Eliane Brum envia SOS de Altamira: a matança continua

Do Balaio do Kotscho

Recebi agora e transcrevo abaixo o pedido de socorro enviada ao blog pela amiga Eliane Brum, repórter do jornal espanhol El País, baseada em Altamira, no Pará, no coração da Amazônia:

“Kotscho, meu amigo tão querido (e valente)!

Não sei mais, meu amigo, o que fazer para que as pessoas acordem para a ação. Acho que esses gritos intermitentes nas redes sociais servem para aplacar a angústia _ que não pode ser aplacada, porque temos mesmo que entrar em pânico _ e não movem nada.

Aqui dormimos com uma morte _ ou melhor, não dormimos, às vezes a gente passa a noite com insônia pensando no que fazer _ e, aí, quando acordamos, já tem outra morte. Ou outra ameaça, ou outro recuo. Falo em “nós” porque somos poucos, mas há gente boa lutando aqui.

Não suporto mais escutar pessoas avisando: “vão me matar”. E eu sei que vão mesmo. E não consigo fazer nada para impedir.

Mas é isso. Seguimos. Estou com muito medo deste recesso de Natal, quando as poucas instituições que ainda funcionam parcialmente fecham as portas e também as ONGs entram em férias coletivas.

Os brancos vão descansar, e os coloridos levam tiro.

Desculpa o desabafo. Eu ando assim, furiosa. A fúria me impede de adoecer de Brasil.

Abraço forte, estamos juntos.

Eliane”

**

Depois de ler tanta angústia expressa em tão poucas linhas, que mais eu poderia dizer?

Força, Eliane, aguenta firme aí porque o mundo precisa conhecer esse massacre de gente, bichos e matas que está acontecendo na Amazônia.

Te cuida, mas não desanime.

Abração,

Ricardo Kotscho

Por cornetar Giovinco, Galvão sofre saraivada de críticas na web

Como um dos principais comunicadores do país, tudo o que Galvão Bueno fala tem enorme repercussão e hoje não foi diferente. Ao comentar durante a transmissão de Flamengo e Al Hilal que Sebastian Giovinco (foto acima, quando jogava nos EUA) fracassou na MLS (Major League Soccer), o narrador foi duramente criticado pela web por falta de informação.

Revelado pela Juventus em 2005, Giovinco teve a melhor fase da carreira justamente na liga norte-americana. Foram 142 jogos com 83 gols, 64 assistências e um título conquistado em quatro temporadas, além de diversos prêmios individuais na MLS.

Galvão comparou o italiano com outros grandes craques também contratados pela MLS, mas esqueceu de olhar os números de Giovinco. “Futebol americano levou Kaká, Lampard, Pirlo e Giovinco. Quem fracassou? Giovinco”, criticou Galvão Bueno.

A frase de Galvão levou a web a cornetar intensamente o narrador pela desinformação sobre a passagem de Giovinco pela MLS, considerado um dos melhores jogadores da liga norte-americana nos últimos anos.

Fla supera problemas, mas expõe falhas preocupantes

Do Blog do Perrone

A dificuldade enfrentada pelo Flamengo no primeiro tempo contra o Al-Hilal pode ter desapontado seu torcedor, porém, no geral, o time brasileiro mostrou mais virtudes importantes do que falhas preocupantes na opinião deste blogueiro. A vitória por 3 a 1 parecia algo distante após o domínio saudita na primeira etapa da semifinal do Mundial de Clubes. O Al-Hilal melhorou incrivelmente na marcação em relação à vitória por 1 a 0 sobre o Espérance, da Tunísia, nas quartas de final. Seu potencial do meio para frente já era conhecido.

Até abrir o placar, o time da Arábia Saudita fez uma eficiente marcação alta. Depois do gol, recuou. Mas, nos dois casos, fechou as laterais e impediu o Flamengo de usar uma de suas principais armas: a velocidade. Bruno Henrique e Gabigol foram peças quase decorativas nos 45 minutos iniciais. A imobilização imposta pelo rival fez o Flamengo cometer sua principal falha no jogo: não controlar os nervos. Por conta do nervosismo, a equipe brasileira errava passes mais do que está acostumada a fazer e entregava a bola para os árabes.

Seja contra Liverpool ou Monterrey, a decisão deve exigir mais controle emocional. Jesus precisa dar seu jeito para melhorar isso. Se bem que, na etapa final, os flamenguistas estavam bem mais calmos. O fato de já começarem o segundo tempo acertando contribuiu para essa tranquilidade. As virtudes rubro-negras começaram a aparecer.

