Sob ameaça de extinção

Por Gerson Nogueira

Poucas vezes o país do futebol foi palco de lambança tão grandiosa. E olha que vivemos na pátria-mãe das mais inimagináveis maracutaias. Mas, mesmo para os padrões nacionais, a balbúrdia criada por uma trinca de clubes emergentes é um marco desmoralizante na história da CBF, obrigada a atrasar o início de duas competições oficiais.
A situação lembra o imbróglio jurídico que resultou na Copa João Havelange, em 2000, saída malandra da entidade para acomodar interesses financeiros de grande monta e prestigiar o Clube dos 13, depois que uma batalha judicial impediu que a própria CBF organizasse a competição. 
Depois de décadas de absoluto controle sobre os clubes filiados, implacável com aqueles que ousavam se rebelar, a CBF corre o risco de um vexame público caso Treze (PB), Araguaína e Brasil de Pelotas triunfem nos tribunais. O desgaste só não é maior porque as séries A e B estão em andamento, ajudando a abafar os efeitos da crise nas demais divisões.
Ao mesmo tempo, o imobilismo da CBF trai uma evidente má vontade com os dois torneios, deficitários desde a origem e sempre ameaçados de extinção. Desta vez, há uma forte razão a sustentar a hipótese: a ampliação da lucrativa Copa do Brasil, que a partir do próximo ano terá mais datas, clubes participantes e premiações.
Por enquanto, contrariando a lógica natural, as três agremiações têm vencido a queda-de-braço, valendo-se de recursos à Justiça Comum e ignorando julgamentos do STJD. Desde que Ricardo Teixeira deixou o poder, a CBF jamais tinha sido tão desafiada.
Sua primeira reação resultou em fracasso em acordo mal costurado com a Justiça gaúcha. Foi, aliás, um arranjo engendrado pela entidade na Série C 2011 que deu origem a todos os problemas que estouraram nesta temporada. Depois de ter seu estádio (Arena da Floresta) interditado pelo Ministério Público, o Rio Branco acionou a Justiça Comum.
Em conseqüência, foi excluído da competição. Por baixo dos panos, políticos e dirigentes acreanos firmaram acordo com a CBF, garantindo o retorno do Rio Branco em 2012. Tudo o que veio depois disso tem origem na jogada de bastidores avalizada pela entidade.
Sem muita convicção, a CBF anuncia que a Conmebol estuda punir Brasil e Treze com base no Estatuto da Fifa, que proíbe clubes filiados de recorrerem à Justiça Comum. Curiosamente, a medida até hoje não foi aplicada.
Pelo andar da carruagem, diante dos prejuízos que se avolumam com o atraso dos campeonatos, o mais provável é que os três amotinados acabem incluídos na Série C. A medida, mal menor nas circunstâncias, pode ser o embrião de sérios problemas mais adiante. Afinal, a partir daí, ficará evidente que a velha serpente não amedronta ninguém. Pena que os clubes, de maneira geral, ainda ignorem suas próprias forças. Era o momento perfeito para ensaiar a libertação, via 
 
 
Depois que Adriano Magrão refugou, Kiros se transformou na atração solitária deste clássico sem eira, nem beira. Grandalhão como Alcino, artilheiro que marcou época e cravou o nome no coração dos remistas, o pernambucano chega de um jeito muito parecido.
Quase desconhecido, ainda sem títulos ou lauréis, deixou boa impressão em jogos treinos e pela semelhança com o Negão Motora no posicionamento dentro da área, embora sem a mesma força física. Será interessante observar como se sai no teste de verdade diante da torcida.
As demais estréias, pouco badaladas, se concentram na defesa e no meio-de-campo – Marcus Vinícius, Fábio Sanches, Alex William e Fabinho. Desse quarteto passa a depender todo o equilíbrio tático do time.
No Remo, a principal atração está na defesa. O veterano Ávalos tenta agarrar o papel de xerife, há muito tempo vago no clube. Quando passou pelo Santos na melhor fase da carreira, não deixou saudades. Os dirigentes remistas e o técnico Flávio Lopes acham que vale a pena arriscar.
Para o setor ofensivo, os reforços não chegam a representar novidade. São, no máximo, relançamentos. Ratinho volta ao clube pela terceira vez e Marcelo Maciel também já esteve no Remo em 2008. De novo apenas o fato de que ambos ajudaram o Cametá a tomar o título estadual deste ano, que já era festejado pela massa azulina no Mangueirão.
    
