Nunes, um macho-man no Itamaraty

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Por Luis Nassif, no Jornal GGN

Poucas vezes na história do Brasil viu-se chanceler mas sem noção do que Aloysio Nunes. Nada surpreendente para um governo que tem Elsinho Mouco como marqueteiro, Eliseu Padilha como Chefe da Casa Civil, e Moreira Franco como o estrategista dos macro-negócios.

Mesmo nesse time de campeões, Aloysio tem merecido justo destaque.

Para rebater manifesto de algumas das maiores lideranças mundiais, em favor de Lula, recorreu ao mesmo estilo que emprega em bate-bocas com manifestantes em aeroportos ou em guerrilhas de Twitter: o do macho latino-americano, que não leva desaforo para casa.

Ele, Roberto Freire, Marcelo Itagiba são a prova viva da deformação retórica de qualquer um que se abrigue ou se abrigou sob o guarda-chuva de José Serra. Na modelagem delicada e sutil da política, trocam o cinzel pelo martelo. Sua única função é a de guerrear, e Nunes sempre guerreou com a agressividade de um pitbull sem noção e respeito pelos cargos que ocupou e ocupa.

Como tem o atrevimento de questionar o direito de seis personalidades internacionais de manifestar sua opinião pessoal em favor de Lula? François Hollande, ex-presidente da França, José Luis Rodrigues Zapatero, ex-presidente espanhol, Massimo D´Alema, Enrico Letta e Romano Prodi, ex-presidentes do conselho de ministros da Itália, e Elio Di Rupo, ex-primeiro ministro da Bélgica, não estão mais no exercício de mandato. Falam em seu nome pessoal. E, como tal, denunciaram a farsa do julgamento e prisão de Lula. Aloysio solta uma nota oficial do Itamaraty, grosseira, invocando o “legítimo processo legal”, querendo justificar o aparato jurídico do fascismo para líderes de países que sofreram o fascismo na veia.

Aloysio não se dá conta de que ele não é um chanceler qualquer. É Ministro do governo Temer, o mais corrupto da história, e é padrinho político de Paulo Preto, o Paulo Roberto Costa do PSDB. Está sendo salvo de denúncias pelo trabalho pertinaz do Ministro Gilmar Mendes, no Supremo Tribunal Federal.

Não se exija dele a postura de um diplomata que ele nunca foi. Mas ao menos o pudor de se resguardar em um momento em que Gilmar Mendes se sacrifica estoicamente para não deixar nenhum companheiro ferido no campo de batalha.

Renato: ‘Ao me cortar, Telê tirou a chance de o Brasil ganhar a Copa’

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Por Cosme Rímoli, no R7

Foi o corte mais polêmico da história da Seleção.

Um churrasco regado a bebidas acabou com a chance real de o Brasil conquistar a Copa de 1986. Os detalhes estão explicados de maneira explícita por Renato Gaúcho, como nunca foram.

Amargo, como poucas vezes se viu, ele mostrou na entrevista, sua maior frustração na carreira. Ele tinha certeza de que poderia ter feito o Brasil campeão mundial no México.

“Eu havia sido o melhor jogador da Seleção nas Eliminatórias. Tinha 23 anos, estava voando fisicamente. O Brasil iria jogar no México ao meio-dia. O time já tinha algumas peças envelhecidas. Tinha certeza que seria muito importante”, aposta Renato.

“O Telê Santana não me puniu. Puniu um país para manter a disciplina. Me cortou e, em seguida, perdeu o Leandro, que não foi à Copa, por solidariedade”, diz.

Com o polêmico corte do atacante, Leandro, que foi carregado para a concentração por Renato, desistiu de ir para a Copa. Por solidariedade ao amigo. A Seleção perdeu a fortíssima ala direita. E mais, Telê perdeu o grupo. Os jogadores não concordaram com o rigor do treinador. O ambiente foi péssimo no Mundial do México.

Logo após a eliminação nas quartas de final, vários jogadores se reuniram para comemorar o fim do ciclo de Telê Santana na Seleção. Na famosa noite de bebedeira com a presença de jornalistas, a ausência de Renato Gaúcho e Leandro foi lamentada.

“Telê foi injusto. E puniu o Brasil. Eu nunca faria o que ele fez…”.

Papa faz homilia que parece ser endereçada ao golpe no Brasil

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Transcrito da Revista Fórum

Na missa celebrada na manhã desta quinta-feira (17), na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa Francisco dedicou a sua homilia ao tema da unidade, inspirando-se na Liturgia da Palavra. Em um trecho intitulado “Intrigar: um método usado também hoje”, o Papa parece ter se dirigido ao Brasil, ao golpe e à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao fazer uma descrição exata da nossa atual situação política.

De acordo com transcrição literal do Vatican News, o Papa Francisco disse: “A vida civil, a vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado, a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. Depois chega a justiça, “as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”.

Veja o trecho completo abaixo:

Intrigar: um método usado também hoje.
“Criam-se condições obscuras” para condenar a pessoa, explicou o Papa, e depois a unidade se desfaz. Um método com o qual perseguiram Jesus, Paulo, Estevão e todos os mártires e muito usado ainda hoje. E Francisco citou como exemplo “a vida civil, a vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado”: “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. Depois chega a justiça, “as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”. Uma perseguição que se vê também quando as pessoas no circo gritavam para ver a luta entre os mártires ou os gladiadores.

