Dedeco é a novidade no Remo para enfrentar o ABC em Natal

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Pela primeira vez, Dedeco está escalado como titular pelo técnico Givanildo Oliveira. O volante, artilheiro do último Parazão com 7 gols, ganhou a titularidade depois de jogos pouco convincentes de Leandro Brasília no setor de marcação. Além de ter a função defensiva, ao lado de Dudu, Dedeco entra para qualificar o passe e a saída de bola.

A única vez que entrou em campo foi contra o Botafogo-PB, em João Pessoa, na penúltima rodada, atuando por apenas oito minutos. Givanildo Oliveira decidiu pela escalação após observar o desempenho de Dedeco nos coletivos. Oriundo do Castanhal, o volante foi contratado logo depois do Parazão, mas não teve chances com o técnico Ney da Matta.

Além de Dedeco, o Remo terá Moisés na zaga, fazendo dupla com Mimica. Bruno Maia será deslocado para a lateral esquerda, pois Esquerdinha continua lesionado e Levy não foi relacionado para o jogo pelo treinador. O Remo enfrenta o ABC no estádio Frasqueirão (Natal) neste sábado, pela sétima rodada da Série C.

O atacante Ruan, que defendeu o Paissandu na Série C 2014 e voltou em 2016, é o novo contratado do Remo. Ele estava no CRB, mas com pouco aproveitamento. É a aposta remista para substituir Felipe Marques, que deixou o clube. Ruan, de 24 anos, tem chegada prevista a Belém para sábado.

Temer, a Petrobras, a privataria e os caminhoneiros

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Por Paulo Kliass (*)

Em geral, as greves de caminhoneiros tendem a ser um exemplo bem característico desse quadro de confusão. Talvez a mais dramática de todas tenha sido a atuação dessa categoria no Chile, às vésperas do golpe que derrubou o governo de Salvador Allende.

Pesquisas de historiadores acabaram por confirmar a profunda articulação existente à época entre as lideranças do famoso “paro patronal” em outubro de 1972 e as forças organizadas pela CIA e os representantes da oposição burguesa e empresarial ao governo da Unidade Popular. Ao mesclar interesses de empresas de carga e proprietários autônomos de caminhões, aquela greve aprofundou um quadro de desabastecimento generalizado pelo país e contribuiu para ampliar a crise política que chegou ao assassinato do presidente eleito e a tomada do poder pelos militares.

Na nossa vizinha Argentina a categoria também é muito bem organizada e obtém sucessivas conquistas em função de sua capacidade de pressão sobre os governos. As mobilizações ocorrem com periodicidade quase anual e não costumam perdoar os ocupantes da Casa Rosada, seja Cristina Kirchner ou seja Macri, para falar apenas dos mais recentes.

Chile, Argentina, Brasil: caminhoneiros em ação

Ao longo dessa semana, o Brasil assiste a mais um capítulo de manifestações organizadas por entidades vinculadas ao setor de transporte de cargas por rodovias. A base objetiva para a ampla adesão ao movimento reside, obviamente, nas elevadas taxas de impopularidade do governo Temer e suas desastrosas opções de política econômica. No caso concreto, estamos falando da estratégia adotada para o setor da energia, em especial a conduta escolhida para a Petrobras.

Ao nomear o tucano Pedro Parente para o cargo de presidente do maior conglomerado empresarial brasileiro, Temer fez muito mais do que simplesmente agradecer de forma generosa pelos apoios emprestados pelo PSDB à sua empreitada para assumir o Palácio do Planalto, inclusive com o incentivo decisivo para o sucesso do “golpeachment”. A intenção maior era dar início ao processo de privatização dessa estatal gigante e que atua em área estratégica para a economia e a sociedade brasileiras. Assim, o novo dirigente começou a implementar, logo de início, um caminho de “desinvestimento” na empresa. Na verdade, um termo pomposo e enganador para o procedimento objetivo de venda de ativos do grupo estatal para o setor privado. Em português claro, o substantivo mais adequado para esse crime contra a economia nacional é privatização.

Além disso, foi conferida a Parente uma impressionante autonomia para gerir a mudança fatal no processo de exploração das reservas valiosíssimas do Pré-Sal. Atendendo a pleitos das grandes empresas petroleiras estrangeiras, o governo retirou a exclusividade da Petrobras para a tarefa de organizar a retirada do óleo e gás daquelas camadas profundas. Uma loucura! Afinal, trata-se de uma reserva potencial imensa e não há justificativa que apoie tal iniciativa que prejudica a inserção internacional do Brasil, compromete nossa segurança nacional e reduz de forma sensível o uso adequado dos recursos de tal exploração econômica em um Fundo Soberano para as futuras gerações.

Outra linha adotada pelo tucano refere-se ao reforço da narrativa demagógica de evitar o assim chamado “uso político” da Petrobras. Amparado no desgaste de imagem provocado pelos escândalos revelados pela Operação Lava Jato, o governo resolveu dar um verdadeiro cavalo de pau na política de preços praticados pela empresa. Isso significa a adoção de uma paridade automática com as variações do preço do petróleo no mercado internacional. Na prática, a Petrobras passou a aumentar os preços internos praticados nas refinarias apenas em função das mudanças externas.

