Por João Filho – The Intercept_Brasil
Joice Hasselmann, a plagiadora geral da nação, disse durante a eleição que o PT forjaria um falso atentado contra Haddad para criar comoção em seu favor. Era só mais uma das inúmeras mentiras jogadas no ar pelo bolsonarismo para manipular a a opinião pública. Mesmo após a eleição, toda hora cria-se um bicho-papão diferente para manter o clima de medo e a tropa alerta. Sempre há uma força obscura conspirando contra o pobre coitado de Jair Bolsonaro. A nova onda da trupe agora é cobrar nas redes sociais os nomes dos reais mandantes da facada sofrida pelo então candidato.
Segundo as investigações até aqui, Adélio Bispo, o autor da facada em Juiz de Fora, agiu sozinho e não há nada que indique haver outros atores na tentativa de assassinato além das vozes da sua cabeça. Mesmo assim, Joice e os filhotes de Bolsonaro seguem alimentando a conspiração de que há gente muito poderosa empenhada em acabar com a vida desse homem simples que come pão com leite condensado.
Nessa semana, os pescadores de ilusões trouxeram uma novidade fresquinha para o mercado da boataria. Carlos Bolsonaro lançou uma suspeita gravíssima no Twitter, afirmando que há gente no seio do governo eleito que deseja a morte do presidente. Ele insinua que há forças ocultas querendo ver seu pai no caixão, mas dessa vez o inimigo é outro.
Se há alguma suspeita de que se conspira contra a vida do presidente eleito, é obrigação do vereador, que por um acaso é o seu filho, denunciar à Polícia Federal e esclarecer a população. Quem seriam esses inimigos internos que desejam secretamente a morte do presidente? Carlos não dará nome aos bois porque tudo leva a crer que nada disso é verdade. A mentira já virou um cacoete da família Bolsonaro.
O histórico de Carlos confirma a suspeita. Ele, que é considerado o grande estrategista de Bolsonaro na internet e chegou a ser cogitado para o ministério da Comunicação, não usa as redes sociais apenas para fazer seu proselitismo chulé, mas também para espalhar boatos que ajudem a impulsionar as narrativas bolsonaristas. Durante a campanha, ele manipulou o processo eleitoral com pelo menos três grandes mentiras: divulgou um cartaz falso que associava gays à pedofilia; publicou uma notícia falsa que dizia que o TSE enviou os códigos das urnas eletrônicas para a Venezuela; compartilhou a informação falsa de que Haddad escreveu um livro defendendo o incesto. Alertado sobre essas mentiras, Carlos não apagou os tweets imediatamente (alguns não foram apagados até hoje) e não fez qualquer retratação.
A fabricação do novo boato parece ter o objetivo de enviar um recado para aliados que viraram pedras no sapato da família Bolsonaro. Pode ser para o vice Mourão ou pode ser para Bebianno — ambos estão em conflito com os filhos do presidente desde a campanha.
A eleição acabou, mas o filho do mandatário máximo do país continua brincando de teoria da conspiração. Só que dessa vez ele está jogando uma grave suspeita sobre o próprio governo. Não estamos mais falando de mamadeiras de pirocas que prejudicam o adversário, mas da vida de um presidente que acabou de ser democraticamente eleito. A denúncia irresponsável não teve maiores consequências porque Carlos não é levado a sério por ninguém. Mas até onde o vereador será capaz de chegar?
O presidente eleito, em vez de tentar amenizar o estrago, deu asas à irresponsabilidade do filho e confirmou que realmente é um cabra marcado para morrer: “Minha morte interessa a muita gente”.
O outro filho de Bolsonaro, Eduardo, também protagonizou suas presepadas nessa semana, mas com o agravante de serem internacionais. Com muita raça e pouca técnica, Bolso-filho foi aos EUA representar Bolso-pai e se saiu muito mal. Não se portou como o representante da Câmara mais votado da história do país, mas como o filhinho cheio de autoridade para falar sobre tudo o que envolve o governo de papai. Segundo ele, o objetivo da viagem era o de “resgatar a credibilidade do Brasil”, o que certamente ficou longe de acontecer.

