Cabanagem: Memória e Resistência Popular

Os movimentos de resistência popular à opressão portuguesa, no Pará, durante o período colonial serão homenageados hoje (7 de janeiro) durante programação cultural na Praça das Mercês, Forte do Castelo e Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP). Neste dia, 7 de janeiro, os colonizadores aprisionaram e mataram o líder dos Tupinambá, o índio Guaimiaba, que resistia à escravização pelos portugueses, em 1616. Esta mesma data marca a tomada de Belém pelo movimento cabano, em 1835, quase 300 anos depois. O evento, que começa às 17h, incluirá um cortejo até o Forte do Castelo e contará com a apresentação de poetas, músicos, boi bumbá e da Banda da Polícia Militar. No MHEP, uma exposição com documentos raros pertencentes ao acervo do Arquivo Público do Estado, será aberta ao público. (Colaboração do baluarte Cássio Andrade)

18 comentários em “Cabanagem: Memória e Resistência Popular

  1. Sobre o bravo Guaimiaba que morreu defendendo sua terra contra o invasor não existe nada; Nenhuma rua, beco, viela, praça, monumento, viaduto, passarela mas sobre os seus algozes tem o próprio Forte, praças, Ruas, etc. etc. Quem nem os cabanos de 300 anos appos Guaimiaba. Tem a Avenida Alm.Barroso, tem o monumento ao General Soares Andrea e uma comunidade de invasão auto denominada de Cabanagem, por conta do memorial que o Barbalhão mandou construir nas proximidades de seus casebres.

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  2. De fato, Dorivaldo, a memória da cabanagem denota um campo de tensões e conflitos quanto à disputa por seu imaginário social. O fato da Cabanagem ter desde o Barão de Guajará atravessado múltiplas representações, foi assumindo uma forma caleidoscópica de imagens e discursos que corroboram ou constestam tradições distintas na memória social. A historiografia regional recete tem procurado insistir no não esgotamento dessas representações para que saiamos do viés ufanista do heroismo positivista, ao mesmo tempo, da melancolia da derrota e passemos a perceber o movimento na sua múltilpla dimensão, o que, é mister reconhecer, constitui árdua tarefa de investigação. Ainda assim, a tendência em resguardar o feito de Guaimiaba já em si demonstra um importante passo em contraposição à representação dominante do movimento, processo esse infelizmente distorcido pelas disputas de sua herança, por parte de alguns governantes de plantão, de direita, de centro e até de esquerda.

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  3. Cobramos dos historiadores brasileiros a pouca atenção dada ao maior e mais autentico movimento politico da nossa História que por 3 vezes assumiu o poder, pelas armas. Nem nós damos o merecido valor à nossa História. Cabanagem foi o povo em armas, nas ruas, numa luta desigual, fazendo valer o espirito guerreiro de um povo usurpado. Cabanagem episódio épico sem igual na história brasileira. O melhor registro sobre a Cabnagem foi-nos deixado por Domingos Antonio Raiol(apesar de contrário) que teve seu pai morto no Trem de Guerra por ocasião da tomada da Vigia.
    Depois do Barão houve alguns ensaios sôbre o assunto, destacando-se o trabalho do Prof. Pasquali apresentando análise até então não incorrida por outros que trataram do assunto.
    Os Cabanos queriam a independencia do Brasil para os brasileiros e não para os que “acharam” o Brasil.
    Quem nos dera os Cabanos pudessem ser revividos entre nós.

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  4. A primeira coisa que deveríamos fazer, caro Tavernard, se estivéssemos imbuídos do ideal e do espírito cabano, seria depor o pseudo-prefeito Duciomar. O camarada usurpou o poder – e acreditem, a própria democracia promove certas barbaridades, pois o infame alcailde foi eleito e reeleito por força das urnas. A ascenção de Hitler na Alemanha, nos anos 30, é prova cabal de que a democracia promove certas bizzarices de tempos em tempos -, achincalha nosso povo… mas a apatia é geral. E essa apatia também é derivada do próprio desconhecimento que nosso povo tem de sua própria história. As elites locais, na sua sanha histórica por poder e posses, promoveu durante anos o acobertamento de parte de nossa história, onde fatos e e fenômenos sociais e políticos, como a Cabanagem, são manipulados ou pouco destacados, numa clara demonstração de que os embates e confrontos precisam, antes de ganharem as ruas e pleitos, ganharem corações e mentes.

