Neymar, ao longo da semana, foi incluído entre os 50 melhores do mundo, na pré-seleção de jogadores habilitados ao prêmio máximo da Fifa. No sábado à tarde, mostrou que já merece distinção maior. Marcou cinco vezes (um não valeu) contra o Atlético-PR no clássico jogo de um homem só. Sem susto, pode-se dizer que o santista está hoje entre os cinco melhores do planeta – os outros seriam Messi, Iniesta, Cristiano Ronaldo e Reuben (ou Ibrahimovic). Ainda assim, há quem torça o nariz para o jovem atacante. A mais comum das críticas é a fama de cai-cai, estigma que já sepultou carreiras promissoras, como a do rubro-negro Sávio.
Franzino, Neymar raras vezes leva a melhor no choque com defensores adversários. Abusado, não foge da marcação e por isso sofre muitas faltas. Ocorre, porém, que quando está com a bola nos pés transforma lances banais em grandes acontecimentos para apreciadores de bom futebol, e isso é o que realmente interessa.
A evolução natural de seu jogo deve levá-lo em pouco tempo à lista de três finalistas da premiação da Fifa, talvez em dois ou três anos. Como é muito jovem, precisa acrescentar ao arsenal de dribles a consciência tática que ainda não tem. Aprenderá também a encurtar espaços, evitando o desgaste excessivo.
No Santos, Neymar é uma andorinha solitária e decisiva. Tem as regalias naturais de um rei, mas precisa estender isso ao resto do mundo e a ocasião propícia está chegando. O esperado confronto com o Barcelona, no Mundial de Clubes, será seu teste de fogo.
A limitação imposta pelo time do Santos, que é apenas mediano, não impediu a explosão de Neymar. Cercado de parceiros aplicados, mas limitados, consegue operar milagres. Quando Paulo Henrique Ganso estava em forma, o jovem regente tinha um companheiro à altura para dialogar em campo. Atualmente, só pode contar com coadjuvantes esforçados.
Sua provável transferência para o futebol europeu introduzirá outro componente: o condicionamento atlético. Nenhum grande time do Velho Continente confia em magrelos como Neymar. Por isso, o moleque deverá ser submetido a uma preparação rigorosa, como foi feito com Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e o próprio Messi.
A dúvida é se a flexibilidade natural para os dribles sobreviverá ao processo. Neymar ficará apto a encarar lances mais brutos, porém sem a mesma velocidade de hoje. Transformações são inevitáveis, mas não podem apagar a fagulha que diferencia o craque dos simples mortais.
De um café da manhã entre Luiz Omar, Andrade, Antonio Louro e Lecheva, marcado para hoje, sairá a sentença quanto a dispensas no Paissandu. Alexandre Carioca, Rodrigo Pontes, Vagner, Salomón e Rubio são os nomes mais prováveis. Mas até ex-intocáveis, como Sandro, podem entrar na barca. Tudo em nome do projeto de pacificação da Curuzu.
No Souza, a matinal de futebol é sempre festiva. Ontem, porém, o jogo entre Tuna e Ananindeua foi marcado por jogadas ríspidas e até agressões. Quase todo o primeiro tempo foi dedicado a um UFC fora de lugar. Tudo sob a complacente visão da arbitragem. A pobreza técnica da partida só foi atenuada pelo lance do penal perdido por Felipe Mamão e pelo gol do zagueiro Cristovão, que surpreendeu a extenuada zaga do Ananindeua e tocou na saída do goleiro André Luiz. Um lance de categoria que poderia ser assinado por um atacante.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 31)