“Todos somos finitos, não se pode pensar a curto prazo. Acho que as gerações futuras poderão usufruir daquilo que eu usufruí, e esse é o destino que eu dou. Me sinto muito gratificado quando leio os trabalhos acadêmicos que têm ‘Acervo Vicente Salles’ no local de pesquisa. Você não sabe como isso me gratifica, porque acho que estou sendo útil, né?”. A declaração foi feita pelo professor Vicente Salles em sua última entrevista, concedida ao caderno Você do DIÁRIO, no último dia 5 de fevereiro. Salles morreu na madrugada desta quinta-feira. Era doutor “Honoris Causa” da Universidade Federal do Pará (UFPA) desde 2011.
Pesquisador, historiador, folclorista e musicólogo, Salles é um dos mais importantes intelectuais do Século XX, da Amazônia e do Brasil. Com mais de 80 anos, ele continuava produzindo e colaborando com diversas áreas. Entre seu trabalhos mais significativos estão os livros “História do Teatro do Pará”, “Vida do maestro Gama Malcher”, “Negro do Pará – sob o regime da escravidão” e “Santarém: uma oferenda musical”.
Segundo nota expedida pela UFPA, “além de receber o título de doutor honoris causa, que é o mais alto dos graus universitários, normalmente concedido a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das Artes, das Ciências, da Filosofia, das Letras ou do melhor entendimento entre os povos; Vicente Salles também doou a parte de sua coleção pessoal e material utilizado em pesquisas sobre negros, cultura, artes e folclore da Amazônia ao Museu da UFPA”. O Acervo Vicente Salles reúne mais de quatro mil documentos e 70 mil recortes de jornais sobre temas como música, folclore, negro, artes cênicas e literatura, além de uma coleção de cartuns, fotografias de época, cordéis, peças de teatro do repertório regional e nacional, teses, folhetos e cartazes. (Ilustração de Biratan Porto)
Que sua alma descanse na paz de Deus !
Força à família !
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Leitura e referência imprescindível aos alunos e pesquisadores da academia sobre cultura, escravidão negra e folclore regional, Salles, um “rato de arquivos”, alcunha que convém aos historiadores e pesquisadores, fará falta.
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