Eduardo vestiu o boné da campanha de reeleição de Trump e ainda pediu para ser fotografado, ignorando que o próximo presidente americano com quem Bolsonaro irá tratar pode ser um democrata. Além de cumprir esse papelão de cabo eleitoral, Eduardo confirmou diversas bobagens que o seu pai já tinha desconfirmado, como a transferência da embaixada de Israel para Jerusalém. “A questão não é perguntar se vai, é perguntar quando vai”, decretou Eduardo.
Na prática, a mudança serve apenas para bajular Trump e Israel e colocar a nossa vantajosa relação comercial com os países árabes em risco. O alerta do general Mourão, que havia recomendado cautela sobre esse tema, foi ignorado. É que Eduardo acredita que não teremos nenhum problema com os países árabes. Ele acha que ao se posicionar contra o Irã– para ele, é a maior ameaça à região –, o país deixará claro a sua intenção de manter bom relacionamento com o resto das nações árabes. Essa análise não faz o menor sentido e não passa de mais uma infantilidade puramente ideológica. O Brasil teve um superávit de US$ 4,5 bilhões com Irã neste ano, tendo crescido 77% em relação a 2017. É o maior importador de milho do Brasil. É o nosso sexto maior cliente no mundo e representa o segundo maior superávit, só perdendo para a China.
Apesar de ser um importante parceiro comercial, nossa relação comercial com os EUA nos últimos 10 anos tem sido desvantajosa. Os americanos tiveram um superávit neste período de US$ 90 bilhões. Há dois meses, Trump reclamou dos negócios com o Brasil: “Eles cobram de nós o que querem. Se você perguntar a algumas empresas, eles dizem que o Brasil está entre os mais duros do mundo, talvez o mais duro”. O perfil protecionista de Trump e o histórico recente da balança comercial não deixam dúvidas de que a China é um parceiro comercial muito melhor para o capitalismo brasileiro. Que raio de capitalistas são esses que vão nos governar?
Mas teve mais presepada nessa viagem. Em um almoço com investidores americanos, Eduardo quis bancar o sincerão e disse que seria difícil aprovar a reforma da previdência. Era tudo o que investidores não queriam ouvir. Ele chegou até a se desculpar de antemão por um possível fracasso do governo na aprovação da reforma. Em vez de transmitir otimismo e confiança a quem está disposto a investir seu dinheiro no Brasil, transmitiu desconfiança e pessimismo. A declaração repercutiu na imprensa, e Eduardo correu para as redes sociais para negá-la:
O que se alardeava já antes da eleição se confirma. Bolsonaro é despreparado para a função. Seus filhos tem lingua solta, portanto inconsequentes. Durante a campanha eleitoral muito me preocupei com o vídeo onde Bolso fazia continencia para a bandeira americana e chamava os militares americanos para vir tomar conta da base de Alcantara-MA, numa atitude de puro entreguismo, já que o Maranhão é considerado a porta de entrada para a Amazonia legal. Todos sabemos que governantes americanos sempre “gostaram” de ter bases militares próximas de países em que seus governantes não comungam nem aceitam as políticas externas americanas. A mais famosa de Guantánamo. Aquí na América do Sul, onde Venezuela e outros são inimigos dos americanos, parece que vai se concretizar a ocupação da citada base militar e, diga-se de passagem, a Reserva Ambiental alí constituída. Com a Base de Alcântara, ficaria extremamente fácil monitorar/ espionar, os países americanos do Sul e quando necessario invadí-los. A subserviência explícita é dos requisitos para a dominação. Voltaremos ao colonialismo ? Tomo como exemplo o Estado do Pará onde resido, que não consegue transformar as riquezas naturais que possui em benefícios, principalmente para os mais necessitados. Culpa de quem ? Todos sabemos. Em 02.12.18, Marabá-PA.
CurtirCurtir