Parente e o desmonte da Petrobras

A retórica utilizada para justificar essa mudança se apoiava no chamado “realismo tarifário” e na condenação da política anterior de contenção de aumentos nos preços dos derivados de petróleo para evitar contaminação inflacionária. No entanto, o fato concreto é que a Petrobras é uma empresa pública atuando em setor estratégico. Assim, nada mais compreensível que os governos democraticamente eleitos adotem políticas para ela. Por exemplo, não é razoável supor que a Petrobras siga de maneira cega ou ingênua as regras das empresas privadas do setor nem mesmo os seus critérios de lucro e retorno financeiro.

No entanto, o quadro havia mudado bastante desde quando FHC resolveu internacionalizar a empresa e quase conseguiu transformar seu nome em “Petrobrax”. Afinal, a prioridade absoluta de seu governo era atrair o interesse dos meios do financismo internacional para investir em papéis da nossa petroleira na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Ao assumir esse compromisso, a partir daquele momento o governo brasileiro estava se sujeitando às regras desse tipo de mercado, onde o interesse único é a rentabilidade especulativa sobre o título e não a contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico e social de nosso país.

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Ao mudar a política de preços mais recentemente, Parente terminou por criar uma armadilha de médio prazo para o próprio governo Temer. Afinal, estava claro que os baixos preços do barril do petróleo seriam recuperados em algum momento futuro. Pois a fatura chegou. Em uma primeira fase, foram os sistemáticos reajustes no preço do gás de cozinha, que estão provocando um piora dramática nas condições de vida da maioria da população de baixa renda. Com o desemprego monumental e a redução dos salários, pesquisas indicam que teve início a substituição dessa fonte de preparação de alimentos por lenha nas cozinhas da população mais desprotegida. Uma loucura!

Gás de cozinha, gasolina, diesel: aumentos sem parar

Os aumentos frequentes nos preços de gasolina e diesel também passaram a pesar nas contas da classe média, além do impacto generalizado nos índices de inflação em razão do uso generalizado dessa fonte de energia pelo Brasil afora. E a população começou a perceber que a tal política de preços só operava para aumentos. Nas inúmeras ocasiões em que o preço do petróleo havia sido reduzido, os efeitos de queda jamais eram sentidos nos postos de gasolina.

Apesar de todas as evidências em contrário, o governo seguiu fazendo ouvidos moucos a tais reclamos generalizados de insatisfação com tal estratégia. A situação mudou a partir da semana passada. Com o forte simbolismo de cinco reajustes seguidos nos preços em uma única semana, o movimento dos caminhoneiros ganhou expressão nacional. E foi só a partir de tal pressão que Temer resolveu se mexer. Afinal, estão programadas eleições para o mês de outubro e os candidatos alinhados com o governo não querem saber de ainda mais novidades negativas para carregar como fardo pesado e incômodo em suas campanhas.

Assim, é bem provável que aquela bravata toda da “seriedade e competência” da área técnica em não ceder a pressões políticas seja abandonada. As trapalhadas todas de Trump na cena global têm contribuído para uma elevação dos preços do petróleo no mercado internacional. Se o governo Temer mantiver essa obstinação burra de manter a equiparação automática, é bem capaz de tenhamos uma explosão ainda mais acentuada aqui dentro.

Reajuste automático de preços: política burra.

Não faz sentido que o Brasil adote essa política que só se justifica para países que dependem totalmente do petróleo importado. No nosso caso, pelo contrário, somos auto suficientes graças à nossa grande produção interna. Ao longo de 2017, por exemplo, nosso saldo na Balança Comercial do óleo foi positivo em US$ 3,7 bilhões. Isso significa que exportamos mais do que importamos. O único raciocínio que pode explicar esse tiro no pé da duplinha Temer & Parente refere-se à preocupação com o investidor externo. Sim porque o detentor de ações pode considerar esquisito que a Petrobras deixe de ganhar ainda mais dinheiro com a alta nos preços do barril de petróleo praticada pelo cartel da OPEP. Afinal, isso representa menor valorização do papel nas bolsas e menor participação nos dividendos. Mas e daí?

Ora, estamos tratando de uma empresa pública e que deve atender prioritariamente aos interesses da maioria da população brasileira. O fundamental é que os resultados positivos de sua atividade econômica sejam utilizados para aumentar sua capacidade de produção interna, com mais investimentos. A remuneração dos lucros do acionista minoritário nas bolsas estrangeiras não pode ser o fator a determinar, por exemplo, a política de preços.