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  5. Caro Tavernard o movimento cabano precisa ser melhor entendido e de um forma simples, sem muitos enfeites. ate mesmo pq ainda vive e esta bem na frente dos olhos de todos.

    Os cabanos seguem amontoados nas Invasões, nas beira dos rios, nos suburbios. vivem em condições miseráveis.

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  6. Valeu gente! Concordo total e plenamente, com o acima postado; aproveitando o ensejo, uma sugestão:
    Que tal o “Diário do Pará” aproveitando a excelente campanha “Orgulho de ser do Pará”, lançar em fascículos semanais, toda a hitória da Cabanagem, considerando todos os trabalhos publicados pelos diversos historiadores? penso que seria mais uma forma de estimular o desenvolvimento e o enraizamento dessa cultura ufanística pelo nosso PARÁ.
    Quanto a cobrança à historiadores, citada pelo Tavernard, quero só lembrar caro Tavernard, que aí entram escusos interesses regionais, historiadores de outras regiões, querem é enterrar as conquistas que marcam a História deste país quando estas ocorreram em plagas que não as deles, eles não tem interêsse e pronto.
    Entendo que esse movimento de reconhecimento da Cabanagem como único movimento popular vitorioso que chegou ao poder, como NÓS o sabemos, deve partir daquí, de dentro prá fora, portanto, conosco mesmo. Que tal alguma empresa instituir o prêmio “Guaimiaba” ao melhor curta metragem, à melhor redação, à melhor peça de teatro popular, à melhor canção? esse evento aglutinaria muita gente em prol do resgate dessa história, mais cidadãos iriam estudar, pesquisar e conhecer a fundo a história desse movimento, a encenação das peças teatrais em espaços públicos(quando da eleição e premiação) motivará cada vez mais os Paraenses a valorizar a nossa história, que é e sempre foi, vencedora, não é à tôa que existe um movimento Nacional, patrocinado por despeitados brasileiros que não suportam o Pará, para riscá-lo do mapa, senão vejamos:
    1-A divulgação da Cabanagem, como movimento nativista, nunca constou no currículum da hitória geral do Brasil, ali se estuda guerra dos mascates, dos farrapos, dos emboabas, sabinada, balaiada, revolta de Beckman, Canudos, ……………..mas Cabanagem, NADA, eu, tomei conhecimento da Cabanagem, através das histórias que nossos avós contavam, após eles nosso pais, porém, na versão cabocla, cuja só cuidava de informar os saques que os revoltosos faziam aos endinheirados da época, única forma de sustentar o movimento, academicamente, só no segundo grau.
    2-A divisão do Pará, que tramita no Congresso Nacional é proposta de um senador de Roraima(se tal divisão for aprovada, o remanescente Estado do Pará, será bem menor territorialmente que o estado do Tapajós).
    3-A desoneração a produtos primários, Lei Kandir, prejudicou excepcionalmente o Pará, maior exportador brasileiro de matérias primas minerais, no entanto, quando o Estado tenta verticalizar sua cadeia produtiva mineral, Leis são criadas para inviabilizar tal tentativa; como alguém explica o bloqueio do rio tocantins pela barragem de Tucuruí e a lei que não permite que estados produtores de energia cobrem ICMS pela energia gerada no seu território?no entanto, Estados que recebem energia de Tucuruí, podem cobrar ICMS, pela distribuição da mesma enegia.
    4-Tramita, também no Congresso Nacional, exdrúxula proposta, de parlamenter, não me recordo neste momento o nome da infeliz, cuja proposta cuida de retirar do lugar de destaque que ocupa na Bandeira Brasileira, a Estrela de 1ª grandeza, que simboliza o Estado do Pará, (na Bandeira Brasileira, a estrela do Pará é a única localizada acima da faixa Ordem e Progresso, cuja faixa simboliza a linha do equador.) esse destaque deve perturbar muitíssimo essas pessoas, a ponto de apresentarem tais propostas.
    5-Recentemente, uma senadora, pediu via judiciário, intervenção no Estado do Pará, ação que ainda não morreu, continua em tramitação.
    Isso é sim PREOCUPANTE!!!
    Existe na máquina pública Brasileira, uma patranha(CORPORAÇÕES) que manobram os interêsses ao seu bel prazer, todas essas forças se aglutinam para manter este Estado do Pará, como mero fornecedor de matérias primas; não se enganem, este Estado incomoda a muita gente.

