POR GERSON NOGUEIRA
A vitória sobre o Boa Esporte foi a melhor apresentação do Remo na temporada, com marcação intensa e jogadas em velocidade. Apesar de falhas pontuais (e conhecidas), como erros de passe e atropelos na transição defesa-meio-ataque, o time mandou no jogo e quase sempre esteve com a posse de bola. O Boa abusou do antijogo, com a complacência da arbitragem amazonense.
Demorou, porém, a estabelecer vantagem porque faltava força ofensiva. Só Emerson e Gustavo brigavam com a zaga do Boa Esporte e quando os laterais Jansen e Ronael lançavam bola alta na área a briga ficava desequilibrada. Baixo e pouco ágil para antecipações, Emerson não consegue jogar zagas muito altas.
As tentativas com a bola no chão tinham mais efeito prático, mas Carlos Alberto não fez uma boa estreia e atrapalhava-se ao tentar dribles em sequência. Gustavo continuou como antes: tomava decisões erradas, conduzindo demais e esquecendo que o jogo é essencialmente coletivo.
Apesar de domínio acentuado no 1º tempo, o Remo teve apenas duas chances claras para marcar. A primeira com o próprio Gustavo, aos 6 minutos. Ele tinha a trave aberta à sua frente, mas o chute pegou na orelha da bola e virou cruzamento, que Yuri não conseguiu aproveitar.
O outro lance forte do ataque foi criado somente aos 27’, quando Ramires rompeu a marcação do Boa e avançou até a área, cruzando para Douglas Packer finalizar, mas Renan Rocha espalmou a escanteio.
Sempre tomando a iniciativa e partindo para o ataque, o Remo esbarrava nas dificuldades para encaixar jogadas rápidas. Os laterais apoiavam discretamente e, no meio, Ramires era o mais empenhado em levar o time à frente. Douglas ficou preso na marcação.

Para a 2ª etapa, Márcio Fernandes manteve a formação inicial, mas o time voltou mais focado na troca de passes, evitando chutões e lançamentos longos. Deu certo. Aos 9’ e aos 12’, Emerson teve nos pés duas grandes chances, mas mandou por cima do gol de Renan Rocha.
Aos 15’, Carlos Alberto foi substituído por Alex Sandro e a mexida acabou se revelando providencial. Um minuto depois, aconteceu o gol e a jogada mais elaborada da noite. A bola, de pé em pé, chegou à intermediária, onde Douglas virou para Jansen. Este fintou dois marcadores e do bico da grande área deu um passe perfeito, tirando a bola da linha de zaga e do goleiro, para Alex Sandro finalizar para as redes.
Não apenas pela preciosa contribuição no lance, Jansen foi o principal nome do Remo. Improvisado, de novo, deu conta do recado no lado direito, exibindo habilidades que justificam seu aproveitamento pelos lados.
No desespero, o Boa ainda tentou chegar, cruzando bolas na área e assustou em dois cruzamentos de Chiquinho Alagoano que oportunizaram chutes perigosos em direção ao gol, mas Vinícius defendeu com segurança.
Além de Jansen, Ramires e Marcão tiveram boa atuação. O estreante Carlos Alberto não empolgou e Ronael mostrou apenas muita disposição.
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Na estreia, Papão vence o Ypiranga e a chuva forte
O Papão foi a Erechim e conquistou uma vitória importante logo na rodada inaugural da Série C. O resultado foi melhor que o jogo, mas o time paraense teve o mérito de resistir às condições do campo, prejudicado pela forte chuva. Impondo uma meia pressão inicial, o PSC mostrou que não tinha viajado tanto apenas para buscar um ponto.
Apesar da reprise de velhos problemas, como o mau funcionamento do setor de criação, o time de Léo Condé teve tranquilidade quando foi pressionado e frieza para aproveitar a oportunidade que surgiu. Nicolas voltou a aparecer bem, atuando como terceiro atacante.
Depois de um 1º tempo com poucas chances de gol, Vinícius Leite pegou em cheio aos 18 minutos da etapa final, abrindo o placar, num chute rasteiro e forte. Marcando com dificuldades à frente da zaga, o PSC sofreu um pouco para conter os ataques do apenas esforçado time do Ypiranga, mas terminou garantindo o triunfo.
O lado positivo foi a luta pela bola e a evolução na elaboração de jogadas, com boa troca de passes e quase sem utilização das ligações diretas. A entrada em cena de reforços como Tiago Luís e Pimentinha, a partir das próximas rodadas, devem contribuir para aumentar a força ofensiva.
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Corinthians faz narração da TV mudar de tom
A preocupação excessiva em não melindrar grandes torcidas cria situação esquisita nas narrações de futebol na TV aberta. Ontem, no jogo Bahia x Corinthians, o tom geral da cobertura que a Globo fazia mudou radicalmente quando o time baiano virou o placar.
Até aquele momento o clima era de alto astral, mas o segundo gol já foi gritado em tom sóbrio. O terceiro, um golaço de Rogério, fechando o caixão, foi descrito de forma murcha, como um lamento.
A vibração reapareceu no finalzinho, com o segundo gol corintiano, mas já não dava tempo para muita coisa e nem para reanimar a cobertura, àquela altura mais preocupada em levantar todas as justificativas possíveis para a derrota do poderoso Corinthians contra o franco-atirador Bahia.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 29)




