Por PVC

Jorge Sampaoli diz que não pediu demissão do Santos, “oficialmente”. O advérbio é importante para entender a guerra jurídica que se inicia entre o técnico argentino e seu ex-clube.
Na segunda-feira (9), em reunião com o presidente José Carlos Peres, o treinador informou que pediria demissão se o Santos não mudasse seu contrato e incluísse uma cláusula com investimentos de R$ 100 milhões em reforços. Peres respondeu que isso não tinha cabimento e a cláusula não seria incluída.
De fato, isso não é coisa que conste em contrato. “Então eu vou embora”, teria dito Sampaoli. Peres disse que não aceitava a inclusão da multa, mas consultaria o Conselho Gestor.
No dia seguinte, informou a Sampaoli que o conselho vetou a mudança, como era óbvio. E que o Santos aceitava seu pedido de demissão.
Agora, o técnico argentino alega que não pediu demissão “oficialmente.” Mas deixou claro que estava pedindo demissão se a cláusula absurda não entrasse no contrato.
Então, a data da demissão é terça-feira, 10 de dezembro. E sua multa de R$ 10 milhões vale até 11 de dezembro.
Na conversa de segunda-feira (9), Sampaoli também pediu para retirar do contrato a multa de R$ 3 milhões de seus assistentes, o que não foi negociado quando Paulo Autuori retirou a cláusula rescisória do documento do treinador.
Sampaoli exigiu também que a premiação por classificar o Santos para a Libertadores seja paga até dia 17 de dezembro. O Conselho Gestor negou todos os pedidos.
O caso vai parar na Justiça. Sampaoli está desempregado, porque pediu demissão na segunda-feira e o pedido foi aceito na terça. A multa deve ser paga, porque valia até quarta-feira, 11 de dezembro. A não ser que algum advogado prove em tribunal que a cláusula era abusiva.
Virou uma guerra jurídica. Sampaoli está livre para assinar com qualquer clube, mas terá de discutir nos tribunais a maneira como deixou a Vila Belmiro. O Santos procurará novo treinador.
O nome mais comentado na manhã desta terça-feira é o do espanhol Miguel Angel Ramírez, campeão da Copa Sul-Americana pelo Independiente del Valle.
Depois do pedido de demissão anunciado pelo Santos na noite desta terça-feira (10), Jorge Sampaoli está no Rio de Janeiro, onde deverá se reunir com o Palmeiras nos próximos dias.
Também está no Rio de Janeiro o mais forte candidato ao cargo de diretor-executivo, depois da recusa de Diego Cerri. Anderson Barros é ótimo nome. Discreto e campeão.
Num tempo em que se discute a hegemonia do Flamengo no estado do Rio de Janeiro, Anderson Barros foi o dirigente do Botafogo na improvável campanha do título estadual de 2018.
No passado, teve paciência para montar um Botafogo espetacular com Cuca no comando, num período em que Cuca não era tão calmo quanto é hoje.