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  7. Caro Silas, em relação à História, a Cabanagem há muto tempo já compõe o desenho programático da disciplina. Quando eu estive à frente do Comiê Executivo do Prise e do Prosel da UEPA que elaborou o conteúdo atual de História sob a forma de eixos temáticos, fiz questão de incluir o tema no eixo “movimentos sociais e cidadania”, baseado também na própria proposta da UFPA que antes da UEPA já havia elaborado seu novo programa sob forma de eixos. Lá, a Cabanagem também está presente. Isso foi importante por que obrigou nossos professores de História da Rede Pública e Privada a estudar e aprofundar o tema nas salas de aula, em torno das novas produções historiográficas que vão além do Barão de Guajará (Domingos Raiol) em seus “Motins Políticos”, passando por Vicente Salles ao já clássico e datado trabalho do Pasqualli di Paolo, “Cabanagem, Revolução Popular da Amazônia”. Há uma safra de novos historiadores regionais que se debruçam sobre o tema sob outros olhares, que fogem da legitimação de classe e das manipulações do Estado. Um interessante e enxuto olhar sobre a questão, você pode perceber na entrevista dada pela historiadora Magda Ricci da UFPA no site edilzafontes.blogspot.com sobre o caleidoscópio cabano. Pelo menos, já avançamos por aqui no sentido de olhar a Cabanagem por nossas lentes, e não somente pelo olhar enviesado de historiadores e cientistas sociais de outra região.

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    1. Valeu Cássio, pelos esclarecimentos, dá para confortar, saber que já existem tantos autores e tantas outras obras a respeito do assunto; mas, só para esclarecimento, me referi a História Geral do Brasil, onde nos livros oficiais, lá não divulgam a Cabanagem com a ênfase dada aos demais movimentos nativistas, no máximo pequenas referencias, e olha que estudei(naquele tempo não se cursava) o primário, ainda, na década de 60.

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  8. Sinceramente, não entedo porque a cabanagemnunca tomou destaque histórico naciona, já que a mesma é, se não tiver enganado, o único movimento revolucionário que demandou guerra genuinamente nacional!
    E, pra nós, que nos sentimos um pouco cabano, já que existe sim a exclusão e imposição de costumes diferentes dos nossos, segue o poema do Saudoso Antônio Carlos Maranhão, o mais paraense entre os nascidos do outro lado do “Turiaçú” hoje trazindo para as margens do Gurupí.

    VALSA CABANA.

    Te roubaram a calma…
    Te arrancaram a alma…
    Cadê tuas armas, tua guarda, tua defesa?
    Tua fortaleza? Teu mestre? Teu guia??
    Pra te socorrer da solidão dessa agonia!!!
    Passaram-te verniz em torno,
    Botaram tua mão no forno,
    Puseram o teu sangue morno,
    Ferveram, e teu corpo queimaram!!
    Empregnado de resina,
    Curumim, nasceste pelo campinzal!
    Choraste na Cuiapitinga, viu?
    No teu sono colonial!
    Tingiste o rio qual tabatinga, viu?
    Incendiasta o palmeiral!!!

    Te cegaram aos poucos…
    Te tornaram louco…
    Cadê tuas tropas? tua escolta? e teus soldos?
    Teu Sonho Caboclo? Tua valentia?
    Pra te socorrer, da solidão dessa agonia!!
    A febre é de malária pura!
    Menino, pra tua amargura,
    Enviam teus medos as escuras,
    Abriram as feridas tuas!!!
    Bebendo leite da aninga,
    Tapúio, creceste pelo matagal!
    Sangraste qual pé de seringa, viu?
    Nas brenhas da terra natal!
    Tingiste o rio qual tabatinga, viu?
    Incendiaste o palmeiral!