A primeira a ser vista na volta do intervalo foi a capacidade de Jesus de arrumar o time sem fazer substituições. Na conversa, o treinador acalmou seus comandados, conseguiu melhorar o passe e, finalmente, explorar a velocidade no ataque. Foi assim que conseguiu a virada.

Outra qualidade foi o preparo físico aparentemente melhor do que o dos adversários. Isso depois de quase que uma temporada inteira desgastante e festas para comemorar as taças do Brasileirão e da Libertadores.

A força ofensiva rubro-negra acabou chamando atenção pelos três gols no segundo tempo. Mas é preciso destacar o trabalho na marcação. O resultado mais importante foi a capacidade de neutralizar Gomis, o melhor jogador do Al-Hilal. Encaixotado na marcação, o atacante francês só acertou uma finalização na partida inteira, além de errar duas conclusões, de acordo com o site “Footstats”.

É verdade também que os sauditas mantiveram Gabigol sob controle na maior parte do jogo. Ele errou seus dois únicos arremates nos 90 e poucos minutos, também de acordo com o Footstats.

Claro que Jesus tem o que melhorar para a partida decisiva. Mas, mesmo sem ser brilhante, o rubro-negro mostrou mais uma vez como é forte. Tem força, inclusive, para virar jogos bem complicados. Já tinha sido assim na final da Libertadores diante do River Plate. E, se o Flamengo não encaixar seu jogo desde o início da decisão do Mundial, o roteiro tende a ser semelhante outra vez. Azar dos corações flamenguistas.

‘Nature’ enaltece ex-presidente do Inpe demitido por Bolsonaro

Uma das mais renomadas revistas científicas do mundo, a britânica Nature divulgou, nesta terça-feira, sua tradicional lista de 10 cientistas do ano. Como antecipado na semana passada, o físico brasileiro, Ricardo Galvão, ex-presidente do Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), está na relação. Galvão acabou demitido do cargo após se desentender publicamente com o presidente Jair Bolsonaro, que questionou dados divulgados pela equipe de Galvão que apontavam aumento significativo do desmatamento da Amazônia.

O presidente chegou a sugerir que Galvão estava a serviços de ONGs internacionais. A resposta do cientista foi incisiva: afirmou que Bolsonaro não tinha “qualidade ou qualificação de fazer análise de dados”. Acabou demitido, a pedido do próprio presidente.

Para a Nature, no episódio, Galvão se comportou como um “herói nacional” e um “defensor da ciência”. “O que ele não sabia é que se tornaria uma espécie de herói, louvado por seus colegas cientistas e também por estranhos nas ruas. Uma mulher chegou a pará-lo no metrô de São Paulo para agradecê-lo por se posicionar contra Bolsonaro e ajudá-la a entender a importância de se preservar a Amazônia”, descreve a revista, cuja reportagem pode ser lida na internet, em inglês.

O que disse Jesus aos jogadores do Fla no intervalo da semifinal

“Os outros também jogam. Nós, para além da nossa condição técnica e tática, somos uma equipa não só mentalmente muito forte, mas fisicamente também muito forte. Taticamente não nos desgastamos muito e obrigamos o adversário a cansar-se”.

O que disse aos jogadores no intervalo: “Disse o que disse no intervalo da Libertadores. Disse que conheço esta equipa como conheço a nossa, que ia desconcentrar-se. O Flamengo passou um bocadinho por esse problema na primeira parte, mas acalmei os jogadores, disse à equipa aquilo em que podia melhorar. Não vou revelar em que é que foi”.

Remo anuncia mais 2 contratações

O Remo segue seu planejamento de construção do elenco visando as competições de 2020. Nesta terça-feira (17), foram confirmados mais dois nomes que irão integrar o grupo azulino na próxima temporada: o meia Robinho e o atacante Gustavo Ermel.

Com passagens por Londrina, JMalucelli e este ano estava disputando a Série B do Brasileiro pelo Operário, Robinho chega para reforçar o meio-campo do Leão. Maranhense de 25 anos, o meia afirmou que espera ajudar o Mais Querido a conquistar os objetivos em 2020.

“A expectativa é grande, pois sei o tamanho da importância em vestir a camisa de um time tão amado e grande. Chego no Remo para, junto com meus companheiros, ajudar o clube na busca dos objetivos da temporada”, disse.

Aos 24 anos, natural de Novo Hamburgo-RS, o atacante Gustavo Ermel atuou nesta temporada pelo Atlético Acreano, onde disputou a Série C. O jogador já passou por clubes como Figueirense, Feirense, de Portugal, Deportivo Capiatá, do Paraguai e Atlético Tubarão-SC.

