
Relato passado ao blog pelo amigo Ronaldo Passarinho, um dos baluartes mais ilustres deste espaço, acerca de sua convivência com os dois Paulos Fonteles, o pai assassinado em 1987 e o filho morto nesta quinta-feira. Com o pai, Ronaldo trocou ideias e argumentos em embates memoráveis na Assembleia Legislativa, nos idos de 1980. Como repórter (à época em O Liberal), cobria o Legislativo e acompanhei de perto a atuação de ambos.

“Paulo, pai, e eu debatemo dezenas de vezes na tribuna da Assembleia Legislativa e nas universidades. Ao sair da Alepa, em discurso emocionado em aparte, disse-lhe:
– V. Exa. via em mim a própria figura do anticristo da direita e eu V. Exa. o demônio vermelho. Vejo, agora, que vermelho continua, mas não tão demônio.
Paulo, em resposta ao meu aparte:
– Tive o imenso prazer, inúmeras vezes, de ter debatido com o ilustre deputado Ronaldo Passarinho, que me obrigou a rever certos conceitos, aprofundar-me no estudo de certas conceituações para que pudesse enfrentá-lo corretamente no debate, disse o ‘vermelho’.
Foi o maior elogio que recebi em minha vida parlamentar. Quem conheceu Paulo, sabe que ele não fazia concessões a ninguém. Paulo e eu exercitamos a convivência entre contrários, defendendo com ardor nossas crenças doutrinárias e ideológicas mantendo a amizade e a cordialidade.
O trecho que citei está reproduzido no livro ‘Contido a Bala’, de Luís Maklouf Carvalho, página 379.
Paulinho, seu filho, morto hoje, acompanhava o pai e tinha carinho comigo nos muitos encontros que tivemos após a criminosa e brutal tragédia que matou seu pai.
Paz à sua alma”.