    Te seguiram tantos!!
    Te traíram? Quantos?
    Cadê tua terra? Tua guerra? e teu bando??
    Teu sonho cabano?? tua mais valia?
    Pra te socorrer da solidão dessa agonia!!
    Agora o beco é sem saída!
    Agora a vela está perdida!
    agora o fio da tua vida,
    Poindo, vai arrebentar!!
    Na libertdade dessa sina,
    Cabano, morreste como castanhal!
    Sangraste qual pé de seringa, viu?
    Nas brenhas da terra natal!
    Bebendo o amargo dessas Vinhas, viu?
    Que vinham lá de Portugal!!…

    XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

    A primeira vez que estudei a cabanagem e quando li e ouvi esse poema, passou na minha cabeça várias questões:

    1- Se o resultado da cabanagem fosse outro, estaríamos melhores?

    2-Existe realmente sangue cabano em nossas veias?

    3- Este sangue seria o motivo de amarmos tanto essa terra? (falo por mim!)

    O que acham?

    Um abraço a todos!

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  9. A Cabanagem mexeu com o blog. Que bom.E o melhor, não ví opinião “vaca de presépio”. Aos estudiosos do assunto, provoco na condição de simples curioso: existiu ou não referencia de A. Vinagre à separação com o respaldo dos ingleses? Feijó chegou a pedir ajuda externa para manter a integridade brasileira na Amazonia?

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  10. Segundo a História, ( ou boatos, ou talvez nunca saberemos ao certo), parte da Amazônia teria sido entregue a britânicos ou franceses no século 19.
    Tudo isso teria ocorrido se os estrangeiros tivessem aceitado pedido do representante do governo imperial brasileiro, o regente Feijó.

    O encontro entre Feijó e os embaixadores inglês e francês só foi revelado 160 anos depois pelo antropólogo David Cleary, de 42 anos, autor de uma elogiada pesquisa sobre garimpos de ouro da Amazônia. Foi ele que encontrou no arquivo do Publics Records Office, em Londres, correspondências trocadas com a embaixada, o Ministério das Relações Exteriores e o almirantado britânicos. Cleary publicou um artigo nos Estados Unidos e a documentação inédita aguarda, há mais de dois anos, a publicação prometida pela direção do Arquivo Público do Pará.

    Segundo alguns historiadores, a cabanagem era um movimento tão forte, que poderia ter mudado totalmente a cara da Americado Sul, Inclusive Com o País que se chamaria Pará!

    parece que existem mais documenos sobrea cabanagem no estragengeiro (inglaterra, frança, etc.) Do que no Próprio Brasil.

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  11. E os gauderios ainda acham que tiveram a verdadeira revolta popular. Se os farrapos conhecessem os cabanos, os restos (?) de Bento Goncalves revirariam no tumulo.

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  12. Silas, Sera que seria tao doido para nossos professores de Historia, falar mais nas escolas do movimento Cabano.
    Acho que todos tem que contribuir de alguma forma, para rejuvenescer sempre o Movimento e passar esse momento historico e unico de forma ampla para nossos jovens.

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  13. Cássio,Que bom saber de tudo isso, comparado a minha epoca, hoje atraves de tuas inf. descobri que pulamos muitas casinhas em termos de interesse e de publicacoes.
    Agora cada um de nos temos que fazer tambem, a nossa parte.
    A UFPA tem feito a sua.

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    1. O trabalho desenvolvido em alguns setores da UFPA é digno de aplausos, realmente. Principalmente quanto à memória e à literatura paraenses, meu caro Harold.

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  14. De fato, o Arquivo Público está tentando resolver problemas burocráticos para a publicação dos códices ingleses inicialmente caltalogados pelo Dr. Geraldo Coelho.

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  15. De fato, o Arquivo Público está tentando resolver problemas burocráticos para a publicação dos códices ingleses, processo iniciado pelo Dr. Geraldo Mártires Coelho.

    Obs.: Esse comentário é meu e saiu errado, inclusive com o nome Weliton Melo com um e-mail que também não é o meu. Acho que algum fantasma cabano entrou aqui no blog ou no meu computador…Rsrsrs.

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