Apagão de oito minutos

Por Gerson Nogueira

Gosto do trabalho e do estilo de Givanildo Oliveira. É um dos poucos técnicos da velha guarda que têm minha admiração. Não só pelo passado de vitórias, mas pela seriedade óbvia que transmite. Refiro-me ao fato de que ninguém tem dúvida quanto ao comprometimento de Givanildo com o clube que o contrata – sim, eu sei, parece óbvio, mas tem muito enganador por aí que não respeita acordos. Não é mercador, como tantos outros picaretas que de vez em quando nossos impolutos dirigentes arranjam.

Impossível imaginar Givanildo ganhando por fora em transações escusas com jogadores e seus empresários. Todas essas virtudes já são suficientes para tornar o veterano treinador uma avis rara no mundinho sujo do futebol profissional no Brasil, onde impera a rotina de falcatruas, onde técnicos racham salários com atletas e cartolas fazem vista grossa porque também têm interesse na bandalheira.

Às vezes, até causa espanto observar Givanildo ainda trabalhando nesse campo minado, onde reputações são atiradas na lixeira a cada rodada. Pelas informações que tenho, colhidas junto a amigos seus de longa data, não precisaria mais viver das incertezas normais da função.

Só permanece em atividade por gostar demais da profissão. Respira futebol, gosta do ofício de montar times. Enfim, é um apaixonado pelo que faz. Por tudo isso, é claro que um cara com esse perfil tem todo o meu respeito.

Acontece que quando a gente vê o Paissandu jogar a coisa muda de figura. Lá se vão cinco partidas sem vitórias sob o comando do velho Giva. Não são resultados vexatórios ou desmoralizantes, apenas decepcionantes. Que Givanildo tem fama de cauteloso e até retranqueiro, todo o pessoal que acompanha o Círio já sabe.

O problema é que o Paissandu, que já vinha mal das pernas sob a batuta de Roberval Davino, perdeu totalmente o eixo desde que o pernambucano assumiu. E aí cabem algumas observações para que não se atirem pedras exclusivamente no treinador.

Contra o Guarani de Sobral, uma semana atrás, o Paissandu abriu a guarda nos instantes finais. As substituições desajustaram o time no segundo tempo, mas é verdade também que as peças disponíveis na ocasião não ajudavam e quatro titulares estavam ausentes.

Na capital cearense, ontem, com várias mudanças na escalação e duas estreias (Rodrigo Fernandes e Moisés), o Paissandu fez um primeiro tempo acima da média. Foi agressivo, trocou passes em velocidade e mostrou-se até ousado em determinados momentos. Foi tão diferente dos últimos jogos que surpreendeu o Fortaleza e saiu na frente.

Veio a etapa final e o que a torcida mais temia aconteceu. De repente, o time se encolheu e passou a ser o Paissandu de sempre, medroso e inseguro. O desastre que se desenhava desde os primeiros movimentos começou a se confirmar aos 22 minutos. A virada veio três minutos depois e se consumou aos 30. Um apagão que durou exatos nove minutos.

Ouvi ao longo do jogo e depois dele inúmeros ataques a Givanildo, alguns extremamente ácidos. Algumas críticas são justas, outras contêm os exageros típicos do torcedor. É verdade que o técnico já não parece ter o toque mágico de antes para mudar a cara de um time em dificuldades.

Mas, convenhamos, o material humano disponível não ajuda. Poucos são os jogadores realmente confiáveis (falo apenas no aspecto técnico) do atual elenco. No aspecto físico, alguns atletas (nem preciso citar nomes) estão visivelmente disputando outra competição – contra a balança.

O fôlego do time é precário e não é coincidência que sofra tantos gols depois dos 20 minutos do segundo tempo. Algo precisa ser feito para evitar o pior, mas não creio que a mudança deva ser de comando técnico.

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Palmeiras, em dose maior, e Flamengo, em escala menos angustiante, são dois dos gigantes do futebol brasileiro sob risco de degola no Brasileiro. Todos têm folha salarial acima de R$ 4 milhões, valor que soa incompreensível diante da pequenez do futebol que andam exibindo em campo.

Sempre que observo a situação desses times fico a imaginar o mal que dirigentes amadores fazem ao futebol profissional. Gente apressada e despreparada, que confunde qualquer jogadorzinho mediano com promessa de craque. Não surpreende que seus clubes chafurdem na mediocridade.

