Estranho seria se um sujeito como Felipe Melo não adorasse Bolsonaro

Por Kiko Nogueira, no DCM

Felipe Melo é a glória do bolsonarismo no futebol.

Permaneceu 4 minutos e 30 segundos em campo até ser expulso no jogo do Palmeiras contra o Cerro Porteño, na última quinta-feira, na Libertadores.

A entrada em Victor Cáceres lhe rendeu o vigésimo cartão do ano. É um recorde.

Se já tivemos atletas que transcendiam as quatro linhas do gramado com inteligência, hoje temos um volante violento, descontrolado, falastrão e, coroando esses atributos, fã de Jair Bolsonaro.

Melo publicou um vídeo na internet no 1º de maio de 2017. Gritava: “Deus abençoe a todos os trabalhadores e pau nos vagabundos! Bolsonaro neles!”

Diante da repercussão ensaiou um recuo: “Quando eu falo de vagabundos, me refiro às pessoas que querem tumultuar o nosso país. Deus abençoe a todos vocês. E, sim, eu sou Bolsonaro.”

Os dois são feitos um para o outro.

Evangélicos, profissionais do ódio, confundem truculência com coragem.

Chico Buarque falava do tempo da delicadeza. Eles são o negativo.

São o que se apresenta para o momento. Felipe Melo é a Lava Jato de chuteiras, é o atropelo da democracia, a vitória da selvageria.

Em 2005, foi acusado de esfaquear dois jovens em um hotel no Rio de Janeiro. O primo assumiu a culpa. Mas ele se diz regenerado e “um homem de Deus”.

Após provocar uma confusão contra o Peñarol, em 2017, alegou que um jogador o chamou de macaco. Não fez BO. Preferiu uma sacada genial: “A mulher dele já deve ter traído ele com um negão”.

Melo, que é negro, não vê problema em apoiar um sujeito que narrou sua visita a um quilombo em termos francamente racistas.

“O afrodescendente mais leve lá pesava 7 arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”, contou Jair em sua famosa palestra na Hebraica do Rio.

Ele poderia ser mais um jogador folclórico, como tantos que existem, existiram e existirão. Mas Felipe Melo é mais do que isso. Ele incorpora um estado de espírito e um momento nacional e vocaliza uma imbecilidade generalizada.

A melhor imagem de Melo é essa que está abaixo. De quatro. Como boa parte do país. 

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Galeria do rock

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Registro da apresentação do U2 neste domingo à noite em Lisboa, na Altice Arena. É a primeiro show da banda irlandesa em Portugal dentro da tour atual – o segundo será nesta segunda-feira. A turnê começou nos Estados Unidos, em maio, e depois de quatro datas em Paris, França, e de um concerto atribulado em Berlim, Alemanha, interrompido por problemas vocais de Bono Vox.

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Lula para Haddad: é preciso bater de porta em porta

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Por Fernando Brito, no Tijolaço

Vejo, com o coração pulsando forte, o esforço de gente de bem em demonstrar a verdade: que o enfrentamento à ameaça Bolsonaro é a defesa da liberdade, da democracia, da convivência civilizada do povo brasileiro.

É, sim, e eles têm toda a razão em dizê-lo e não devem deixar um minuto de afirmar que se trata de proteger toda a construção civilizatória do Brasil desde a Constituição de 1988, ameaçada por uma mídia e um Judiciário que a violam e maldizem.

Acho, inclusive, que este será, adiante, um fator de crescimento da candidatura de Fernando Haddad.

O eixo da campanha eleitoral de massa, neste momento, porém, é outro.

Ensina qualquer manual de propaganda que o essencial na comunicação é apontar o benefício concreto.

O benefício concreto do voto em Fernando Haddad, antes de ser um dique contra a ascensão da direita, é a volta da “Era Lula”, a de inclusão, a de (ainda que mínima) ascensão a direitos, a da sensação de pertencimento a um país.

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Lula mostrou ter pleno entendimento disso, inclusive na definição do nome de sua chapa.

“Feliz de novo” é a exata remissão às políticas do governo Lula.

Concreto, palpável, vivido.

Lula não é uma abstração ideológica, é uma experiência concreta.

A análise política convencional costuma deixar isso de lado, porque distanciada do povão.

A campanha de Haddad,  por isso, vai focar na exclusão do povo na mídia.

O movimento antifascista será nas redes e já ocorre.

É neste universo que se caminhará na questão do “voto útil”.

Na  propaganda de massa, nesta e na próxima semana, o eixo é a transferência do “lulismo” a Haddad.

Por isso o bilhete de Lula, hoje,

Dizendo que “é hora de defender nosso projeto, de bater de porta em porta, lembrando o Brasil que construímos juntos.”

A polarização vai se dar aí, entre o passado recente e a história de dominação.

O povo acredita na vida real.