
POR GERSON NOGUEIRA
Remistas e bicolores entram em estado de concentração máxima hoje com a estreia de suas equipes no Brasileiro da Série C. Muito acima das contidas emoções do Campeonato Paraense, a competição nacional faz com que dirigentes, técnicos e jogadores liguem o alerta para a batalha mais importante da temporada.
Todos os esforços e investimentos dos clubes têm como objetivo a disputa do Brasileiro. Até as frequentes trocas de jogadores, custosas e quase sempre contraproducentes, visam preparar os times para o desafio maior.
A dupla Re-Pa contratou mais de 40 jogadores desde o começo do ano sob a justificativa maior de que a Série C exige elencos bem reforçados. Chegou o momento de mostrar que os esforços foram bem sucedidos.
Com técnicos que chegaram há pouco tempo, ainda buscando se firmar em relação aos elencos, os dois grandes de Belém devem sofrer as consequências de quem ainda está conhecendo as características de seus comandados.
Bem verdade que Márcio Fernandes chegou antes de Léo Condé e teve mais tempo para avaliar os atletas sob seu comando, mas sinais discretos da fase de adaptação ainda brotam aqui e ali nas escalações (e substituições) no Remo.
Léo Condé terá a missão mais espinhosa, estreando fora de casa contra adversário pouco conhecido e que tem bom retrospecto como mandante. Além do Ypiranga, o técnico enfrenta ainda o fantasma da eliminação no Campeonato Paraense, perda ainda não assimilada por grande parte da torcida.
As escolhas de Condé irão determinar o grau de expectativa do torcedor. Pelo que esboçou nos treinamentos, os nomes do time que terminou (mal) o campeonato estadual devem predominar na escalação da estreia.
É claro que os 12 dias extras de tempo para treinar a equipe podem ter contribuído para mudanças de sistema de jogo. Condé tem por característica montar times que jogam em bloco, marcando forte e valorizando a posse da bola. Foi assim no Sampaio e no Botafogo-SP.
O grande problema é o perfil dos jogadores que o PSC tem hoje. Os novos contratados, indicados e avalizados por Condé, talvez não estejam em plenas condições para aproveitamento imediato.
Isso gera a obrigatoriedade de jogar com as peças que já vinham atuando e o grande xis da questão é o meio-campo, cuja instabilidade marcou a trajetória do Papão até aqui. Tiago Primão e Leandro Lima, os meias de criação, não emplacaram ainda. Deixaram profundas dúvidas na torcida quanto à utilidade que podem ter numa competição difícil como a Série C.
O ataque também não se definiu, pois até o fim do Parazão permanecia a dúvida quanto aos homens de frente. Paulo Rangel, Paulo Henrique, Elielton e Vinícius Leite foram os mais utilizados, mas nenhum pode ser considerado titular absoluto e inquestionável.

Do lado azulino, Márcio Fernandes também ganhou alternativas, como a de Carlos Alberto, jovem meia-atacante, que pode atuar como quarto homem de meia-cancha ou entrar como atacante de lado.
A vantagem é que as finais do Estadual fizeram com que o técnico encontrasse o trio ideal, dentro das circunstâncias, para a linha ofensiva: Alex Sandro, Emerson e Gustavo.
Ocorre que, se resolveu a questão do ataque, Fernandes ainda precisa queimar pestanas montando o meio-de-campo. Sem Djalma, contundido, trabalha com a ideia de lançar Ramires, Yuri e Douglas Packer.
Em termos técnicos, são jogadores de boa resposta, mas Ramires tem as limitações físicas de quem ainda está se recondicionando. Dificilmente poderá atuar a partida inteira contra o Boa Esporte.
Nas laterais, mais desafios para a capacidade de observação do treinador. Na direita, a ausência de Geovane oportuniza a estreia de Michel, artilheiro do Parazão pelo Paragominas. Pela esquerda, Fernandes deve dar nova chance a Ronaell, jogador que pouco mostrou até o momento.
Dificuldades existem para os dois titãs nesta abertura de Brasileiro, mas o Remo inegavelmente tem maiores possibilidades de estrear com vitória – desde que tenha aplicação e se organize melhor em campo do que nas últimas partidas.
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Direto do blog campeão
“O desempenho pífio de Tiago Luís, este ano, no São Bento, foi apenas uma continuação de sua passagem pelo Goiás, no período 2017/18, onde não passou de reserva de luxo. Certamente, credenciais que não justificariam o Paysandú a traze-lo de volta, já aos 30 anos, com contrato de 3 anos. Infelizmente, os clubes do futebol paraense continuam sendo comandos por dirigentes acadêmicos e amadores”.
George Carvalho, um bicolor de olhar crítico e ferino.







