POR GERSON NOGUEIRA
Sob o fogo cerrado das críticas de setores mais tradicionalistas e politizados do futebol argentino, Boca Juniors e River Plate entram em campo amanhã à tarde no estádio do Real Madrid para decidir a Taça Libertadores da América.
Uma contradição terrível se analisada pelo viés histórico, afinal a principal competição sul-americana foi criada para homenagear os heróis do continente, os tais “libertadores” (Simon Bolívar à frente).
De repente, de uma canetada só, a Conmebol tirou da Argentina o privilégio de sediar aquela que seria a maior final de todos os tempos, reunindo os mais tradicionais clubes do país e que cultivam uma das mais renhidas rivalidades do planeta.

O fato é que o foco marqueteiro guiou as ações da Conmebol na hora de definir o palco inusitado desta final de Libertadores. Famosa pelas decisões equivocadas e excessivamente políticas, como indica a hesitação em enquadrar de verdade o episódio do ataque ao ônibus do Boca nos arredores do estádio do River.
Ao rasgar o próprio regulamento, que previa punição sumária ao River, responsável (mandante) pela organização do jogo, a Conmebol recolheu-se a um festival de reuniões que não decidiam absolutamente nada e que, aparentemente, visaram apenas desconstruir o clima bélico entre os dois clubes.
Tanta parcimônia abriu espaço até para a entrada em cena da Fifa, cujo presidente saiu de seus cuidados para advertir o River quando este manifestou contrariedade quanto ao local determinado para a final e ameaçou não ir a campo.
Enfim, a final do torneio continental se transformou em lambança de grandes proporções, a começar pela ausência de punição e apuração séria em relação aos baderneiros que engendraram o ataque ao ônibus do Boca, fazendo com que a impunidade estimule novas ações do tipo.
Que o jogo desta tarde pelo menos restitua a importância futebolística da Libertadores, oferecendo ao mundo um espetáculo digno da escola sul-americana, mesmo que os times atuais de River e Boca não alinhem um craque de verdade.
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Leão acerta ao repatriar uma de suas crias
O Remo anunciou ontem a contratação do meia Samuel, de 23 anos, que deu seus primeiros passos no futebol justamente nas divisões de base do clube. Não é o primeiro e certamente não será o último a merecer esse justo resgate.
A escolha não podia ser melhor. Defendendo o Águia, a Desportiva e a Tuna, Samuel mostrou habilidades e condições para brigar por um lugar no meio-campo do time que João Neto planeja para 2019.
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Parece até piada, mas é só deboche
Depois de sucessivas derrotas no campo jurídico, o Flamengo acaba de entrar com nova ação buscando ser reconhecido pela CBF como campeão brasileiro de 1987, da mesma forma como a entidade reconhece o Sport. O novo procedimento vai tramitar na 8ª Vara Cível do Rio, tendo a CBF como ré. A ação foi noticiada inicialmente pelo jornalista Lauro Jardim.
Nesta nova batalha, o clube carioca adota uma estratégia diferente. Visa garantir o compartilhamento do título de 1987. O principal argumento dos rubro-negros é que, visto que o Sport é considerado campeão do “Módulo Amarelo” daquele ano, o Flamengo teria o legítimo direito de pleitear a mesma condição, reivindicando ser apontado oficialmente como vencedor do “Módulo Verde”. Portanto, campeão nacional também.
De sua parte, o Sport não se manifestou ainda, e é improvável que venha a fazer por enquanto, mas a CBF reafirma o que já disse outras vezes: que “em seus documentos sobre o Brasileirão, aborda o ano de 1987 de acordo com a decisão do STF: Sport Campeão Brasileiro e Flamengo Campeão da Copa União”.
No rol de argumentos elencados pelo Flamengo na ação sobra até para quem é apenas mensageiro: a imprensa esportiva, justamente de quem menos a agremiação rubro-negra deveria se queixar.
“Como se não bastasse, a omissão administrativa a respeito do Direito do autor por parte da Confederação Brasileira de Futebol, aliada ao grau de desinformação alimentado por veículos de mídia amadora ou profissional – no mais das vezes acompanhado do deliberado sensacionalismo de um mercado sabidamente premido por questões comerciais –, apenas contribuem para o verdadeiro estado de incerteza jurídica que paira sobre o objeto desta demanda”, diz o documento.
A perlenga ameaça entrar para o anedotário do futebol mundial e, ao que parece, sem final feliz para o clube da Gávea.
(Coluna publicada no Bola deste sábado, 8)
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