Ao site do clube, o atacante comentou sobre o novo desafio na carreira. “Muito feliz e motivado para vestir a camisa de peso e tradição. Espero que a temporada de 2020 seja ainda melhor do que a passada e possamos alcançar os objetivos”, revelou.

Os dois atletas chegam nesta semana para integrar o elenco remista que já iniciou os trabalhos.

Ficha técnica:

Nome: Robson Ferreira de Azevedo
Apelido: Robinho
Data de Nascimento: 28/12/1993
Naturalidade: São Luís-MA
Clubes: Londrina, JMalucelli e Operário.

Nome: Gustavo Ermel
Data de Nascimento: 20/03/1995
Naturalidade: Novo Hamburgo-RS
Clubes: Figueirense, Feirense, de Portugal, Deportivo Capiatá, do Paraguai, Atlético Acreano e Atlético Tubarão-SC.

The Clash, Joe Strummer, London Calling

Por André Forastieri

Minha música favorita da minha banda favorita fez quarenta anos esses dias. Mas isso não diz o que eu quero dizer.

É “London Calling”, do Clash. O compacto saiu na Inglaterra no distante 7 de dezembro de 1979.

Não ouviu? Impossível. É a única música deles que toca em rádio rock. Eu não aguento mais ouvir. Eu não aguento não ouvir mais.

Você precisa ouvir de novo. Prestar atenção. Decorar. Você precisa de London Calling, o álbum. Ouve aí no streaming, compra, baixa, rouba. Os sobreviventes da banda estão ricos e perdoam. E o defunto não ia protestar.

Quando ouvi “London Calling”, pela primeira vez, fiquei maluquinho da silva. O engraçado é que não ouvi, vi. Foi no programa Som Pop, da TV Cultura, o único lugar que passava clipes no Brasil em 1980.

Os caras de preto, tocando na barca que atravessa o Tâmisa, tomando chuva na cara. Estou arrepiado até hoje.

Para ter uma ideia de como o mundo mudou: durante muito tempo, a única música do Clash que eu conhecia era “London Calling”. O disco, ninguém tinha em Piracicaba e não existia para compar.

Eu só fui ter meu primeiro disco do Clash em 1981, segundo colegial, Sandinista. Álbum triplo, PQP.

Tinha rock e reggae e jazz e dub e umas variações muito loucas sobre as mesmas canções. “Police On My Back”, “Somebody Got Murdered”, “The Call Up”, “Charlie Don’t Surf”, “Career Opportunities”… cacete.

No ano seguinte, mais um disco e ainda nada do disco London Calling na minha vida: Combat Rock. Tenho até hoje a resenha de Pepe Escobar, amarelada, em frangalhos, que recortei da Folha de S. Paulo.

É o meu disco favorito do Clash e conheço cada barulhinho de cor e salteado. É o famoso disco que eu matava aula para ouvir.

Tudo aos contrários, só fui comprar meu vinil do London Calling em 1983, já morando em São Paulo, acho que na Hi-Fi da rua Augusta. Se não me engano, comprei junto com Rio do Duran Duran, Black And White dos Stranglers e o primeiro dos Specials, gastando minha grana de aniversário de 18 anos.

Eu era eclético e não sabia.

Perto dos outros discos do Clash que eu tinha ouvido, London Calling era bem simples, direto e reto. Mas é uma música melhor que a outra, e principal, elas funcionam melhor ouvidas uma na sequência da outra.

Como Combat Rock, não tem sentido ouvir uma faixa isolada de London Calling. Tem que ouvir todas na ordem correta. Se der para virar de lado a para b, melhor ainda.

Pra completar tem a melhor capa de disco do rock. Minha mulher me deu a camiseta esse ano, Paul Simonon malhando o baixo no palco. O que o Clash uniu, nada separa.

O Clash acabou em 86 e nunca fez uma tour de reunião. Felizmente. Eu sabia que isso nunca ia acontecer. Foi porque o Joe Strummer deu o contra. Ele morreu em 2002 e uma turnê caça-níqueis dessa nem tem mais como acontecer.

Eu prefiro meus heróis nas páginas dos gibis e sei que a história não é feita por grandes homens, mas tenho orgulho de pisar no planeta onde Joe Strummer viveu.

O Clash é a banda que me fez pensar grande, ser valente, cortar o cabelo, não entrar em igrejinha, detestar bicho-grilo, largar Piracicaba, ir pra vida de peito aberto, com medo e com um tesão louco.

É a banda da minha geração, a banda que nos gerou, minha turma, meus irmãos. Quando a vida está cinza e a rotina anestesia, Londres me chama, me incendeia – acende o fogo nas minhas veias.