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A mais importante distinção do Estado a personalidades merecedoras da admiração do povo paraense, a Comenda da Ordem do Mérito Grão-Pará, será entregue hoje pelo governador Simão Jatene ao atleta paralímpico Alan Fonteles, medalhista de ouro nas Paralimpíadas de Londres. A solenidade está marcada para o Hangar. Além de Alan, serão homenageados também todos os atletas que participam de projetos do governo do Estado.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 17) 

22 comentários em “Apagão de oito minutos

  1. Esse problema físico tão evidente no Paysandu vem afligindo o time há anos! Não são de agora os apagões, nem os atletas com um palmo de língua para fora ainda na metade do segundo tempo. Ano passado foi o mesmo, e em 2010, 2009 etc, etc. O campeonato este ano tem o dobro de jogos. Portanto, o desgaste deverá ser ainda maior. Além disso, outros fatores podem prejudicar o time:
    – Luverdense e Fortaleza deverão se classificar com muita antecedência e poupar jogadores nas últimas rodadas, perdendo pontos que normalmente não perderiam. O Paysandu, desafortunadamente, já enfrentou ambos.
    – O Guarani de Sobral, que deve ser rebaixado com várias rodadas de antecipação, pode ser presa fácil nos últimos jogos. O Paysandu, também desafortunadamente, já enfrentou o Guarani – e empatou.
    – O que mantem o time ainda em situação razoável foi o início avassalador, quando venceu as duas primeiras partidas. É esta gordura acumulada que está mantendo a equipe viva, pois nos dez jogos seguintes, venceu apenas uma partida, somando nove pontos em dez jogos.

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  2. Futebol profissional, é coisa séria. Esses times do Fortaleza e do Luverdense, já jogam juntos havia algum tempo. Esses elenco do Paysandu, mesmo só faltando 6 rodadas para o fim, ainda está em formação, e aí, o risco é maior de dar tudo errado, pelo fato, também, do clube não ter dinheiro para contratar as primeiras opções de reforços, pedidas pelo técnico.
    Ontem, escutando uma entrevista do Giva, sobre essas 2 novas(?) contratações, ele disse: ” O Paysandu, não tem dinheiro, logo tenho que indicar jogadores que ele possa pagar”. Entendi que, acontece com Giva, o mesmo que aconteceu com o Davino. Não mudou, muita coisa não..
    Amigos, é mais ou menos assim: Esses diretores e o LOP, brincam de fazer futebol profissional. Um Presidente que, em 6 anos não consegue um acesso, é muita Incompetência..

    – Giva, é conhecido por mudar o jeito de jogar de um time nos vestiários, mas não é milagreiro, logo não consegue fazer isso, com um elenco qualquer..

    – Na hora que se der o tempo, que se perde com técnicos locais, no inicio dos trabalhos(Novembro) a um Giva ou a um Davino, e der a eles as mínimas condições de trabalho, usando o Estadual para montar esses times para o brasileiro, como se faz em todo País, eles chegarão arrebentando no brasileiro e nem precisarão arriscar em contratações de 3ª ou 4ª opções.. Elementar..

    O problema de Remo e Paysandu, é a FALTA DE UM BOM PLANEJAMENTO, NO FUTEBOL E NA PARTE ADMINISTRATIVA.

    No Remo, por exemplo, querem a reeleição do Cabeça, apoiado, acreditem, por uma parte da mídia. Deve ser para dar sequência ao seu “BOM” trabalho que, segundo o Jhones Tavares em um programa de rádio, foi perfeito… Eu hein..

    Futebol Paraense, precisa, URGENTEMENTE, se reciclar, em todos os sentidos: Dirigentes e grande parte da Mídia.

    É a minha opinião.

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    1. Mariano, a torcida do Remo é desmobilizada, como a do Paissandu também. Só protesta nos minutos seguintes a uma derrota ou eliminação, depois some. O AK tentou vender estádio, sucateou sede e ginásio, deixou dívidas trabalhistas monstruosas e ainda quebrou o escudo da frente do estádio, e nada aconteceu. E ainda há quem o aplauda por tudo isso. Como você quer que combatam o Cabeça, que – perto do AK – é aprendiz?

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  3. A midia paraense vai demitir mais um tecnico, Te dizer. Trabalho a curto prazo nao surge efeito, tem que ter sequencia e tempo, acabou a epoca de formar times em cima da hora e dar certo, nao existe mais times bobos como antes.