 
Uma curiosidade ronda o clássico. O Remo ainda não conseguiu vencer clássicos na temporada. Perdeu para o Paissandu no primeiro turno do Parazão por 2 a 0 e empatou (0 a 0) no returno. Contra a Tuna, situação parecida: perdeu por 2 a 1 e empatou em 2 a 2. Se não vencer hoje, pode não ter outra chance em 2012.
 
 
Bola na Torre (RBATV), hoje, às 23h45, com Giuseppe Tommaso, Valmir Rodrigues, o ex-jogador Pedrinho e este escriba baionense.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 10)

3 comentários em “Sob ameaça de extinção

  1. Gerson e amigos, penso que o Papão dependerá não só dos jogadores de fora, como foi citado, mas do Potyguar, do Leandrinho, do Capanema e do Yago, também. Quanto ao Remo, penso que o mesmo, hoje, tem um bom técnico e, isso, faz a diferença. Givanildo Oliveira, fez de um Valentin, de um Vanderson e de um Cláudio Gavião, jogadores indispensáveis ao Papão. Edson Gaúcho, “acabou” com dois “patrimônios” do Ananindeua: Mael e Dadá, que quase se eternizavam por lá (mesmo Remo e Paysandu, por vários anos com técnicos locais) fazendo dos mesmos, grandes jogadores e outros exemplos mais. Vale dizer, que se esses jogadores não tivessem a sorte de pegar bons técnicos em suas carreiras, estariam por aqui e, muitos já parados. Uma coisa é o Marcelo Maciel e o Ratinho, com técnicos locais e, outra, são eles indicados por um bom técnico.É muita diferença. No Paraense, apenas Edinho, André e Jhonatan, foram indicações do Flávio Lopes e, coincidência ou não(pra mim, não) foram os melhores do Remo. Hoje, é diferente, pois somados aos 3 citados, vieram mais jogadores indicados pelo téc e, certamente, hoje, o Remo está mais encorpado, como se diz. Agora, pelo pouco tempo e, ainda, em fase de preparação física,é bom não esperar tudo isso, no jogo de hoje.
    – Volto a dizer: Remo e Paysandu, pela primeira vez, em mais de 10 anos, estão no caminho certo, desde o início dos trabalhos, apesar do pouco tempo e, com diretores de futebol, amadores.

    – Remo 2 x 2 Paysandu. Com todos os jogadores de fora, se destacando.

    É a minha opinião.

    Curtir

    1. Não creio num teste realmente definitivo, amigo Cláudio. Será mais um jogo de exibição, para apresentação dos reforços. Os técnicos estão muito receosos de um resultado negativo.

      Curtir

  2. Toda essa confusão armada pela própria CBF so não está muito pionas séries C e D porque ninguém se ligou no escândalo da venda da vaga na quarta divisão feita pelo Cametá ao Remo. Todo mundo fz vista grossa, ouvido de mercador, inclusive a CBF que recebeu a o processo da FPF e em vez de mandar o caso para o STJD, mandou o processo de volta para FPF resolver rapidinho. Pior ainda seria se o Paysandu visivelmente prejudicado em 2011justamente nesse caso Rio Branco, com anulação de vitória la fora, marcação de ultimo jogo da tabela que seria em casa para fora contra o América, entrasse na jsutiça comum reivindicando seus direitos, o rebu seria muito pior. Mas ainda assim acho que o problema é pior do que se imagina e a prova é a paralisação dessas competiçoes por tempo que ninguém sabe, prejudicando dezenas de clubes. Na minha opinião essa de colocar esses três clubes litigantes na série C vai ocasionar problemas mais sérios no presente e no futuro para todo mundo, inclusive a CBF e ela não querer isso. A solução na minha modesta opinião que ninguém vai reclamar já que a CBF está financiando as duas competições, seria a extinção dessa quarta divisão e a efetivação da serie C com pelo menos 40 clubes, como era até 2008. Concerteza ninguém iria reclamar porque essa quarta divisão foi uma invenção cruel dam mente criminosa do Ricardo Sugeira Teixeira contra muitos clubes de tradição no Brasil.

    Curtir

Deixar mensagem para blogdogersonnogueira Cancelar resposta