a melhor publicação do norte e nordeste do Brasil. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra injustiças sociais, ele recebeu, em 1997, o prêmio Colombe d’Oro per La Pace. Em 2005, recebeu o prêmio anual do Comitê para a Proteção Jornalistas, de Nova York, pelas denúncias que fez no JP em defesa da Amazônia e dos direitos humanos.
Paulo Roberto Ferreira é um dos fundadores da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), entidade que lutou contra os governos militares do período de 1964-1985 e pela redemocratização do Brasil. Como membro da entidade, foi diretor, editor e repórter do jornal “Resistência”, publicação que sofreu forte repressão dos órgãos da Ditadura Militar. Depois, Paulo Roberto foi repórter e editor dos jornais “Gazeta Mercantil”, “A Província do Pará” e “O Liberal”. Professor de Jornalismo, ele também exerceu o cargo de Secretário Estadual de Comunicação.
Paulo Roberto Ferreira é um dos fundadores da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), entidade que lutou contra os governos militares do período de 1964-1985 e pela redemocratização do Brasil. Como membro da entidade, foi diretor, editor e repórter do jornal “Resistência”, publicação que sofreu forte repressão dos órgãos da Ditadura Militar. Depois, Paulo Roberto foi repórter e editor dos jornais “Gazeta Mercantil”, “A Província do Pará” e “O Liberal”. Professor de Jornalismo, ele também exerceu o cargo de Secretário Estadual de Comunicação.