Coluna: A raspa do tacho

Não adianta fechar os olhos para a decadência. Um de seus muitos sinais é o desprestígio crescente dos nossos clubes para contratar jogadores e técnicos. O Pará, que já foi praça cobiçada pelos técnicos de nível médio de todo o país, agora é destino de desconhecidos, encostados, enganadores e semi-aposentados. Alguns até inferiores aos profissionais nativos, que enfrentam pressão excessiva e preconceitos de toda ordem quando chamados a dirigir um dos grandes da capital.
Basta olhar a lista dos treinadores contratados pela dupla Re-Pa nos últimos cinco anos para confirmar essa condição. Nada que cause surpresas, afinal os melhores profissionais arranjam emprego em times que disputam as principais divisões nacionais. Como nunca mais conseguiu passar dos limites da Série C, o Pará virou um lugar a ser evitado. Com exceção de Givanildo Oliveira (no Paissandu, em 2008), só desembarcam aqui refugos ou problemáticos sem mercado. A lista é extensa: Edson Boaro, Tita, Carlos César, Ademir Fonseca, Flávio Campos, Giba, Ronaldo Bagé, Edson Gaúcho, Leandro Campos, Sérgio Belfort e Nazareno Silva.
A verdade é que os melhores estão trabalhando nas séries A e B. Alguns medianos promissores se abrigam em clubes da Série C, mas é fato que o mercado paraense só consegue absorver a chamada raspa do tacho.
A ausência de opções levou o Paissandu a redescobrir Joãozinho Rosa, que passou mais de um ano comandando o time, entre 1998 e 1999, ganhando até um estadual invicto (o de 1988). Naquela época, comandou um time quase todo regional, com Belterra, Emilson, Manoel, Oberdan, Trindade, Jóbson e Maracanã. Partiu, porém, sem deixar saudades.
Depois que saiu da Curuzu ainda teve rápida (e discreta) passagem pelo Remo. A partir de então, nunca mais arranjou trabalho como técnico de equipes profissionais e preferiu se dedicar às divisões de base do Santos. Pois Joãozinho, assim de repente, volta como salvação da lavoura para reconstruir o time depois do fiasco na Série C.
Duvido que seja o nome ideal para o projeto de recuperação do Paissandu em 2011 e acho que os próprios dirigentes sabem disso. É uma daquelas apostas de fim de ano, apenas para começar o Parazão, como foi Nazareno Silva neste ano, com os prejuízos que todos conhecem.
O problema é que fazer experiência com treinador custa caro e representa perda de tempo. Com Joãozinho virão alguns auxiliares. Logo a seguir, começam a chegar os primeiros reforços indicados. Depois, mais contratações. Uma história velha como a fome, que se repete todo ano. 
 
 
Em reunião realizada ontem à noite, a chapa Reconstrução e Seriedade, que concorre ao Condel do Remo, definiu os candidatos ao Conselho: presidente, Manuel Ribeiro; vice, Benedito Wilson Sá; secretário, Moacir Walmont; 1º secretário, representante da verdadeira Juventude Azulina. O candidato a presidente do clube será definido na próxima sexta-feira.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 10)

7 comentários em “Coluna: A raspa do tacho

  1. O nome do Tonhão já está sacramentado para presidencia do Remo. Discute-se agora a indficação do vice. Sabe-se também que Givanildo Oliveira eRoberto Davino estão sendo contactados. Os metodos do Davino agradam mais que as casmurices do Givanildo.

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    1. Duvido que o Tonhão queira a presidência agora que o estádio não será mais vendido. O próprio já negou várias vezes de uns dias para cá. Ele queria antes, quando a venda era dada como certa. Já havia até se desincompatibilizado de suas funções no judiciário, achando que receberia um clube saneado e com as receitas liberadas. Agora surge dizendo que não tem mais tempo, blá-blá-blá… O presidente será Sérgio Cabeça, um ficha sujíssima que anda por aí livre, leve e solto, aproveitando a cegueira da justiça…

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  2. Quiçá o nosso querido Marechal da Vitória consiga colocar “ordem na casa”, expulsar os malandros e aproveitadores e, finalmente, tenhamos a recuperação do nosso querido “Leão de Periçá”, haja vista, que, brevemente, não poderemos chamá-lo de Leão da Antonio Baena”.

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  3. Cadê os Técnicos Locais? Te dizer. É por isso que nunca vamos identificar os verdadeiros defeitos do nosso futebol, enquanto se proteger quem não tem competência, apenas por serem locais. Assim não vamos a lugar algum. Agora é bom que se diga que o Edson Gaúcho, Giba e Ademir Fonseca(hoje está sendo muito elogiado pela mídia do sul), só não serviram pra Imprensa, como não serviria o Givanildo, hoje exaltado, mas se o Presidente na época, fosse o LOP, estaria certamente nessa lista.

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  4. Trazer Joãozinho apenas para servir de tampão durante o regional demonstra a falta de planejamento, o improviso que sempre marcou a conduta dos dirigentes. Aqui não se faz um trabalho de longo prazo. Tudo fica para a última hora e deixam para depois o que devia estar organizado um ano antes. Não bastasse a bagunça, existe a má gestão:

    Soube que o Paysandu anunciou com alarde a renovação com o Zé Augusto. Pô, o cara é velho, reserva e ganha um super-salário. Todo mundo sabe o motivo de ele continuar – as pendências financeiras que o Paysandu tem com ele. Enquanto o clube ganha tempo e empurra a dívida com a barriga (os juros são de 1% ao mês), o jogador finge que joga, lá no conforto do seu banco de reservas. É um marajá, um barnabé do futebol. Estou com o Rui Guimarães. Tem que mandar embora Zé Augusto e Sandro (outro com pendências). Já deram o que tinham que dar. Se têm serviços prestados, dêem uma medalha para cada um, mas em seguida dispensem. Passam os anos e os erros se repetem…

    O que eu temia já começou a acontecer: nossos times já são lembrados em nível nacional pelo seu passado de glórias (portal G1). Presente não existe e o futuro não tem perspectivas. É assim que, lentamente, nossos times vão sendo engolidos pela história e virando meras recordações.

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