Leia a homilia do Papa Francisco na íntegra no Vatican News

A vitória pessoal de Dado

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POR GERSON NOGUEIRA

Contra todas as probabilidades, depois de perder o Parazão para o maior rival sofrendo quatro derrotas em clássicos, o Papão renasceu como Fênix para confirmar a tradição copeira e reconquistar a glória de campeão apenas 40 dias depois da decepção no estadual. O título da Copa Verde ganho ontem, após empate (1 a 1) com o Atlético-ES, é acima de tudo o triunfo da reabilitação bicolor. Bem verdade que o jogo final foi confuso, cheio de erros e surpreendentemente nervoso.

Mesmo contra um adversário limitadíssimo, que errava até jogadas simples, o Papão encontrava dificuldades para chegar à área adversária. A torcida incentivava, mas o time não deslanchava. Acabou sofrendo o gol no fim do primeiro e só foi encontrar a igualdade aos 28 minutos do tempo final.

A partir daí, o nervosismo se dissipou e o time se dedicou a administrar a partida até a explosão final, para os merecidos festejos pelo bicampeonato.

No fundo, apesar de Cassiano ter sido o destaque em campo, marcando nove gols, a conquista tem um responsável indiscutível: o técnico Dado Cavalcanti, que amargou críticas pesadas, mas teve serenidade e frieza para apostar na retomada do planejamento traçado para o primeiro semestre.

Dado começou a articular um sistema com três zagueiros na semifinal do Estadual. Diante dos problemas no meio-campo e nas laterais, o técnico insistiu com a ideia na Copa Verde. Deu certo. O time conquistou a vaga de finalista dentro da Arena da Amazônia contra o Manaus. Exagerou um pouco, usando quatro defensores, mas obteve o que pretendia.

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A salvo da depressão pós-Parazão, engatou uma sequência vitoriosa na Série B, ganhando da Ponte Preta em Campinas e vencendo depois, em casa, Brasil e Londrina. A série invicta se completou com os empates frente a Sampaio Corrêa e Juventude, fora de casa.

Em meio a isso, abriu a disputa pelo título da Copa Verde com vitória categórica sobre o Atlético-ES, em Cariacica. Com isso, voltou a merecer o carinho e o respeito da torcida, culminando com a festa monumental de ontem à noite no estádio Jornalista Edgar Proença.

Os jogadores, donos do espetáculo, têm conexão maior com o torcedor, mas o técnico não fica atrás em prestígio e popularidade. Dado teve seu nome gritado nas arquibancadas, como se fizesse gol. Sela com isso sua identificação com o clube.

Além da importância natural de um título em competição da CBF, o bicampeonato da CV proporciona ao PSC ganhos expressivos no aspecto financeiro. O prêmio pelo título é mixuruca, R$ 168 mil apenas, mas o clube embolsa R$ 2,4 milhões em bônus pela classificação direta às oitavas de final da Copa do Brasil 2019.

Junte-se a isso o montante proporcionado pelas rendas – a de ontem, na faixa de R$ 1,2 milhão, e a do jogo como mandante das oitavas da Copa BR no próximo ano, que deve chegar ao mesmo valor. Sem dúvida, o Papão já pode festejar o mais lucrativo semestre dos últimos dez anos.

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Coronel promete ampliar e internacionalizar a Copa Verde

Em entrevista pós-jogo, com a medalha de campeão no pescoço, o presidente da CBF, Antonio Carlos Nunes, disse pouco sobre a prometida internacionalização da Copa Verde. Garantiu que o SBT procurou a entidade para transmitir a Copa Verde, o que daria sobrevida ao deficitário torneio. Sem dar informações concretas sobre a próxima edição, afiançou que o torneio vai continuar.

“Quem diz que a Copa vai acabar é quem torce contra o futebol do Pará”, bradou Nunes, no estilo palanqueiro de sempre, dirigindo-se aos críticos. Sem assegurar nada, disse também que a CV 2019 pode envolver acordo com a Itaipu Binacional, especulação surgida há duas semanas. Nesse modelo, haveria a participação de clubes do Paraná e do Paraguai.

Em seguida, sob os aplausos da torcida alviceleste, o coronel curtiu a festa na condição de poderoso chefão (interino) da CBF, dividindo as honras com os bicampeões da competição interestadual. Risonho, prometeu até trazer a Taça da Fifa para exibir no Mangueirão, caso a Seleção de Tite consiga ganhar o hexa na Rússia.

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Luta por justiça social ganha adesão de Renato Gaúcho

O Brasil sempre a nos surpreender. Anteontem à noite, em Monagas, o Grêmio arrancou uma vitória bem ao seu estilo. Abriu o placar, sofreu o empate nos acréscimos e ainda encontrou forças para desempatar com um penal sofrido por Cícero.

O que surpreendeu mesmo foi a manifestação de Renato Gaúcho, preocupado com justiça social e direitos humanos¿ Sentiu-se mal, segundo suas palavras, com a miséria nas ruas. Na Venezuela. Aqui no Brasil a desigualdade está diante de todos, há décadas, mas nunca mereceu um comentário sequer do subitamente engajado treinador gremista.

Renato teve que ir ao país vizinho para descobrir o quanto a vida pode ser inclemente com os que precisam implorar por um prato de comida, sobrevivem com migalhas e muitas vezes não têm onde dormir. Convenhamos, o vitorioso comandante gremista não precisava ir tão longe.

A qualquer cidadão basta peregrinar pelas grandes cidades brasileiras. A cada esquina, é possível encontrar hoje pelo menos quatro pedintes assumidos ou disfarçados – os que vendem miçangas, frutas e balas de hortelã ou fazem malabarismos embaixo do semáforo.

De todo modo, é bom considerar que a transformação é positiva. Antes tarde do que nunca. Quando um “cidadão de bem” se conscientiza da miséria que há no mundo, mesmo que só veja isso na Venezuela, é sempre um sinal de avanço.

(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 17)