Por Gerson Nogueira
A permanência de Rafael Oliveira na Curuzu, depois de um frustrado processo de transferência, acabou se revelando um bom negócio para Roberval Davino. Ganhou uma alternativa para o ataque, que pode, conforme a necessidade, jogar até como centroavante.
Em condições normais, Rafael se adapta mais ao jogo pelos lados da área, função que no futebol argentino é valorizadíssima nos clubes, mas que no Brasil por vezes se perde em algum lugar entre o meia-atacante, o ponta-de-lança e o extrema.
Mesmo depois que Rivaldo elevou a posição ao grau máximo na Copa do Mundo de 2002, poucos técnicos conseguem distinguir jogadores com potencial de conduzir o ataque pelas beiradas da área, sem necessariamente atuarem como atacantes de ofício.
Podem funcionar como meio-campistas de luxo, capazes de empreender arrancadas em direção à área e aptos para jogadas de finalização. Rafael tem, à sua maneira, essas características. Com a vantagem do bom porte físico para o enfrentamento com os zagueiros.
Davino, ao estruturar o time para a Série C, parecia contar mais com Tiago Potiguar para executar a função. De estilo mais técnico e especialista na condução da bola, Potiguar ainda deixa dúvidas quanto ao condicionamento físico.
Na semana que antecede a abertura da Série C, o técnico ainda não definiu quem ficará com o papel de escolta do centroavante Kiros. Embora Potiguar tenha aparecido bem no Re-Pa, Rafael voltou aos treinos e tem chances de entrar jogando na estréia. Com ele, o ataque ganha em força e opções de finalização.
Caso prefira fortalecer a marcação no meio-de-campo, Davino pode incluir Leandrinho na disputa pela vaga, mas a partir dessa escolha o Paissandu teria postura menos agressiva e mais marcadora.
Outra opção, mais radical, embora ainda pouco cogitada, seria o aproveitamento do garoto Lineker, cujo desempenho nos treinos tem agradado bastante ao técnico. Pelo perfil semelhante, o ex-tunante surge como um substituto natural para Potiguar. Há, ainda, a alternativa de utilizar Héliton, como atacante aberto pelas extremas, para explorar situações de contra-ataque.
Todas as alternativas são válidas – incluindo o garoto Bartola – e podem vir a ser utilizadas ao longo do campeonato, mas Rafael Oliveira é a mais importante contratação que o Paissandu não precisou fazer.
No Remo, ninguém assume a intenção deliberada de mandar o técnico embora, apesar da vexatória estréia em Vilhena. É possível até que gestores saiam primeiro – Hamilton Gualberto anunciou ontem seu afastamento. Só não adianta esconder a realidade: o clube vive momentos conturbados, desde a derrota para o Paissandu.
Dirigentes que têm voz e voto junto à presidência admitem que Flávio Lopes ficou muito desgastado em função do posicionamento no Re-Pa. Primeiro, jogou a toalha antes de entrar em campo. No jogo, deu ao rival a condição de disparar uma goleada histórica.
Ainda sob questionamentos pela perda do título estadual para o Cametá, o técnico foi mantido para a Série C, mas desaponta os dirigentes pelo excesso de cobranças, incluindo algumas injustas, feitas sob medida para impressionar o torcedor e desgastar a cartolagem.
O péssimo resultado no primeiro jogo, longe de ser visto como um acidente de percurso, já é avaliado como conseqüência da má preparação da equipe, que treina há mais de 40 dias. A falta de explicações plausíveis para o fiasco só agravou a situação do treinador.
Atribuir o tropeço à falta de alma e comprometimento não era a resposta que a cúpula do clube esperava. Nem mesmo o presidente Sérgio Cabeça está mais entre os defensores de Lopes.
Ao contrário do que se especula no Baenão, uma vitória contra o Penarol domingo, no Baenão, não garante o técnico no cargo. Além de vencer, o Remo terá que convencer, jogando bem. Coisa que não acontece desde a decisão do returno contra o Águia, no Mangueirão.
“Não é uma biografia, apesar de ser vida. Não é um livro de história, apesar de retratar um período. É um livro de encanto, de lembrança, de nostalgia. É um livro de instante. Instante que dura a vida inteira”.
O texto integra o convite para o lançamento do livro “Tempo de Lembrar”, de José Carneiro sobre o publicitário Abílio Couceiro, quinta-feira (28), às 18h30, no prédio da Fiepa.
Mais que um consagrado homem de comunicação e propaganda, Abílio é um desportista. Apaixonado por futebol e, acima de tudo, pelo Paissandu. Sua história merece boa leitura.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 26)