No entanto, por mais uma dessas ironias da História, Temer talvez seja obrigado a ceder ao movimento dos caminhoneiros. Depois de ignorar os pleitos generalizados por mudanças na política de desmonte na empresa, ele pode recuar frente ao poderoso lobby dos empresários da área de transportes. Felizmente no momento atual, os caminhoneiros terminam por verbalizar o sentimento generalizado de descontentamento popular com esse governo, que se desmancha um pouco mais a cada novo dia que passa.

(*) Doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal

Vida longa, Mr. Zimmerman!

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Robert Allen Zimmerman, mais conhecido como Bob Dylan nasceu nesta data há 77 anos – 24 de maio de 1941 – em Duluth, Minnesota, EUA. Cantor, compositor, poeta, músico e artista plástico, Dylan dominou a cena pop americana dos anos 60 e 70 com suas canções de forte cunho social e político.

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Influenciou gerações de músicos, notadamente Beatles, Jimi Hendrix, Rolling Stones e Bruce Springsteen. Gravou dezenas de discos memoráveis e continua a produzir normalmente, além de excursionar pelo mundo.

Há dois anos, foi premiado com o Nobel de Literatura pelo conjunto de sua obra, tornando-se o primeiro compositor popular a receber a honraria.

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O legado de Philip Roth, gigante literário norte-americano

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Por Ferran Bono, no El País

Entre os trinta livros escritos por Philip Roth, que morreu na madrugada desta quarta-feira aos 85 anos, não é fácil selecionar alguns. São muitas as obras magistrais que deixam uma recordação perene no leitor e na crítica. Sua capacidade de indagar nas regiões devastadas e mais obscuras do ser humano, de pôr em relevo sua risível transcendência e de transmitir a explosão liberadora e aprisionadora do sexo percorre a produção de um fabulador apegado à realidade, a seu tempo, a seu país, ao mundo.

Que maior reconhecimento para a maestria de um romancista do que os historiadores de seu país, os Estados Unidos, escolherem seu livro de ficção Complô contra a América como o melhor do ano? Em seguida, uma lista – apenas uma amostra – de algumas das obras imprescindíveis de Philip Roth.

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1. O Complexo de Portnoy (1969)

Tornou-se rapidamente um clássico e não só da provocação. É o divertido monólogo das obsessões masturbadoras do jovem judeu Alexander Portnoy, agarrado à mãe, e suas problemáticas relações com as mulheres nos anos 40 em Nova Jersey.

2. A Marca Humana

A série de obras protagonizadas pelo alter ego do escritor, Nathan Zuckerman, “personagem mais real que o que a realidade apresenta, e que permitiu a Roth desenvolver uma série de complexas explorações sobre o sentido da arte e da vida”, nas palavras do escritor e crítico Eduardo Lago. Em A Marca Humana (2000), por exemplo, Zuckerman narra como a carreira do professor universitário Coleman Silk se arruína ao pronunciar na sala de aula uma expressão pouco feliz em meio à febre do politicamente correto nos EUA.

3. Pastoral Americana (1997)

O reverso do sonho americano. O casamento perfeito, formado por Seymour, antigo atleta e bom filho, e Dawn, ex-miss Nova Jersey, leva uma vida exemplar até que sua existência começa a ruir por uma desgraça familiar. As convicções de Seymour se chocam com os valores da sociedade norte-americana dos anos sessenta nesta primeira parte da celerada trilogia norte-americana, que continuou com Casei com um Comunista (1998) e A Marca Humana.

Cinco romances imprescindíveis de Philip Roth
4. Complô contra a América(2004)
O que teria acontecido se nas eleições dos Estados Unidos um candidato republicano, pró-nazismo, antissemita e isolacionista, como o popular aviador Charles A. Lindenberg, o primeiro a cruzar o Atlântico sozinho, tivesse em 1940 tirado a vitória de Roosevelt? Os EUA não teriam entrado na II Guerra Mundial e teriam perseguido os judeus, segundo a assustadora obra de Roth, que se concentra, porém, na tragédia pessoal de uma só família, chamada, precisamente, Roth.
Cinco romances imprescindíveis de Philip Roth

 

5. Nêmesis (2010)

Seu último romance, em que volta a suas questões íntimas. O tema de Nêmesis é a epidemia de pólio que assolou os Estados Unidos durante o verão de 1941 e como afetou a comunidade judaica de Newark, a cidade natal do autor, cenário de sua infância. Roth retoma um velho tema, o da peste, tratado anteriormente por Daniel Defoe e Albert Camus. O pano de fundo, neste caso, é a II Guerra Mundial, com suas atrocidades. Na última obra, “Roth nos arrasta para o melhor de que é capaz, o teatro de sua imaginação, alcançando um virtuosismo de que só são capazes os mestres do invisível”, argumenta Eduardo Lago.

Ao comentar o romance, o sul-africano J. M. Coetzee, ganhador do prêmio Nobel de Literatura, atenta para uma cena misteriosa em que se explica como cavar um túmulo. Trata-se de uma lição, observa Coetzee, tanto de vida como de morte. Escrever é enfrentar a morte e aprender a tiver. Tudo ao mesmo tempo.