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  4. Gerson Nogueira, foste incisivo nessa opinião. Faço minhas as suas palavras e ainda acrescento que apesar de estar estranhando o velho Giva( acostumado a fazer jogador ruin jogar e tirar leite de pedra) já ha 06 jogos sem vencer no comando do Paysandu, dou a ressalva a ele que com uma diretoria dessas e um time caldo de gó desses tipo esse do Paysandu nem o Gardiola da jeito. Para completar a situação caótica desse Paysandu, ainda tem jogador alcoolátra no time, os salarios estão super atrasado e a diretoria está naquela de salve-se quem puder e o LOP está confiscando todo e qualquer centavo que entra no Paysandu para tirar o dinheiro ou parte do dinheiro que o Paysandu “deve a ele”. Pode um negócio deste?? Uma diretoria e um CONDEL que está afundando ha 06 anos o Paysandu e vai deixar esse time em desgraça deveria e pagar todo esse prejuizo. Ainda por cima de tudo é uma diretoria, quem além de inconfiável, é burra. burra. Porque se querem dinheiro por exemplo, bastava organizar, se preparar para esse jogo, tranquilizar esse time que apesar de ruin, dava para trazer um empate de Fortaleza. Aí no jogo contra o Santa, seria por baixo renda para 450 mil reais tranquilo. Se ganha lá , e com a motivação da desclassificação do rival, Torcedor tem dessas coisas, concerteza teriamos mais de meio milhão de reais facil facil contra o Santa. Mais essa diretoria, imbecil, perdão pela exaltação, não consegue ver dessa maneira. Ja estão até querendo levar jogos para a Curuzu. Esses caras pensam muito pequeno. Então pelo andar da carruagem, não ser rebaixado ja será um ótimo resultado, permitame-me Gerson, dizer o seguinte:: Espero que essa diretoria idiota, faça o favor de garantir o rateio da renda liquida do jogo contra o SANTA entre jogadores e funcionários logo no dia seguinte após o jogo. Mesmo não acreditando, a torcida ainda vai , e eu vou porque é o jogo decisivo para não ser rebaixado e ainda ter uma chance de classificar. e deveremos ter uma renda líquida de pelo menos 150 mil reais. Gerson se a essa diretoria não prometer e cumprir isso, bye bye brasil. Lembro o ano de 1995 na serie A , o Paysandu estava na mesma situação, caindo pelas tabelas, sem ganhar a vários jogos, caminhando para o rebaixamento. Aí tinha o super jogo aqui contra o Mengão do ataque dos sonhos, se o PAPÃO GANHASSE ficaria aliviado na tabela. se perdesse ja era. Os salarios estavam 4 meses atrasados e era motim de jogadores constantemente. Ai o G Rabelo, (LOP trabalhou com ele), prometeu ratear todo a renda do jogo entre os jogadores e funcionários. O Paysandu meteu 2×0 no mengão, renda com 60 mil toecedores, renda de 600 mil reais naquela epoca. Sobrou 350 mil liquido Paysandu. ( valores de hoje seguramente 800 mil reais. Após isso, muita festa na cidade, o Papão tranquilizou na tabela, mas O Geraldo não pagou o que prometeu, sumiu com os 350 mil ( na epoca também disse que o Papão devia 1 milhão para ele), o Paysandu começou a cair em queda livre, não ganhou mais nenhum jogo e foi rabaixado. Quaquer semelhança hoje não será mera coincidencia.

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  5. O Givanildo deveria ser cobrado, e explicar o motivo da escalação de Wanderson e Harisson e o descaso com o Neto e Lineker, dois jovens, que se não tem experiencia, tem vontade e mais futebol que essas duas múmias do meio campo bicolor. Para completar a dose, o Paysandu anuncia a chegada de mais dois anciões para “reforçar” o elenco.

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  6. A gestão atual foi tão ruim quanto a anterior, não ganhou nada, gerou certamente mais despesa que a anterior (só neste nove meses de 2012 contratou mais de 60 jogadores e 4 técnicos), quanto ao passivo trabalhista só mais tarde poderemos aquilatar. Aliás, o único avanço foi ter disputado a série D, mas mesmo isso foi conseguido a custa da vergonha e do dinheiro da torcida que permitiram adquirir a vaga do Cametá.

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  7. A luta agora é contra o rebaixamento. Praticamente, já não creio mais em classificação, embora seja plenamente possível. Mas ocorre que o time não tem a menor credibilidade. É só atacante ruim e meias sem preparo físico. E, como se não bastasse, ainda tem o atraso de salários, que faz com que os jogadores se desmotivem. Sem falar no presidente que comanda o clube… Esta tudo caminhando para um possível rebaixamento….

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  8. Gerson e amigos, o Givanildo é um excelente técnico q está no Paysandu mais por gostar do clube e ter respeito da torcida do que realmente precisar estar aqui. Espero q o Paysandu se mantenha na serie C e que os novos dirigentes tenham a cabeça no lugar e mantenham o Giva para um trabalho a longo prazo, gostaria muito de ver um técnico competente como ele fazer um trabalho como Galvão vem fazendo no Águia. Nos torcedores devemos apoiar o Givanildo, tenho certeza q a longo prazo ele consiga nos colocar bem na serie B. EU PEÇO PELO AMOR DE DEUS DEIXEM O GIVA TRABALHAR!!!!!

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  9. quem não deixa o futebol do pará crescer é a midia paraense que se mete em tudo vocês tem que comentar o jogo somente.

    mais tudo isso é porque eles são mais torcedor do que profissionais de impressa

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  10. Os veiculos de comunicação (aqui denominados “midia paraense”) fazem das tripas coração para motivar o desiludido torcedor a ir aos estádios e pagar para ver jogos que, se não fosse por “corda” dos reporteres setoristas não iriam atrair ninguém. E haja esforço, des setoristas, dos comentaristas, narradores para manter o torcedor “ligado”. Puxem essa escada, como já o fizeram alguns dirigentes, especialmente em outras cidades e o último que sair apague( e pague) a luz.Os EUA descobrem a fonte de renda que é o futebol e investem na formação de jogadores(as) e, principalmente, na mídia (basta ver os intervalor dos jogos com shows de música, dança e muita gata que faz o torcedor começar a gostar do tal de futebol.

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