A morte do reitor e o “Dossiê Auler”

dossiecancellier

POR FERNANDO BRITO, no Tijolaço

Neste país de “justiceiros”, até agora, só se tem notícia de uma investigação séria e aprofundada sobre os episódios que levaram á trágica morte do reitor da Universidade de Santa Catarina.

Note-se que estamos tratando de uma vida humana e não de um pedalinho ou um aluguel de apartamento, estes objetos de insistentes, teimosas e obsessivas apurações, às quais se dá prazos curtos, curtíssimose rigor implacável.

Tudo o que se viu, até agora, foi uma abjeta nota das associações de delegados federais, procuradores e juízes garantindo, sem examinar os fatos, que tudo foi normal, legal e que criticar o que aconteceu seria “manipular a opinião pública”.

Vê-se, portanto que – embora alguns de seus integrantes posam ter posição diferentes – as corporações acham que tudo está muito bem e não precisa ser analisado, mesmo tendo um corpo desfigurado, estatelado no chão frio de um shopping movimentado.

Disse, porém, que só há uma investigação séria e aprofundada sobre o caso porque o incansável Marcelo Auler  publica hoje um longo e detalhado relato nos fatos e circunstâncias que envolveram a Operação Ouvidos Moucos, as “prisões urgentes” que dormiram mais de 70 dias na gaveta, as mobilização de tropas em larga escala – 105 policiais –  para prender meia-dúzia de pacatos professores universitários e as ordens de de “pende, dá uma arrochada e se não render, solta”.

Vejam que espetáculo: quase dezoito policiais fortemente armados, muitos mandados vir de outros estados para prender para cada um dos professores de meia idade, armados, no máximo, de uma caneta ou um bastão de giz.

Se ainda houvesse jornais neste país, dispostos a dar a Marcelo Auler as condições e um equipe para trabalhar no caso, não tenho dúvidas que que teríamos uma das mais importantes reportagens do ano em confecção.

Leia o texto no Blog do Auler, que faz, sozinho, o que grandes jornais não são capazes de fazer. Ou melhor, capazes, são. Só não tem tanto amor ao jornalismo e à verdade quanto ele.

2 comentários em “A morte do reitor e o “Dossiê Auler”

  1. A VIDA, que sempre morre, QUE SE PERDE EM QUE SE PERCA?
    Palavras duras da tragédia, em Antigona a mãe sofredora com a perda seguida dos filhos nas guerras gregas.
    E parece caber feito luva, em tempus bicudus, fascistas, irreais pra maioria que os viveu antes.
    E pergunto sem responder a pergunta da heroína: o que fazer quando morrer parece mesmo ser o caminho.
    E tento responder perguntando: renascer FÊNIX?! Das cinzas? Sim, parece mesmo o que resta. Deiexar o fascismo queimar tudo, para então e só então, juntar pedaços, cinzas, acumulá-los, queima-los mais uma vez em pira única.
    E daí olhar, esperar que na fumaça se forme um novo corpo, uma nova consciência, um novo olhar pro que restou abaixo.
    É isso!
    Anexo clip com um poema magicamente desesperançado, de Fátima Guedes, belissimamente narrado pelo igualmente belo Djavan. Penso que faz sentido. https://youtu.be/2UheWo5bOHM

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