
POR GERSON NOGUEIRA
Quase todo mundo saiu satisfeito do jogo de ontem à noite, no estádio Jornalista Edgar Proença. Por incrível que pareça, até boa parte da torcida do Papão aplaudiu a equipe ao final da partida, mesmo com a derrota por 1 a 0 (4 a 1 no placar agregado). O Internacional, obviamente, comemorou mais, pois se garantiu na próxima fase da Copa do Brasil, faturando quase R$ 4 milhões com a classificação.
Para os bicolores, o lado mais positivo ficou por conta da entrega dos jogadores, que travaram um bom combate, com empenho e brio. Verdade que faltou técnica em muitos momentos, mas o time teve transpiração e garra, virtudes que o torcedor tanto cobra.
Diante de um time bem arrumado, superior em todos os setores, o Papão foi bem aplicado, dedicando-se à missão quase impossível de reverter a diferença favorável aos gaúchos.
O primeiro tempo foi morno, mas o início foi até interessante. De cara, Tiago Luiz perdeu grande chance, perdendo o tempo da bola lançada por Nicolas. Aos 4 minutos, Paolo Guerrero marcou um golaço, mas o lance foi anulado por impedimento de Nico Lopez na origem do lançamento.
O primeiro tempo ainda teve dois outros lances perigosos na área do PSC. Paolo Guerrero teve o gol escancarado à sua frente, mas bateu por cima da trave. Guilherme Paredes chegou atrasado após cruzamento de Ednilson e ainda errou na tentativa de arremate em direção ao gol.
Caso tivesse uma equipe fisicamente mais inteira, o Papão poderia ter tirado o Inter da zona de conforto, com uma pressão mais efetiva na saída de bola. Como não conseguia sustentar a marcação alta, o time dirigido por Leandro Niehues era obrigado a aceitar ataques rápidos e bem organizados do Inter, cuja defesa se adiantava até quase a linha de meio-campo.
Depois do intervalo, o PSC voltou mais focado nas ações de ataque, chegando a empreender um começo de sufoco, em manobras de Nicolas, Tiago Primão e Paulo Rangel, que reaparecia como titular. Por alguns instantes, o gol pareceu possível. Marcelo Lomba foi exigido numa sequência de três finalizações, a mais difícil delas em cabeceio de Nicolas.
A situação se alterou com a expulsão do lateral Bruno Oliveira, obrigando o time a se reorganizar defensivamente e a abrir mão da busca mais intensa pelo gol. Tranquilo, o Inter passou a controlar o jogo no meio-de-campo, atacando com perigo sempre que Guerrero era acionado, atingindo 68% de posse de bola e 89% em precisão de passe.
Com ampla supremacia a partir dos 15 minutos, o Inter pressionava intensamente e Mota se destacou pela segurança nas intervenções, como na defesa em chute à queima-roupa de Nico Lopez.
Quando Pimentinha entrou, o PSC voltou a crescer ofensivamente. Lançado pelo lado direito, quase marcou aos 36 minutos, depois de invadir a área e passar pelos zagueiros gaúchos.
Aos 40’, em lance iniciado por D’Alessandro, a bola chegou a Guerrero dentro da área e aí a perícia do goleador finalmente apareceu. O chute saiu alto, no ângulo esquerdo, sem defesa para Mota. Inter 4 a 1 na disputa. Fim de linha para o PSC na Copa do Brasil.
Destaque para a esforçada atuação bicolor, com alguns bons momentos e poucos erros, ao contrário do que se vê na Série C. Pode ser, enfim, o começo da reabilitação da equipe, até no aspecto emocional, antes mesmo da chegada do novo comandante.
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Números que ajudam a explicar erros bicolores
Aldo Valente, um dos 27 baluartes da coluna e respeitado pesquisador do Instituto Evandro Chagas, deu-se ao trabalho de levantar o número de técnicos que comandaram o Papão ao longo da gestão Novos Rumos.
Em 2014, três técnicos comandaram o time: Mazola, Vica e Mazola de novo. Em 2015, Sidney Moraes e Dado Cavalcanti. Dado continuou em 2016, mas foi substituído por Rogerinho, Gilmar Dal Pozzo e voltou no fim da Série B. Em 2017, Marcelo Chamusca, Rogerinho e Marquinhos Santos foram os técnicos da temporada. No ano passado, Marquinhos, Guilherme Alves e João Brigatti. E, em 2019, Brigatti e Léo Condé.
Ao todo, 14 técnicos em seis temporadas, média de mais de 2 por ano. “Creio que com exceção do Mazola e do Dal Pozzo, todos os demais são meros estagiários. Quem será o próximo?”, indaga Aldo.
Como diria um velho amigo de Oriximiná, SDS – só Deus sabe.
Não satisfeito, o infatigável Aldo Valente saiu em busca da lista de executivos de futebol trazidos pelo PSC. Com a ajuda de Saulo Zaire, chegou aos nomes que integram a seleta casta de profissionais responsáveis pela contratação de aproximadamente 220 jogadores ao longo de seis temporadas.
Oscar Yamato foi o pioneiro, em 2013. Sérgio Papelim, o melhor de todos, trabalhou em 2014 e 2015. Alex Brasil e Alexandre Faria foram os executivos de 2016. Em 2017 e 2018, André Mazzuco reinou absoluto. Desde dezembro do ano passado, Felipe Albuquerque é o diretor de futebol.
Do total de atletas trazidos pelo clube ao longo destes sete anos, o próprio Aldo garimpou nomes para tentar montar uma espécie de time ideal. Às duras penas, chegou a esta escalação: Emerson; Raniere, Fahel, Tiago Martins e João Lucas; Zé Antonio, Renato Augusto, Eduardo Ramos e Thiago Luiz; Bergson e Cassiano.
(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 30)










